A Passado De Moon Sua

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— Noona, eu sei que vai ser algo difícil, mas por favor, eu preciso saber o que te levou até aqui — Sunghoon disse vendo Sua abaixando a cabeça.

— Sunghoon, isso é... Difícil.

— É pelo bem de todos nós, eu sei que você não quer que outra coisa ruim aconteça e eu também não quero, vamos fazer assim, eu conto o meu passado e você conta o seu, ok? Iremos compartilhar nossa dor, isso te fará melhor?

— Ok, mas você conta primeiro.

— Está bem, o meu pai largou a família quando eu era pequeno, ele traia minha mãe e fugiu com uma garota mais nova e nunca mais tive notícias dele, a minha mãe ficou extremamente mal com isso e começou a descontar em mim, ela ficou problemática, até que... — Park mostrou a a palma da mão onde tinha a cicatriz — Ela chegou no limite e queria me matar, eu não sei o que se passou na cabeça dela naquele momento mas estava cheia de ódio e repetia que iria acabar com a minha vida, eu comecei a gritar de medo e os vizinhos vieram me socorrer, só deu tempo da minha mãe cortar a minha mão e depois disso só a escutei dizendo que eu estraguei a sua vida.

— Eu.. Nem sei o que dizer, sinto muito.

— Foi extremamente traumático e até um tempo atrás eu desejava mais que tudo acabar com a minha vida — Sunghoon levantou as mangas da sua camisa mostrando todos os seus cortes, Sua já tinha visto mas não de perto — Eu fiz cada um desses, alguns em espaços bem curtos de tempo, tenho machucados na coxa e na barriga também, já tentei me matar através de remédios mas nunca funciona, parecia que o universo não queria que eu fosse embora e eu não entendia o porquê, mas agora eu sei.

— E por quê?

— Eles — Park abriu um sorriso pequeno e olhou para a menina com os olhos brilhando — Mesmo que por pouco tempo de amizade, os meninos estão me dando motivos para continuar e nunca me imaginei me preocupando com alguém, mas eles são importantes para mim e quero continuar vivo apenas para fazer questão de manter os seus sorrisos, eles merecem uma vida feliz.

— Eu entendo como é esse sentimento — A Moon sorriu se lembrando das suas amigas, aquelas que cuidava e protegia de qualquer perigo.

— Pode começar a contar sua história quando quiser.

— Bom, antes daqui eu... morava na rua — Sua deu um sorriso sarcástico e Sunghoon a olhou surpreso — Minha mãe morreu alguns dias após o meu nascimento, ela teve... depressão pós parto, sabe? Ela me odiava e queria que eu não tivesse nascido e tudo bem, eu entendo ela, como ela não suportava nem olhar na minha cara acabou tirando a própria vida quando meu pai estava fora e meu irmão no colégio, eu fiquei sozinha no berço por horas chorando enquanto minha mãe estava no quarto ao lado sem vida.

— Nossa, isso foi... realmente inesperado, sinto muito — Sunghoon segurou a mão da garota, ela sussurrou um "tudo bem" e suspirou antes de voltar a falar.

— Depois disso o meu pai começou a trabalhar em dois empregos para me sustentar, meu irmão estudava de manhã e trabalhava a noite, como eu não podia ficar sozinha ele me levava para a lojinha que trabalhava e me deixava numa cadeirinha ao seu lado, era uma vida difícil e corrida para os dois mas nunca deixaram que faltasse nada para mim — Os olhos de Sua se encheram de lágrimas e ela não sentiu medo em deixar que elas rolassem, estava aliviando a sua dor.

— Ei, quer mesmo continuar?

— Sim, eu preciso — Ela apertou a mão do Park — Meu pai ficou doente e isso levou a sua morte, meu irmão perdeu o emprego na lojinha e mesmo que tentasse procurar outro, não conseguiu, e perdemos a casa, não tínhamos outros parentes para contar com a ajuda e tínhamos medo de nos colocar em orfanatos diferentes, então ficamos na rua, Moonbin fazia o possível e impossível por mim, se juntou com outras crianças e juntos tentavam criar alguns artesanatos com o pouco que tinham para vender e ter dinheiro para comermos... até que...

— Que?

— Quando eu tinha 17 anos, estávamos vendendo nossas coisinhas como fazíamos todos os dias, de repente ouvimos gritos e vinha de uma casa em chamas, uma senhorinha estava do lado de fora desesperada dizendo que suas netas ficaram presas e não conseguiam sair e que os bombeiros não chegariam a tempo, Moonbin sempre pensou demais nos outros sem temer o perigo e por isso não pensou duas vezes antes de entrar naquela casa que caia os pedaços por causa do fogo, e eu fui atrás.

Moon Sua começou a chorar muito e soltou a mão de Sunghoon, aquelas lembranças a assombravam e a faziam se sentir uma péssima irmã.

— Ele achou as duas menininhas mas o fogo já tinha se espalhado muito, o espaço para chegar até a porta era pequeno e ele não iria conseguir passar pois Moonbin era muito alto, ele me entregou as crianças e disse para nos salvarmos, eu implorei dizendo que podia ter outra forma mas ele não me escutou, eu saí e entreguei as crianças para a avó, eu voltei para ir atrás do meu irmão e apenas o encontrei no chão tossindo até cair sem vida, eu desmaiei logo depois quando comecei a ouvir os bombeiros, então eu acordei no hospital com o corpo queimado e então me contaram que Moonbin havia morrido.

— E você começou a ouvir vozes depois disso?

— Não, enquanto estava no hospital não ouvi nada, quando decidiram me mandar para cá foi quando comecei a ouvir a voz dele me chamando, me dizendo para ir atrás dele, que eu o encontraria na floresta, que iríamos ficar juntos.

— Você nunca foi atrás?

— Sempre que eu penso em ir alguém chama a minha atenção e eu desisto, parece que estava em um transe.

— Obrigado, noona — Sunghoon se aproximou e abraçou a garota, deixando um beijo na sua testa — Vai descansar agora e por favor, continue não ouvindo essa voz, é para o seu bem.

Quando Sunghoon ficou sozinho na sala ele se levantou e andou até a janela, pensando no que faria a seguir, as vozes que Sua e Sunoo ouviam diziam quase a mesma coisa, seja lá o que fosse estava querendo os levar para a floresta. O coreano olhou para as árvores e percebeu um jovem de cabelo loiro e com o corpo sujo de sangue sorrindo para si.

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THE ORPHANAGE // Enhypen Onde histórias criam vida. Descubra agora