Voice Behind The Door | a changlix shortfic [Dark Stories of Love: story 2]

🍂 Capítulo 9: O Solitário do Bosque 🍂

      Quando o dia amanheceu percebi que Changbin ainda estava abraçando meu corpo. Ele estava acordado e parecia pensativo. Eu fingi estar dormindo ali enquanto minha cabeça deitada em seu peito ainda ouvia as batidas de seu coração. E, de vez em quando, eu olhava sorrateiramente para Changbin e percebia seu olhar distante.

            As marcas da queimadura quase fatal no seu rosto, agora com a luz do sol iluminando sua pele, pareciam ainda mais severas.

             Lembro que durante nossa noite de amor estávamos a quase todo momento encarando nossos olhos e procurando manter aquela ligação, como se fazendo aquilo pudéssemos conversar através dos nossos olhares.  Durante esse tempo eu me distraí mais com a beleza do seu olhar e não reparei tanto assim nas consideradas imperfeições de seu rosto. Agora, as vendo de tão perto, percebi que aquilo não poderia ter sido um simples acidente.

             Minha mente como algo natural logo se encheu de perguntas. O que havia acontecido pra que ele ficasse assim? E quando estava pensando sobre qual seria a razão pra o rosto de Changbin ter se tornado o que se tornou, ele olhou para mim e percebeu meus olhos curiosos o encarando com a atenção de um leitor tentando decifrar o enigma de um livro.

                 Um sorriso meio melancólico consumiu seus lábios e com carinho ele acariciou meus cabelos.

                 — Bom dia, lindo — falou ele com a voz carinhosa em um tom suave. — Dormiu bem? Você parecia preocupado ontem no meio da noite.

                  — Ah... Eu só tive um pesadelo — disse me sentando na cama com o olhar baixo me lembrando dos fragmentos da figura estranha e de sua seringa suja no meu sonho. — Foi esquisito.

                 — Quer me falar o que houve? — Changbin se sentou ao meu lado e acariciou meu ombro. — Você parecia bem perturbado — apertei os olhos com uma dor de cabeça repentina e um enjôo. — Está sentindo alguma coisa?

            Minha mente realmente parecia se revirar do avesso. Pensar no pesadelo fez as imagens e sensações se embaralharem e ficarem confusas e distorcidas. Eu ouvia a voz de Changbin como um ruído distante e minha cabeça pareceu doer ainda mais quando uma náusea fez meu corpo se enfraquecer por um momento enquanto tudo ficava turvo.

                 — Félix? — ouvi Changbin me chamando se agachando a minha frente tocando meu rosto e tentei me centralizar em seus olhos ainda sentindo minha alma em conflito.

               Depois de um suspiro a sensação pareceu diminuir, mas permaneci olhando atentamente pra Changbin e seu rosto.

                 — Se sente melhor? — ele perguntou com os olhos preocupados e eu não conseguia desviar meu olhar de suas queimaduras.

               Aproximando minha mão devagar eu toquei seu rosto acariciando as cicatrizes e Changbin olhou para minha mão, confuso e surpreso, e depois voltou-se novamente para mim.

                — O que aconteceu? — perguntei e ele levantou as sobrancelhas. — Com seu rosto. O que aconteceu com ele pra ficar assim?

               Changbin pareceu perder a fala. Ficou quieto olhando para o chão por uns segundos e então se lavantou tirando delicadamente minhas mãos de seu rosto.

                 — Eu acho melhor você tomar uma água. Pra relaxar  — ele disse mudando de assunto e mesmo percebendo isso não me dei ao trabalho de tentar convencê-lo à me contar por agora.

           Era evidente que algo o perturbava quando se tratava de falar sobre aquele assunto, mas eu tinha curiosidade de saber o porquê. Queria saber de fato o que tinha lhe acontecido e como lhe aconteceu. Se havia algo que o deixava inseguro eu queria ajudar tal como sua presença me ajudou, tal como sua atenção me ajudou.