IV

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QUATRO

Quando Eijiro entrou no quarto de Katsuki, o cheiro de caramelo doce e carvão inundaram suas narinas antes mesmo que ele alcançasse o interruptor de luz.

Os joelhos de Eijirou fraquejam, seu ômega ronronando alto em sua cabeça, avidamente inalando o cheiro de alfa como um homem
moribundo.

Ele pisca contra a luz ofuscante, deixando a porta aberta apenas um pouco no caso de uma fuga rápida. O quarto de Katsuki parece normal daqui. Mesa limpa e organizada, roupas arrumadas e decoração pessoal bem arrumada.

Tudo estava como sempre foi.

Exceto... a cama.

Eijirou se aproxima lentamente, quase sem acreditar no que vê.

É um ninho. Um ninho alfa. Mais importante, é um ninho feito por Katsuki.

E é absolutamente lindo.

Está arranjado perfeitamente e com atenção cuidadosa, mostrando quanto tempo e esforço o alfa colocou para arranjar tudo. Parece macio, mas não excessivamente delicado.

Delineado por travesseiros e uniformemente coberto com cobertores
felpudos que Eijirou tinha visto enrolado no armário de Katsuki. Parece caloroso e convidativo. Perfeito para abraçar um alfa forte e viril durante toda a noite.

Existem alguns suéteres e moletons debaixo dos travesseiros, e Eijirou jura
que não lhe são estranhos. Desta distância, eles cheiram familiares, mas arruinaria literalmente tudo se ele puxasse um deles só para descobrir se é o moletom preto que ele perdeu há três meses.

Tudo naquele ninho é a matéria dos sonhos de Eijirou. O tipo de ninho que ele sempre imaginou que um alfa faria para ele, caso algum alfa desejasse namorá-lo.

Ele quer se jogar neste ninho imediatamente e rolar no cheiro de Katsuki até que se torne o seu cheiro e seu ninho. O ômega de Eijirou está ronronando, convencido de que este ninho na cama de Katsuki é especificamente para eles. Como não poderia ser? Quem mais…?

Então a verdade atinge Eijirou como um trem.

Toda a excitação, admiração e felicidade que estavam borbulhando dentro dele é instantaneamente substituída por uma pedra em seu estômago e o desejo nauseante de vomitar.

Certo. É claro.

Este ninho não é para ele.

É para Midoriya.

Uma única risada amarga abre caminho para fora da garganta de Eijirou, ecoando na sala vazia.

Claro que este ninho não é para ele. Se fosse, o grande Lorde Assassino da Explosão não teria escondido assim. Katsuki não teria pedido a - ênfase no - Midoriya para vir esta noite.

Kirishima olha para o ninho novamente, enquanto as lágrimas se acumulam em seus olhos e embaçam sua visão. Não é justo! É tão errado.

Como poderia este ninho NÃO ser para ele?! É tudo o que Eijirou poderia desejar. É perfeito PARA ELE. É assim que os ninhos alfa funcionam, certo?!

São feitos com alguém especial em mente. Então por que ele não é alguém especial para Katsuki?!

Se Eijirou souber alguma coisa sobre Midoriya, seu ômega vai odiar este
ninho! E ele espera que seja odiado! Ele espera que Midoriya rasgue este ninho em pedaços! Katsuki precisa saber o quão grande foi o erro que ele cometeu.

Como ele fez o ninho perfeito para o ômega errado e...

— ... levou uma hora do caralho só para encontrar esta camisa na casa dos meus pais, mas assim que eu adicionar ela estará perfeito!

Os olhos de Eijirou se voltam para a porta, percebendo tarde demais que ele está no quarto de Katsuki há muito tempo.

Katsuki e Midoriya estão parados na porta, olhos arregalados em silêncio enquanto encaram Eijirou no meio da sala. Você poderia ouvir um até um alfinete cair. Ninguém parecia estar respirando. Mesmo se estivessem, Eijirou tem certeza de que Katsuki estaria recuando para o corredor.

Ele provavelmente inundou a sala com mais tristeza, raiva e desgosto. Ele arruinou a surpresa de Katsuki e o ninho perfeito provavelmente terá que ser quebrado e lavado apenas para tirar o cheiro de ômega dos itens.

A mandíbula de Eijirou treme, lágrimas quentes escorrendo pelo queixo e escurecendo a gola da camisa. Cada centímetro dele está gritando para correr ou talvez apenas se ajoelhe no chão e implore o perdão de seu alfa, mas ele não tem certeza se pode falar agora.

— Kirishima… – a voz de Midoriya quebra o silêncio e faz Eijirou suspirar e engasgar.

— E-eu, eu... – Ele não consegue nem terminar suas palavras, piscando mais lágrimas para fora de seus olhos, enquanto sua garganta se fecha novamente.

Seus pés conseguem se mover e ele passa por Katsuki e Midoriya sem mais desculpas.

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