— Deixa eu pegar ele, deixa?
Ele só sacudiu a cabeça.
— Deixa, vai?
— Uhnnn... — Era um não!
A mão dela tateava, enquanto os corpos juntos, pelas laterais das coxas do rapaz como se procurasse alguma coisa e, perigosamente se aproximou do objeto do seu desejo, aquilo que ela realmente queria e foi então que ele, com um suspiro, a segurou pelo pulso de forma delicada.
— Você sabe que se começar, não vamos parar...
— Podemos conseguir parar, você não sabe. — Ela disse, mais gemendo que falando.
— Já falamos sobre isso, Milla.
— Não. Você falou sobre isso, eu só escutei e não mudei de ideia.
Ele afastou a mão dela. Sentia-se decidido. Tinha mais controle.
Eles estavam largados no sofá, pernas entrelaçadas, corpos mais aquecidos que o ambiente ao redor e as respirações muito próximas ela arriscou estender a mão pela cintura dele e sentiu a aspereza do tecido dos shorts dele.
— Vou beber água. — Ele falou como se fosse uma decisão importante e se levantou, ela teve que se desvencilhar para que ele se movesse, mas o seguiu pelo corredor.
— Olha, Mau. Vai ser só um pouquinho.
— Nunca é só um pouquinho, Camilla.
— É sim, dessa vez vai seeeeeeeeerrrr...
Ela esperava convencê-lo deixando sua fala tremer como um miado, com as sílabas morrendo em um gemidinho no final. Tática que adquiriu baseada em dedução pois funcionara em uma situação muito específica , quando o envolvido, o mesmo Maurício, estava já bastante predisposto a concordar.
Porém, Camilla ignorava esse interesse prévio na ocasião e portanto, continuou a fazer uso desta manobra que julgava infalível, ainda que depois desse fato por muitas vezes, senão na maioria delas, a artimanha não tivesse surtido o efeito desejado ou mesmo efeito algum.
Maurício, por sua vez, ainda que inclinado à negar a ela o que desejava, fingiu-se seduzido por essa manobra, um pouco mais pelo prazer de vê-la enredar-se em uma frustrada tentativa de sedução que pela eficácia do artifício. E com tal incentivo, ela repetiu-se. Como vemos:
— Prometooo, dessa vez vai ser só um pouquinhooooo...
— Quer água?
— Uhnnn... — Era um sim.
Ele serviu a água gelada em um copo, ela passou os dedos pela borda e o olhava nos olhos enquanto mordia a língua na boca entreaberta, depois bebeu suavemente deixando uma gota escorrer pelo pescoço. Ele sorriu porque sabia que era a ideia dela de uma armadilha. bebeu, esperou que ela se afastasse para que ele pudesse lavar os copos e ela arranhou suas costas. Maurício teve que resistir a um impulso que percorreu sua espinha e arrepiou seus pelos da nuca.
— Para com isso, Camilla. Você sabe onde isso vai nos levar. Eu trabalho amanhã, você tem aula cedo.
— Isso nunca foi um problema...
— Mas agora é. Eu fico cansado o dia todo e você... fica rabugenta pra acordar e todo esse seu charminho gostoso aí vira raiva e grosseria quando tá com sono.
Ela parou por exatos 4 segundos e apontou pra ele, puxou o ar para dizer algo, mas engoliu, fechou a mão com raiva e girou o corpo, fazendo esvoaçar o pijama de tecido leve. Dirigiu-se para a sala, deixando Maurício com a lembrança da sua bela silhueta e aquele leve perdurar do perfume pós-banho que ela usava.
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O a/objeto em questão (e outros diálogos)
KurzgeschichtenCrônicas do dia a dia levadas ao limite por situações que extrapolam a realidade. [+16] Palavras pesadas, uso de drogas, sexo, menção a situações sexuais.