YÄNSSEM (III)

6 1 5
                                    

- Seu imbecil! Eu vou te matar, filho de uma puta! – Disse ele, enquanto ele se levantava do chão. Não dei oportunidade para ele vir até mim novamente. Fiz a única coisa que foi possível aquele momento. Aproveitei que ele estava com o pescoço mais a vista e desferi um golpe certeiro lá.

Pude ver o choque em seu rosto, enquanto eu o degolava. Senti a espada cortar seu osso e aquilo me arrepiou. Vi sua cabeça cair para o lado, com um baque seco no chão. A minha respiração estava descontrolada e eu senti algo se revirar em meu estômago. Ver o sangue jorrando sobre onde deveria estar a cabeça e espirrar em mim, me fazendo vomitar.

- Não! NÃO! VOCÊ MATOU O MEU AMIGO, SEU FILHO DE DEMÔNIO! – Não sei como ele conseguiu, mas me agarrou com o seu único braço e me enforcava. Mesmo debilitado e em um estado agoniante de dor, ele ainda conseguiu me segurar por um tempo. – Eu só não vou te matar, porque meu chefe te mataria depois! – Tentei me livrar dele, mas não tive sucesso.

A falta de ar já estava me deixando zonzo. Minha espada estava inalcançável. Lembrei da lâmina que tinha deixado em minha cintura. Ele percebeu o que eu iria fazer, mas não foi rápido o suficiente para me impedir. Desferi três golpes com a minha faca e os gemidos de dor, confirmaram meu sucesso. O seu braço em volta de meu pescoço se afrouxou e eu consegui me livrar dele. Fui em direção à minha espada, mas ele conseguiu me empurrar para o lado.

Por bater minha cabeça no chão, não consegui reagir a ele, que tinha pego minha espada e dessa vez veio para me matar. - Eu não tô nem aí para dinheiro mais. Eu vou te matar, merdinha. Vou te fatiar igual uma linguiça! – Ele levantou a espada e ia me golpeando, mas levou um coice em suas costas, o fazendo voar para longe e deixar a espada cair. Se eu não tivesse virado para o lado a tempo, a espada teria caindo em cima de meu amiguinho. Que horror. Perco um braço, mas não perco ele!

Ainda deitado no chão, consegui me recuperar e me levantar. O relinchar de meu companheiro me fez focar nele. Vi que ele tinha um corte superficial em seu pescoço e em seu rosto. Mesmo assim ele parecia pronto para brigar de novo. Ri dele. - Você é duro na queda, sabia? Escolhi o cavalo certo para fugir comigo – Disse, passando a mão sobre sua cabeça.

Ele gostou e fechou os olhos por uns segundos. Voltei minha visão para trás, e vi que o adversário do Ônix estava com a cabeça esmagada no chão. Olhei com nojo para aquilo e depois olhei assustado para o cavalo. – Você é um selvagem, sabia?! – Ele bufou em resposta, como se disse que não ligava. O som de alguém tentando respirar, me fez focar no mandado do duque. Ele estava tossindo, enquanto tentava se levantar. Pude escutar o som de algo molhado caindo sobre o chão.

- Você vai pagar caro, alteza. Você ainda vai se ver comig- Ele ia terminar, mas de novo, o Ônix o interrompeu. O cavalo tacou seus dois cascos frontais sobre as costas do homem. O som de ossos se quebrando e a tosse que ele começou, me fizeram entender que ele estava se afogando no próprio sangue. O deixei morrer, o que não demorou muito. Logo ele parou de se mover.

- Vamos embora, Ônix! Alguém pode chegar e interpretar tudo isso de forma errada. Não posso ir preso logo agora! – Disse, pegando meu manto e o vestindo, já que o tinha tirado para a luta. Ainda bem que ele estava conservado, pois preciso dele para tampar os meus ferimentos e me permitir ir até alguma taverna sem chamar atenção. Montei em meu agora amigo, e saímos dali o mais rápido possível. Passei pelos corpos dos comparsas e quase senti dó. O cheiro de sangue estava forte no ar. Não gosto de matar e prefiro ter essa opção como último recurso.

Tive que comprar uma agulha e linha em uma banca que vendia produtos medicinais, para me costurar. Faz tanto tempo que eu não levava pontos, que tinha me esquecido da dor excruciante de ser costurado. O óleo cicatrizante que coloquei sobre os pontos ardia demais e eu tive que pôr um pano na boca, para poder gritar. Me pergunto porque não inventaram nenhum chá que alivie a dor em uma hora dessas. Minha energia estava quase acabando.

❄ INVËRNUS ❄Onde histórias criam vida. Descubra agora