Katherine Ricci
A adolescência e todas as suas experiências tinham sido cruéis demais comigo, eu sempre fui uma garota fora dos padrões das capas de revistas e do corpo super magro que as estampavam. Cada centímetro meu era delineado por curvas grandes e com gorduras bem aparentes, no meu auge dos tão sonhados quinze anos mal consegui usar um vestido rodado pois tinha medo dos comentários terríveis que receberia das senhoras da máfia, incluindo a minha avó paterna. Ser uma garota GG não era fácil e me auto aceitar não era algo que acontecia do dia para a noite, deve-se ter muito trabalho e um bom psicólogo para blindar qualquer recaída que nos deixe para baixo.
Mas em determinado momento da minha vida, não sei bem quando, eu decidi não ligar para essas opiniões maldosas. Eu simplesmente comecei a vestir o que queria, gostava e que me fizesse sentir bem comigo mesma. Parei de ligar para os comentários de Elisea e de Bianca, e principalmente não me permitir chorar a nenhum deles. E por fim, quis viver como qualquer outra jovem sem me importar com o número do meu manequim.
Olhava-me pela quinta ou talvez décima vez no espelho, a indecisão sobre a roupa que deveria usar para a festa pairava em minha cabeça. Há alguns anos nem se quer ousaria a passar em frente ao espelho, mas eu havia aprendido que ele se tornara o meu melhor amigo e confidente. O fato era que pertencer a uma família mafiosa não era de todo glamouroso, entretanto surgiam momentos que era necessários um sorriso no rosto e um belo vestido para representar a famiglia.
E esse era um desses momentos.
Depois de muita luta decidi-me por um vestido rosa totalmente justo e com uma fenda magnífica nas coxas, é talvez eu mataria papai do coração e ainda levaria um belo puxão de orelha da nonna. Mas não me importava com Elisea, de um jeito ou de outra ela arranjaria um motivo para poder me incomodar e destilar o seu veneno. Pois acima de tudo, eu não era a neta preferida e nem se quer fazia questão de ser.
– Você está linda, meu amor.
Mamãe era a única pessoa que sempre esteve ali para levantar a minha auto estima e me falar o quanto eu era incrível, eu devia muito a ela, principalmente por todas as vezes que somente ela conseguiu me acalmar e enxugar todas as lágrimas de tristeza. Nós tínhamos um vínculo forte, uma relação de confiança e carinho inabalável. E eu sabia que sempre poderia contar com ela, para absolutamente tudo.
– Só posso ter puxado a você.- Sorri em sua direção.
E não estava exagerando.
Paola Johnson era uma mulher e tanto, extremamente bonita e sexy. E os anos que se passaram não conseguiram apagar essa beleza gritante que possuía. Eu era abençoada por ter puxado cada traço seu e mais abençoada ainda por ter sua personalidade incrível. Papai tinha sorte por tê-la ao lado e qualquer um podia ver o quanto eles eram apaixonados um pelo outro.
– Seu pai irá infartar, isso é certo.- Mamãe brincou e eu acompanhei.
As mulheres Ricci eram belíssimas.
– Agora vamos querida, sua irmã está pronta e seu pai está nos esperando.
Após essa deixa apenas peguei minha bolsa e desci logo atrás de mamãe, quando descemos a escada de casa pude ver os olhos do meu pai brilhando para a bela esposa que ele tinha, era inegável toda a devoção. Bianca não poderia estar diferente do habitual, com um vestido engomado e maquiagem impecável, ela poderia ser a próxima sósia da Barbie naturalmente. Éramos gêmeas, mas totalmente diferentes em aparência e gênio.
- Achei que teria que esperar a próxima semana de moda até que a bonita estivesse pronta.- Bianca não poderia deixar passar.
Como qualquer outra relação de irmãs saudável existia as brigas, provocações e às vezes até alguns tapas sem perder a irmandade no final.
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Duas Metades - Leis da Máfia ( Livro ĪV)
Romance4ª lei - Não desrespeitar sua mulher. Katherine Ricci é fora dos padrões, desengonçada e totalmente apaixonante. Henrique Bertholdi não quer ser um mafioso, comprometido com a irmã errada, sendo o típico galã de novela. E por último Bianca Ric...