10 - Seja sincera comigo, Cosima.

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POV Delphine Cormier.

Qualquer pessoa que escuta um tiro, involuntariamente se abaixa, em sua própria defesa, por medo instantâneo. Mas naquele momento senti apenas o corpo estremecer, não consegui tirar os olhos de Cosima do outro lado da rua, que para o meu alívio estava em pé, viva. Sem nenhum arranhão.

Senti meu coração saltar pela boca, a adrenalina que invadiu meu corpo me movia. Foi o que me levou para fora do carro, correndo em sua direção. Grave erro, ainda assim o bandido, reconhecendo que eu estava em defesa dela a tomou para si, encurralando seu pescoço em suas mãos e ameaçando com uma arma na cabeça.

- Calma! Isso não precisa acontecer. Por favor. Solta ela, eu dou o que você quiser, só solta ela. - tentei pacifidade, embora meu coração estivesse mais acelerado do que nunca e minha mente só consegue pensar na proteção de Cosima, em tê-la em meus braços.

- E o que você tem pra me dar? - sorriu de um jeito asqueroso. - Você não tem nada! - ele gritou parecendo alucinar com seus próprios demônios internos.

- Meu carro! Leva! Ele é seu. Vale muito dinheiro, agora solta ela por favor. - senti meus olhos aguarem por  ver Cosima chorando como refém nas mãos daquele bandido, seu desespero, seu choro.

O bandido deve ter pensado duas vezes antes de solta-la mas o fez e saiu deixando a morena no chão, e apontando a arma para mim, até adentrar o carro e sair em disparada.

- Cosima! - corri até a morena, que chorava ainda sentada no chão, desesperada. - Meu amor, me desculpe. - beijei seu rosto a tomando em meus braços - Pardon! Pardon ma belle! - aconcheguei a morena em meu abraço, ainda que sentadas no chão naquele beco a meia luz, onde o desespero tomava conta de ambas, o medo, o pavor.

Aquele tiro podia ter sido fatal, eu poderia estar agora mesmo sentada em uma poça de sangue de Cosima, lamentando uma tragédia, mas felizmente não foi o que aconteceu.

- Cosima. - analisei seu rosto, seu choro, seu desespero silencioso, era estranho e compreensível ao mesmo tempo seu estado de choque, seu pavor, a confusão por tudo acontecer tão rápido. - Vamos pra casa, eu vou te levar pra casa. Vou te levar pra casa meu amor - notei que o meu desespero era ainda maior que o dela, e embora agora estivéssemos mais seguras por ter uma a outra, ainda estávamos sozinhas em um beco escuro.

Pelo menos até Félix chegar até nós depois de correr mais de três quarteirões, percebi pela sua respiração ofegante.

- Cosima! - ofegou relaxando os ombros - Ai. Francesa. Graças a Deus! Eu ouvi um disparo.

- Está tudo bem. - ressaltei de imediato - Precisamos levar ela pra casa. Pra minha casa. Você pode pegar o seu carro?

- Claro, eu vou e volto logo. - checou a prima mais uma vez de perto e então saiu novamente correndo, para sairmos o quanto antes daquele lugar, no qual Niehaus e eu com certeza estávamos traumatizadas depois de hoje.

Assim que Félix chegou, foi um pouco difícil colocar Cosima no carro, ela estava estagnada, em estado de choque, e depois parecia fazer tudo de forma automática. Desde o banho até colocá-la na cama, sem uma palavra sequer dirigida a mim.

Era um estado tão submerso que me culpei por horas a fio vendo ela dormir, coisa esta que ela não demorou a fazer, a julgar pelo cansaço, ele a venceu assim que ela deitou na cama.

Abracei seu corpo quente, beijando seu rosto de forma carinhosa, deixando ela o mais confortável possível em minha cama, as luzes apagadas e apenas um abajur aceso caso ela acordasse no meio da noite assustada por não saber onde está.

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