11 - Ela não te contou?

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POV Cosima Niehaus.

Pra quem tem a vida ativa, ficar parada do nada sem poder trabalhar é uma sensação tenebrosa de impotência. E como peguei quase vinte dias de atestado, tudo o que me resta é repousar em casa. Por sorte ainda consigo mexer no computador e esse tempo todo livre me dá vantagem pra adiantar muita coisa da faculdade e surpreender minha superior na com aulas dadas de forma mais didática com os alunos.

Minha vida acadêmica e financeira estavam resolvidas, pelo menos por um tempo, e creio que aquilo aconteceu só pra minha cabeça ter um mínimo de paz, já que eu estava a beira do um colapso.

É nessas horas que eu lembro do que minha mãe diz "Deus escreve certo por linhas tortas" e as vezes é só ler nas entrelinhas pra perceber o quanto ele faz por nós mesmo.

E por falar em Siobhan Sadler, ouço meu celular vibrando em cima da mesinha, estico o braço até ali e vendo o contato atendo no terceiro toque.

- Oi mãe! - tentei um pouco de empolgação.

- Oi filha! Que saudade de você.

- Nem me fale mãe, quero ver se consigo ir pra Lyon ainda esse fim de semana e ficar aí com você e a Charlotte.

- Tenho certeza que vamos adorar, a Charlotte não para de falar de você ou dos livros que você deixou pra ela ler - ela riu através do telefone e escutei Charlotte resmungar, provavelmente porque minha mãe apertou sua bochecha como ela não gosta. - Fala com a sua irmã. - escutei alguns barulhos do outro lado da linha e permaneci aguardando.

- Oi Cos.

- Ei. Char. Como você tá?

- Bem. - respondeu seca, suspirando - Quando você vem pra cá? - perguntou impaciente.

- Vou tentar no fim de semana, prometo.

- Queria você morando aqui com a gente.

- É eu sei, mas você sabe que as circunstâncias não permitem agora. E que está funcionando do jeito que estamos fazendo.

- Eu sei - bufou em concordância, mesmo que não gostando muito da idéia. - Eu vou voltar a ler, estou lendo para um trabalho de literatura da escola.

- Tudo bem, Anne com 'E'. - brinquei sorrindo mais relaxada, mentalizando que Charlotte fazia o mesmo.

- Você sabe que é uma honra ser comparada a ela, né?

- É claro que sim, isso é um elogio.

- Ótimo Srta.Lovegood. - outra das nossas referências internas e sorri esperando que ela voltasse o celular para minha mãe mas não antes de dizer - Eu te amo, Cos.

- Eu também te amo, Char. - e sendo assim a ligação retornou para minha mãe.

- Tente ligar mais vezes, ela fica tão feliz quando você liga, o humor dela melhora.

- Eu sei, vou conseguir fazer isso agora. - pensei no meu tempo livre - Fim de semana estarei aí está bem?

- Vai ser ótimo filha.

- Vai sim mãe, com certeza. - sorri oculto - Preciso ir, fiquem bem ok? Tranquem bem a casa.

- Você também filha.

- Eu amo você mãe.

- Também amo você filha.

Desligando o celular encarei o teto por um tempo, pensando em como queria que as coisas fossem só um pouquinho diferentes, como um capital de maior quantidade já faria uma diferença sem igual na minha vida, e que eu pudesse ao menos ajudar minha mãe.

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