MARÄLIA (II)

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POV da nossa Mara! Espero que gostem! 

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A tempestade lá fora parecia extravasar os sentimentos que eu sentia. Olhei pela janela e pude ver como a ventania fazia as ondas quebrarem violentamente nas rochas abaixo do castelo. Pareciam querer derrubá-lo. Olhei para o céu e ele estava nublado; um tom cinza azulado que me lembrava muito como eu estava por dentro.

Queria chorar, queria quebrar coisas, queria criar um caos no mundo por terem me tirado o meu irmãozinho de mim, mas não estava no local para isso. Aqui não era a minha casa e eu não podia descontar minha angústia nos móveis. E principalmente: com quem eu queria gritar, não estava aqui.

Desde ontem à noite, quando a princesa Nëzza destruiu o salão real, fiquei reclusa em meu quarto. Eu e minha família corremos para fora e já nos direcionamos para nossos respectivos quartos. Lembro-me de ontem à noite, escutar passos no corredor e ficar com medo de ser ela. Mas foi o Lukëron que veio falar comigo, me pedindo perdão por tudo e que eu abrisse a porta, para podermos conversar. Não o dei moral. Poderia ter feito isso antes. Por mim ele podia se engasgar na própria dor. Não me faria falta alguma. Nunca foi um irmão para mim.

Uma das empregadas do castelo veio me avisar que eu já podia começar a me arrumar. Estava deitada na cama, tentando criar um pouco de paz. Mas acho que não dá para se criar tal coisa. Fiz uma concordância verbal para ela e a escutei sair. Me levantei e fui em direção ao guarda-roupas. O vestido preto de que usei ontem estava lá.

Pela falta de outro, usarei ele mesmo. O peguei e o pus sobre a cama, esticado. Fui até uma gaveta e peguei minhas joias. As coloquei perto do vestido. Peguei o sapato preto que estava jogado posto no canto do quarto e já os calcei. Olhei para o espelho e tudo o que via, era uma garota sem vida.

Aquele conjunto me fez rir enquanto o mirava. Se Yänssem estivesse aqui, iria fazer graça de o quão fúnebre era tudo aquilo. Mas preto é a cor oficial de nossa família, então temos licença para poder usá-la nas ocasiões. Tratei de arrumar meu cabelo, em uma coroa de trança e deixei duas finas mechas em cada lado. Coloquei um brilho nos olhos e passei meu batom preto, depois que já estava vestida e adornada. Bateram na porta e já sabia quem me esperava.

Enquanto nos direcionávamos para o tal salão de diamante, pude perceber que o clima entre nós não era dos melhores. Desde que Yän faleceu, nem meus irmãos se falam direito mais. Ambos estavam em suas vestimentas típicas de nossa região. Olhei para Mekë e vi sua camisa de seda preta, com sua longa saia também preta, que chamamos de skürt. Calçava um sapato de couro e um manto de pelo de urso negro estava em volta de seu pescoço. Ele usava assim como Lukë, brincos de ônix, mais simples que os meus e trajava sua expressão plena de sempre. Seus cabelos ruivos estavam perfeitamente penteados.

Quando o herdeiro do trono se virou para me olhar, pude ver que seus olhos tinham um tom esfumado de preto, que ressaltava os seus olhos azuis. A pele alva sobre toda aquela roupa, me parecia se corroer em remorso, como deve também estar a de meu pai. Suas acompanhantes estavam diferentes, Lurcänia estava nas vestimentas da família, enquanto a meretriz da Sänia estava de vermelho; dos lábios às roupas e joias.

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