10. Controle

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Katherine Ricci

  Talvez fosse o milésimo croqui que jogava fora sem pestanejar, as ideias simplesmente não vinham em minha mente, não quando a mesma estava ocupada de pensamentos turbulentos e perguntas que não tinham respostas. O silêncio após toda a conversa tida com Lorenzo e papai ainda reinava, eu não havia visto Henrique após isso e tudo parecia um martírio sem fim. Estava acuada como nunca estive em toda a minha vida, desesperada por algo que não poderia controlar e sem perspectiva alguma de obter um bom resultado.

Estava sendo vigiada 24 horas por dia, tinha um segurança que andava como um cão de guarda infernal e ainda tinha que ouvir Bianca a cada 5 minutos reclamando de algo sobre o casamento. Ela parecia mais irritada que o normal e se não estava enganada tudo piorou com Alejandro surgindo na sua cola. Papai parecia um comandante furioso em ordenar e proteger sua tripulação, as coisas na Nostra Onore pareciam terríveis. Boatos de uma guerra dentro da famiglia circulavam a cada canto, o que não era nada animador.

Ter guerra com o inimigo era péssimo, mas com a famiglia era mil vezes pior.

– Não acredito que está enfurnada nesse quarto com um sol fantástico desse lá fora.- Stella simplesmente irradiava animação por onde passava, era inegável.

– Estamos em guerra, Stella.- Relembrei.

– Bobagem.- Revirou os olhos. – Nada que Lorenzo Bertholdi não possa resolver, é assim que tem que ser minha amiga.- Ela parou em minha frente pronta para me arrastar se fosse necessário.

– Você fala como se tudo fosse simples.

– E é, nada que um tiro na testa não resolva.- Ela lixou as unhas como se o que a mesma falava fosse uma receita açucarada.

Estar na presença de Stella Bertholdi era sinônimo para rir a cada instante, ela sabia exatamente como me deixar bem em poucos segundos. E eu amava todo o seu jeito único de ser, não era a toa que a mesma era minha melhor amiga desde a nossa infância.

– Marquei um dia digno de princesa no spa e não aceito recusas.- Stella já jogava um dos meus vestidos em mim.

Eu estava em péssimo estado, pijama não era o melhor look para sair de casa, não quando você apenas queria sair de uma bad existencial nada boa.

– Algum dia eu recusei algo vindo de você?- Questionei-a sorrindo.

E já trocando de roupa, talvez me cuidar me ajudasse em alguma coisa. Ao menos na minha cabeça confusa isso fazia total sentido.

[...]

Bianca Ricci

  Qualquer que fosse o preparativo necessário para o casamento não seria feito no dia de hoje, as coisas estavam um caos e sabia que minha querida irmã tinha o corpo inteiro metido nessa história. Estava explodindo com todo o estresse da organização, desejava correr com tudo e ao mesmo tempo apenas fugir de cada pergunta relacionada a qual tipo de flor eu preferia. Os dias não estavam fáceis para mim e para piorar tinha a nonna em meu calcanhar a cada passo que dava, Elisea não me dava descanso e insistia a me atormentar com o mínimo detalhe.

– Querida, noivas devem ser elegantes e não ter esse comportamento leviano.- Ela me falava aquilo a cada minuto, a sua pompa e "elegância" do século passado me estressava de forma profunda.

– Estou apenas comendo uma rosquinha, nonna.- Sorri minimamente.

Elisea simplesmente ignorou qualquer coisa que falei e arrancou de minhas mãos a rosquinha, era a única coisa que havia conseguido colocar na boca depois de horas. Durante todo o dia não havia tido
tempo para nada e muito menos para ter uma refeição descente, minha barriga chegava a se revirar.

– Desse jeito vai ficar tão grande igual a sua irmã.- A crítica era nítida em cada palavra de Elisea.

Ela fazia questão de menosprezar e falar absurdos como esse a cada instante, não somente voltados a Katherine como a mim mesma. Eu relevava todas as vezes, mas talvez a irritação juntamente com a fome me fez ter um surto de coragem e despejar tudo que ela merecia ouvir por todos esses anos.

– Se eu ficar igual a minha irmã ficarei linda, você já parou para notar o quão bonita é a sua neta?- Perguntei com indignação. – E o quanto ela é superior a você por toda a educação que ela tem em não te escorraçar por tudo que você fala.- Peguei minha rosquinha novamente e sai em um rompante.

Definitivamente Elisea Ricci sabia como tirar alguém do sério e hoje ela não havia me pegado em um dia bom. Mesmo que quisesse ficar sozinha, Alejandro ficava no meu cangote como um cão de guarda e nem poderia aproveitar o corpo moreno. Era uma grande injustiça, em nada me ajudava ter aquele homem grande perto de mim todo tempo, era como se já não conseguisse mais raciocinar.

– Você quer se afastar um pouco?- Virei em um rompante quase batendo no grande homem que me perseguia.

Ele me olhou sério e não se afastou nem um centímetro se quer, muito menos disse algo.

– Qual é a tua, hein?- Encarei-o.

Não sabia nem o que estava fazendo, mas eu precisava surtar um pouco.

Ele ainda me olhava calado como se qualquer coisa que eu fizesse não fosse nada e isso me irritava profundamente.

– Estou tão carente que estou falando até com o segurança, que patético.- Bufei e me afastei.

Porém senti meu pulso ser segurado e o meu corpo virar rapidamente em direção a Alejandro. Estávamos tão perto que podia sentir sua respiração perto demais contra o meu rosto, era fácil demais me perder no olhar quente que o belo homem tinha.

– Você não pode sair daqui.- Alejandro falou com toda autoridade.

– E quem vai me impedir?

– Eu se necessário, ordens do seu pai.- Ele respondeu.

– Papai nunca conseguiu me controlar, não será agora que ele conseguirá.- Ri alto.

E já ia indo, mas senti meus pés saindo do chão enquanto Alejandro me carregava como um saco de batatas insignificante.

– Me solta, idiota.- Esbravejei alto.

Mas de nada adiantou, fui ignorada e levada para onde tinha fugido. A marcação cerrada era grande e esse homem não deixaria eu escapar de jeito nenhum. E eu odiava ser controlada dessa forma, nunca havia obedecido essas malditas regras não seria agora que começaria.

Sempre fiz o que queria e na hora que quisesse.

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Teremos muita ação vindo nos próximos capítulos, aguardem.

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Duas Metades - Leis da Máfia ( Livro ĪV) Onde histórias criam vida. Descubra agora