Capitulo 5: Sophie

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Sinto muito a demora, não estava tendo criatividade pra continuar esse capítulo mas consegui. Escutem a música para enquanto lerem entrarem mais na personagem.
Obs. Esse capítulo contém assuntos muito pesados e sensíveis para certas pessoas.
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Eu pensava que quando ficamos inconscientes seria uma experiência de como realmente é a morte. Porém estava enganada, era apenas como um sono torturante, com sonhos e sequência dos mesmos cada vez mais lúcidos. O tempo inteiro estava perdendo meu fôlego. Ouvindo vozes e mais vozes batendo em minha cabeça, eu tentava alcançá-las, porém não conseguia.

- Sophie- chamou Jenny
- o que houve? Onde estou?
- está tudo bem Sophie, está em casa, em segurança- respondeu a mesma.
Foquei meus olhos para a realidade, Jenny estava ao lado de minha cama com um sorriso estampado no rosto. Por que estava tão feliz? O clima envolto no cômodo deixava a tensão no ar, em que qualquer um que entrasse, sentiria o mal súbito ali. Talvez fosse eu, minha cabeça latejava e meu coração estava mais disparado que o normal. Pensava que fosse meu fim. Queria que fosse meu fim.
- não estou muito bem Jenny, pode chamar minha mãe por favor?
- claro Sophie, vou chamá-la.

Quando vi minha mãe entrando pela porta do meu quarto, de repente meus neurônios raciocinaram e consegui entender o que estava acontecendo.
- mãe, por que está aqui?- perguntei
- a minha filha, Jenny disse que você me chamou. Não está muito bem? Vou fazer um chá para você, tudo bem?
- não mãe. Eu digo, o que está fazendo aqui em casa? Era para você estar no trabalho agora.
- por favor, quando minha filha precisa de mim, eu venho correndo por ela. Você sabe.
- não, na verdade eu não sei. Por que está aqui?- perguntei novamente com um semblante sério.
- já respondi isso minha filha
- mãe- senti lágrimas formando em meus olhos- por que está aqui?
- não vou responder novamente, vou lá embaixo preparar seu chá.
- eu q-quero... quero acreditar que é r-real. Que você se importa c-comigo- solucei
- eu me importo com você criança- neste momento um número incontável de líquidos aquosos saiam de meus olhos. Os fechei bem firmes, e tentei tirar o nó de minha garganta.
- isto não é real. Nada disso é real- gritei soando totalmente rouca e frágil.
Ao abrir os olhos uma massa negra começou a se formar por todo quarto. Só o que via era uma imensa escuridão, um breu. O arrepio que aquilo fazia em minha espinha era algo torturante, horrível. Apenas queria que passasse.
- essa sensação é horrível não é- uma voz soou totalmente familiar- mas você merece. Por tudo o que fez por todos- era... minha voz. Mas não saia de minha boca- é uma decepção para seus pais, acha que eles não sabem como você é? Eles sabem, conhecem a puta que criaram.
- por favor para- angustiei
- aqueles com quem você dormiu só se importam em ter um corpo para penetrar. Nem de sua aparência eles gostam. Se acha bonita? É mentira, olhe para Jenny, ela é magra, proporcional, e você, seus peitos já começaram a ficar caídos. Está cada vez mais gorda, e esse rosto rechonchudo? Nem vou falar desse seu cabelo. Você além de uma filha da puta é feia pra caralho.
- p-para- solucei. Solucei muito.
- ninguém vai te amar, nem seus pais amam você. Por que alguém mais a amaria? Você não tem nenhum talento, não é inteligente. Tem que se esforçar muito mais que Jenny e Matt para alcançar notas boas no final do ano letivo. Você sabe cantar e atuar? Mentira! Você acha que sabe. Mas quando fizer o teste para entrar no musical Annie, TODOS IRÃO RIR DE VOCÊ.
- para... para
- patética- de repente tudo começou a ecoar- feia (feia)- continuamente- você não merece seus amigos, não merece o amor. Ridícula, gorda, puta...
- PARAA!!!!- gritei com todas as forças que consegui até abrir os olhos e perceber que havia parado em um hospital. Mas não era um hospital normal. Era um hospital abandonado, totalmente vazio, frio e assustador.
Comecei a andar pelos corredores. As luzes estavam a tempos piscando e piscando sem parar. Como se houvesse um problema de fiação elétrica. Olhei para o lado onde se encontrava uma enorme caixa de ferro brilhante, observei meu reflexo: doente. Desnutrida, pálida, vestindo apenas uma camisola hospitalar que estava completamente suja com manchas enormes de sangue. O que combinará com o rastro vermelho no chão ainda fresco. Comecei a seguir o mesmo que me levou à porta de uma das salas de cirurgia do local. Quanto mais me aproximava da maçaneta mais se formava um cheiro forte de... creio que de morte.
Ao abrir a porta me senti totalmente desconcertada. Minha espinha se afundava em profunda agonia. Algo muito ruim se formava em minha garganta e queria colocá-lo para fora. Era... Eu.
Eu estava morta, observando meu corpo por fora dele. Apenas uma corda pendurada no teto segurando meu corpo frágil por meu pescoço já roxo. Meus olhos, totalmente abertos, fixados no chão. E minhas mãos. Minhas mãos pingavam, e não paravam de pingar sangue na poça que se formara abaixo de meu corpo, em que sem perceber havia pisado. O sangue derramava de meu pulso, especificamente dos cortes profundos. Porém não eram apenas riscos aleatórios de alguém que se corte. Os cortes formavam uma palavra... "ACORDE".
E de repente um grito incessante gerou-se em minha mente. Uma dor aguda, nunca pensei que poderia sentir uma dor tão ruim.
E foi assim que me deparei estar novamente em meu quarto, com Jenny sentada em minha cama, falando meu nome até eu me levantar. Atrás da mesma apareceu minha mãe com uma xícara de chá e assim que a vi a dor aguda em minha mente voltou, cada vez mais forte, eu estava lutando contra essa dor, tentando me acalmar, tentando... acordar.
Ouvia sussurros, sussurros distantes me corrigindo, me criticando. Os mesmos ecoavam por toda minha cabeça e eu pensei estar enlouquecendo. Voltei novamente ao hospital. Porém estava diferente da primeira vez, apenas uma cor pairava sobre a luminosidade do local, vermelho. Um vermelho vivo em luzes led, o arrepio estava pior, mais forte. Vinha de minhas costas que ao me virar deparei-me com um monstro horroroso com pernas de polvo, braços longos com garras afiadas como seus dentes e seu rosto... seria o meu monstro. Também era eu. Sua voz ecoava, era grossa, ainda o que repetia era "acorde, acorde, acorde", o medo aumentou e meu corpo inteiro entrou em estado catatônico, gelado, a criatura corria atrás de mim e eu não conseguia me mover. Quanto mais ela chegava perto de mim, maior as dores ficavam. Eu gritei, gritei o máximo que consegui, porém não havia voz em meus gritos, eram gritos silenciosos.
A única coisa que pude fazer foi fechar meus olhos firmemente. E quando os abri a criatura havia sumido e eu já não estava no hospital e nem em meu quarto. Estava de pé em uma floresta, com as mais altas árvores e o cheiro de mata molhada infestando o ar. Os barulhos eram reconfortantes, o cricrilar, as aves batendo suas asas e gritando com seus chamados. Era a noite, não chegava a estar totalmente um breu pois a visão da lua enorme refletia na água do lago a minha frente me permitindo enxergar grande parte dos detalhes do local.
Sem controle senti meu corpo se virando a frente e colidindo contra a água. Embora pensasse que fosse me molhar, voltei ao mesmo local em que cheguei, totalmente seca. Quando me virei para olhar o lago novamente, havia um corpo de costas nuas se banhando um pouco a frente da borda. Por estar virado contra mim não pode me ver, mas continuei a observar o corpo que exalava um ar de serenidade e conforto, por certa razão não pude dizer se era mulher ou homem. A única coisa de que me lembro é de ver seus cabelos úmidos e azuis, pareciam macios e hidratados.
De repente a dor aguda em minha cabeça voltou novamente e não consegui manter meus olhos abertos.

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⏰ Última atualização: Jan 05, 2022 ⏰

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