Capitulo 4: Jenny

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Esse capítulo pode ser impróprio para menores de 16 anos
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Baile é uma das poucas coisas que não fazem sentido eu me importar e Sophie não. Mas não era por conta dele em si, mas pelo seu final. Quando fôssemos jogar alimentos estragados no mascote do colégio rival. E também, por incrível que pareça, as músicas não eram das piores, principalmente dessa vez com o tema: anos 80.

Logo após a aula fui com Sophie para sua casa, a mesma iria me ajudar com as vestimentas já que no sótão da casa haviam algumas roupas antigas e chiques de sua avó. Escolhi um vestido regata prateado e rodado junto com um casaco curto de pelinhos branco, demoramos no mínimo duas horas já que decidimos de última hora montar um desfile de moda com nada mais nada menos que Queen como fundo musical.
Sophie estava distante, mesmo rindo e cantando junto, parecia fingimento. Talvez fosse. Mas como sempre tenho medo de perguntar e iria me arrepender disso com toda certeza.
- e então, vão de limusine? Carro esporte? Helicóptero?- perguntou Sophie
- com a camionete do Matt
- a lata velha? É um baile, invistam dinheiro
- existem coisas mais importantes para investir dinheiro, como o projeto de Matt, e além do mais é muito brega essa tradição de ir ao baile de limusine
- a, por favor, se eu tivesse um par, iria investir
- Sophie, metade da escola quer te levar pro baile, e a outra metade quer te levar pra cama, você tem par de sobra
- digo, um par que eu realmente goste
- então por que você não tenta achar alguém decente que goste de você por quem você é e não pela sua aparência?
- porque eu não acho que eu mereça
- é claro que você merece Sophie, na verdade você merece muito mais do que isso- disse apoiando minha mão sobre seu ombro
- obrigada Jenny, mas vou ficar em casa hoje, estou muito cansada, então se divirta. Só não muito.
- pode deixar- ri

A noite, Matt foi em casa me buscar, nunca o vi tão elegante, com um terno cinza escuro com o cabimento correto mesmo para seu corpo magro. Estava esperando na varanda de frente, e quando me viu não demorou muito para vir me beijar. O calor de suas mãos tocando meu rosto já me faziam estremecer.
- meu Deus, você está muito linda- disse afastando seu rosto do meu
- e você esta muito elegante, sr. Gilbert Blythe- respondi ajeitando seu terno
- estou parecido?
- quase, ninguém chega a seus pés
- aos meus ou aos pés do Gilbert?
- aos pés do Gilbert óbvio, mas já que ele não é real, você serve- ri enquanto Matt fazia uma cara de cachorro abandonado- vamos, trouxe uma mochila inteira de balões com leite estragado dentro, aqueles cavalos do Mainhight vão provar de nossa ira- ri diabolicamente em seguida
- então vamos senhorita Lee- respondeu me dando um beijo suave na testa e cruzando seu braço no meu enquanto caminhávamos até sua caminhonete.

Chegando ao local do baile, um teatro requintado todo decorado, luzes coloridas, cortinas prateadas e brilhantes, um globo discoteca. A banda amadora do único emo que ainda restou em 2022, Bradley Joey tocando só os clássicos do rock: The Beatles, Queen, algumas músicas do Backstreet Boys, Green Day, Guns N' Roses, The Police e Pink Floyd. Henry e seus "seguidores" batizando o ponche (lembrete) e Matt parecendo mais nervoso que o normal.
- tá tudo bem?- perguntei
- sim, t-tá tudo bem, você sabe, não me dou muito bem com aglomerações
- você sempre foi aos bailes
- é, mas nunca com você sendo meu par
- então eu te deixo nervoso?
- talvez- respondeu com aquele sorrisinho convencido
Apesar de mudarmos de assunto, ainda não me convenci de sua resposta. Parecia que o tempo todo ele estava escondendo algo. Mas novamente: tenho medo. Tenho medo de ajudar quem eu amo, de me importar, de lutar.

Vi Grace vindo em nossa direção e rapidamente Matt me puxou para longe. Sabíamos o que poderia dar errado e sabíamos que ela faria desses últimos dias os nossos piores. Começou a tocar "every breath you take" do The Police então decidimos ir para a pista de dança sendo o único casal a não estar dançando de forma "romântica", todos estavam, como se fosse uma música lenta, pois parecia, mas Matt e eu amávamos demais aquela música para fazer uma dança clichê como ela de fundo. Então começamos a cantar loucamente enquanto pulávamos no coro e nos abraçávamos na canseira. Com certeza todos estavam olhando para nós, mas não nos importávamos, já esperavam isso na real, já que esse era um show feito todo baile se houvesse uma música decente.
Após duas ou três musicas fomos nos assentar na mesma mesa que Henry Carter (o outro Henry) e Julie Richards, não foi uma conversa nada interessante, Julie não parava de falar sobre as vacas de sua fazenda e como potrinhos são nojentos ao nascerem, já Carter ficava fascinado com cada palavra que saia da boca de Julie. Estávamos tão entediados que nem tínhamos força para rir da grande vergonha alheia que era, Troy embebedado tentando dançar com Grace e a mesma fazendo cara de desgosto.

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