🍂 Capítulo 3: À Sombra de Um Monstro🍂

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            — Você veio! — disse animado caminhando até a porta. — Pensei que nossa conversa não tivesse sido real.

             — Foi. E tão real quanto nossa conversa foi o acordo que fiz à você. Eu lhe prometi te contar uma história na esperança de lhe trazer alguma emoção real, e se acontecer, me devolverá o colar.

         Por um momento havia me esquecido que estava com o acessório durante esses dias, e também esqueci do acordo que fiz à ele.

             Tirei o cordão de meu pescoço e analisei bem seu pingente. A flor nele é a mesma das flores que meu pai carregava hoje na conversa com Ruth. Isso me pareceu interessante, mas acima de tudo, suspeito.

             — Você ainda está com meu colar, não está? — perguntou ele, mas não pareceu tão preocupado, como se já soubesse da resposta.

             — Sim, estou — lhe respondi ainda atento ao pingente. — Pode me responder uma coisa?

          Ele pareceu fazer um ruído um pouco enfadado mas me deu permissão para continuar falando.

               — Que tipo de flor é essa?

                — Por que isso seria importante para você?

                 — Porque há verdade no apelido que me chama, eu sou curioso, e nesse momento minha curiosidade está ainda mais viva e louca por respostas.

                — E respostas de quais perguntas você deseja ter? — encostei minhas costas na porta com meu coração tremendo e usei novamente o colar.

         Haviam tantas coisas para perguntar à ele, mas duas delas pareciam querer se lançar a frente de outras mil formadas pela minha mente.

               — Uma delas é sobre a flor do colar, e a segunda, quero saber algo de você: quero saber seu nome.

        Silêncio. Ele aprecia pensar atentamente no que me responderia.

                — Posso lhe responder apenas uma delas. Não sei se posso confiar em alguém desconhecido ter meu nome gravado em sua língua.

                 — Também não posso confiar em ter conversas em um desconhecido atrás da porta do meu quarto, mas mesmo assim estou aqui, não estou?

          Ele ficou quieto, mas então o escutei suspirar.

                 — Está bem — concordou sem muito alarde. — A flor que você se refere se chama Cardo, em outros nomes pode também ser chamada de Thistle.  Não tenho muito tempo para lhe explicar sobre ela, mas tenho certeza de que em uma casa como essa existem vários livros, e que um deles há lendas populares da Escócia. Em um livro assim você achará a resposta para sua primeira pergunta.

                 — E a resposta da segunda pergunta?

                 — Essa lhe darei antes de sair. Você pode me dar um papel e caneta?

        Achei a seu pedido um pouco estranho mas mesmo assim fui até a mesa conseguir os objetos e lhe passei por debaixo da porta.

              — Ótimo, eu escreverei meu nome aqui e lhe passarei quando for embora. Mas agora temos algo a fazer, não é mesmo?

         Sabia que ele me prometeu uma história, eu queria conversar com ele mas sabia que ele não me permitiria até que tivesse terminado seu conto.

                 — Bem, você está perdendo seu tempo com isso — falei me sentindo um pouco confiante. — Eu não sinto medo com tanta facilidade, já lhe disse.

Voice Behind The Door | a changlix shortfic [Dark Stories of Love: story 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora