Capítulo 36

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Meredith o encarou, deitada em cima do peito dele, suados e satisfeitos depois de uma noite um tanto quanto agitada. Depois de saírem do parque de diversões, cheios de refrigerante barato, cachorros quentes e algodões doces, e claramente depois de centenas de jogos perdidos naquelas maquinas ladras, resolveram voltar pra casa. Lexie de uma maneira bem gentil, que Meredith interpretou ser a nítida vontade de ficar mais próxima de Mark, se ofereceu para assistir um filme com Henry para que eles pudessem ter um momento a sós. Bom, esse momento a sós só pôde resultar em uma coisa.

Os dedos dele faziam um carinho leve na base da coluna dela, indo da nuca e deslizando sem compromisso pela espinha dorsal. Era relaxante, estar ali deitado com ela em seus braços, um sentimento que ele não experimentava há um tempo consideravelmente longo.

O silêncio  pós sexo pode na maioria das vezes ser incomodo, porém, em alguns poucos casos, como esse, esse silêncio era reconfortante, trazia um sentimento de satisfação. Meredith nunca tinha experimentado esse lado da transa, sempre era rápido, inquieto e quase sempre saia insatisfeita. Mas ali, deitada no peito dele, sentindo de perto o cheiro do suor recente que ainda escorria pela pele levemente bronzeada. Pela primeira vez na vida, com uma pessoa real, ela não quis fugir, e até o dado momento ela não tinha feito nada pra sabotar o relacionamento deles. Estava tudo correndo bem, eles tinham uma boa conexão, ela amava Henry com todo coração, nada podia dar errado. Nada.

~ Meus pais querem conhecer você.

Ok, talvez alguma coisa podia dar errado. Pais? Eles já estavam nessa fase? Ela não fazia ideia, nunca chegava nessa fase, pois antes de chegar nessa fase ela chutava a bunda de qualquer um. Tinha Andrew, mas ele não contava, ela conhecia os pais dele desde sempre.

Ela podia fingir que estava dormindo. Não, ela iria enfrentar isso. Iria encarar essa coisa.

Meredith se apoiou no peito dele, para que seus olhos pudessem olhar os deles.

~ Não me dou bem com pais. ~ Ele a olhou como se duvidasse. ~É serio! Eu não me dou bem nem com os meus pais.

Ele riu, acariciando os cabelos dourados. Ele parecia não levar a serio o que ela estava falando.

~É um jantar, não um encontro com a rainha. Você não precisa ir se não quiser.~ Ele não falou bravo ou chateado, ele realmente apresentando a possibilidade dela não ir. Isso era novo pra ela,quer dizer, ela nunca teve a opção de não ir a um lugar em qualquer um dos seus antigos relacionamentos.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos breves.

~Eu vou.

~ Serio?

~Sim, vou conhecer sua mãe, seu pai, suas irmãs, conheço até seu cachorro se deixar.

Ele sorriu, ela ia. Conheceria seus pais e suas irmãs, tornaria isso de alguma forma real.

~Eu não vou retribuir o convite, por amor a você. Você iria odiar cada segundo perto da minha mãe.

~Eu não sei, talvez viraríamos grandes amigos.

Meredith gargalhou alto.

~ Você e minha mãe?~ Ele concordou com a cabeça.~ Ellis Grey é uma rainha má, sabe aquela da Branca de Neve e Aurora? Então, ela é assim. Ela nem iria em um jantar que não favorecesse os objetivos políticos dela.

~ Isso parece cruel.

~Isso é Ellis Grey.

(...)

~ Esse vestido é um vestido que diz: eu quero fazer seu filho o homem mais feliz do mundo?

Lexie olhou por cima do livro a peça de roupa que a irmã segurava nervosa.

~Não, diz: me pague uma dose de Tequila e me deixe cavalgar a noite toda.

Meredith suspirou, olhou novamente pro seu armário, não fazia ideia do que vestir. Não queria parecer vulgar, ou o tipo de mulher que só quer se aproveitar do filho deles e depois vazar. Pela primeira vez na vida ela queria causar uma boa impressão em alguém, e somente a possibilidade da família de Derek não gostar dela, fazia seu estomago revirar. Ela podia conviver com o fato de seus pais não irem com a cara dela, e ela de certa forma compreendia isso. Agora, a mera possibilidade dos pais de seu namorado não irem com a cara dela, a apavorou. Talvez por não ter passado por isso antes. Ou por ter certeza que a família de Derek era aquela típica família norte americana, que fazem churrasco todo feriado de 4 de junho, que penduram bandeirinhas americanas nas janelas. O tipo de família que se reúne pra ir ver a apresentação de balé da sobrinha caçula desengonçada. O tipo de família que Meredith nunca fez parte. E era isso que dava medo nela.

O não saber como agir. Quando se tem uma família como a dela, onde quase nunca é ouvido um: " Eu te amo", todas as outras famílias são estranhas e bobas. A única pessoa que Meredith se lembrava de ter dito eu te amo, foi Lexie, e mesmo assim não dizia com frequência. Talvez ela devesse fazer isso mais vezes.

~ Tá certo, essa é a minha última.  opção.

~Mer, você é uma professora de jardim de infância, tudo no seu guarda roupas é uma opção.~ Lexie disse se levantando da cama da irmã.

~ E se eles não gostarem de mim? E se acharem que eu sou uma má influência pro Henry?~Lexie agarrou a irmã pelos ombros e a virou para encarar o espelho.

~Eles não vão odiar você, porque ninguém é capaz de odiar você. Você é gata, Henry é apaixonado por você e a senhorita está fazendo o idiota do Derek feliz, tem como ser melhor que isso? Você é a melhor nora que eles poderiam pedir, então pega a merda de um vestido e vai arrasar.

Meredith riu um pouco, e olhou a irmã pelo reflexo do espelho.

~Eu te amo.

Lexie sorriu de canto e beijou a bochecha dela.

~Eu também te amo sua  chata. Agora anda! Daqui a pouco seu namorado idiota aparece.

A ProfessoraOnde histórias criam vida. Descubra agora