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CINCO

Já é bem tarde da noite.

Kirishima sabe que está quebrando o toque de recolher, mas honestamente não consegue se importar, enquanto corre para fora das portas da Aliança Heings, em direção à linha de árvores mais próxima da floresta ao redor.

Ele cai de joelhos quando suas pernas não o levam mais longe, enrolando sua camiseta em volta da boca e gemendo no tecido como um animal moribundo.

As lágrimas diminuem muito antes da dor em seu peito, agora associada à forte dor de cabeça que ele deu a si mesmo e a um soluço de tanto chorar. Ele não sabe há quanto tempo está aqui. Não consegue sentir o telefone no bolso e não quer olhar.

A única pessoa que virá procurá-lo mais tarde será Aizawa de qualquer maneira. Pelo menos ele chora bem antes que seu professor o acompanhe de volta para dentro.

Eijirou se pergunta amargamente se Katsuki foi capaz de arejar seu quarto. Se ele ainda mostrasse a Midoriya aquele ninho perfeito e se ele tivesse sido feito em pedaços ou não.

Talvez eles estejam aninhados na cama do alfa, enquanto Kirishima está deitado na grama úmida. Talvez Bakugou esteja chafurdando em sua própria rejeição, assim como o Eijirou.

Katsuki vai odiá-lo por estragar a surpresa? Eijirou deveria apenas aceitar que ele vai ver menos  o lourode agora em diante de qualquer maneira. Ou o alfa o odeia para sempre ou ele vai passar muito mais tempo com Midoriya.

De qualquer forma, o ômega de Eijirou vai chorar por muito tempo.

O som da grama se mexendo alerta o ruivo de que alguém está se aproximando e ele tenta se enrolar em uma bola mais apertada e abafar seu cheiro. Ele não está pronto para voltar. Ele não quer ser encontrado.

— Merda... merda de floresta! Eijirou, onde diabos você foi?!

É Katsuki que está se aproximando, não Aizawa. O ômega de Eijirou geme e
ele tem que tapar a boca com a mão para evitar que Katsuki o ouça.

— Vamos, Eijirou! Estou falando sério! Não estou bravo, mas vou ficar se você me fizer andar nessa floresta de merda a noite toda!

O alfa está a apenas alguns metros de distância, se Eijirou se inclinar para fora da árvore, eles vão se localizar facilmente. Mas ele não tem certeza se realmente quer isso.

— Eu também posso sentir o seu cheiro, sabe! – Katsuki grita na escuridão – É apenas mais difícil porque você está muito triste e está… está em todos os lugares! – Ele rosna e Eijirou pode imaginá-lo passando a mão por seus fios de cabelo espetados e fofos.

— Por que você está tão triste?! Você não deveria estar triste! Você é Kirishima Eijirou, meu idiota que sorri como a porra do sol!

Eijirou tem certeza de que Katsuki está apenas falando para a floresta, esperando –  ou talvez supondo – que Eijirou esteja por perto. Mas ele ainda não se move, esperando silenciosamente que Katsuki continue.

— Você viu o ninho... Foda-se! Foi isso que deixou você triste? Não era pra ser assim. Eu tinha mais um item para adicionar e teria sido perfeito! Foda-se! foda-se! FODA-SE!! Eu estraguei tudo, não foi ?! Você odeia isso, eu sou um… - várias pequenas explosões não acontecem alto o suficiente para sacudir as árvores, mas o suficiente para assustar Eijirou para fora de seu
esconderijo.

O loiro encarou Kirishima novamente sob a luz de seu celular, fumaça saindo de
uma palma fechada.

— Eijirou! – Katsuki corre até ele, caindo de joelhos e deslizando na grama o resto da distância. – Puta que pariu! Você não pode fugir assim!

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