🍂Capítulo 8: O Amor da Vida e da Morte🍂

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Uma vez eu ouvi uma expressão curiosa. Não me lembro onde foi exatamente, ou quando, mas lembro que escutei alguém falando: " Precisamos falar do elefante na sala."

Eu com certeza não entendi bulhufas do que aquilo significava. Não até então.

Percebi que essa expressão normalmente quer dizer que quando em meio de tantas coisas há um problema principal que deve ser discutido depressa.

Por exemplo: Alguém chega em casa e vê uma bagunça desatrosa, mas com algo incomum. Há quadros quebrados, o chão está coberto de sujeira e também há canos vazando. Entretanto, há um elefante no meio de tudo aquilo. Aquele bicho enorme que a pessoa não tem a mínima ideia de como foi parar ali.

Obviamente ela ignora os quadros quebrados, canos vazando, chão sujo e todos os outros incovenientes, e se concentra em tirar o elefante de sua sala para só depois resolver seus outros problemas.

Imagino que foi essa expressão em particular que refletiu a sensação que meu pai deve ter sentido quando percebeu que eu fugi.

Ele deve ter visto a bagunça de meu quarto e a ignorado, mesmo tendo uma certa mania de limpeza, pois naquele momento seu filho havia fugido.

Eu sabia que ele já devia ter notado meu sumiço àquela hora, e que provavelmente já devia ter mandado pessoas atrás de mim.

Mas não iria ter medo, ou voltar pra casa como um filho prodígo. Eu iria adiante com Changbin, e nada me impediria.

Depois do longo abraço, que me aqueceu como uma lareira aquece uma família de nobres, Changbin resolveu me levar para sua casa para que eu morasse com ele até a poeira baixar.

No início fiquei inseguro com a ideia por três pontos.

Primeiro: eu ficaria vendado por muito tempo se fosse viver com ele e respeitasse essa regra de ter um tecido entre nós.

Segundo: Eu ainda estava desconfiado dele pelos rumores que escutei. Eu o amava muito, e tentava não acreditar, mas era como se algo me dissesse pra correr.

Bem...E terceiro: Meu pai. Eu sabia que ele iria mandar os guardas e criados a minha procura, e se ele me observou com Changbin significa que pode saber onde ele mora.

Tudo isso rodava minha mente enquanto Changbin me carregava nas costas até sua casa. Eu não podia ver nada graças a venda, mas escutava o barulho de folhas secas e julgava pelo cheiro de erva-doce que estávamos no bosque, e não muito longe de seu lar.

- Já chegamos? - perguntei quando Changbin pareceu se abaixar pra colocar meus pés no chão.

- Sim - ele suspirou ofegante pela longa caminhada. - Chegamos, Félix.

Senti uma pontada ao ouvir meu nome. Eu sabia que só fazia no máximo 24 horas desde que nos declaramos um pro outro, mas gostaria de ouví-lo me chamando com algum apelido que costumava ouvir de outros casais. " Amor ", " Lindo ", " Querido " , qualquer coisa que demonstrasse mais afeto. Afinal, eu não era apenas " Félix " para ele.

Changbin segurou minhas mãos e com passos cautelosos entramos na casa, onde senti, pela vibração do chão, que era de madeira. Provavelmente estávamos em alguma cabana escondida na floresta.

- Bem, eu vou preparar um banho pra você... - Changbin falou me sentando em algo macio que me pareceu uma poltrona. - Você parece cansado.

- Eu confesso que estou exausto - disse suspirando. - Mas você não precisa preparar meu banho. Eu mesmo faço isso. Afinal, não sou uma criança e você não é meu empregado.

Voice Behind The Door | a changlix shortfic [Dark Stories of Love: story 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora