17| I Abandoned Him

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Pra melhor apreciação, leia com o fundo negro.

1842
Inicio do século XIX

Elizabeth


Foi difícil. Mas necessário.
Fico repetindo isso para mim mesma achando que irá me consolar, mas a verdade é que me sinto vazia por dentro. Sinto que pela primeira vez, não cumpri com meu dever, não fui fiel a meu juramento de cuidar e proteger a aqueles que precisam de ajuda.

Eu não sei o que pensar. Eu não sei como reagir. Estou muito confusa. Uma parte de mim acredita ter feito a escolha certa, acredita profundamente que ele era perigoso para os outros e que se continuasse aqui, poderia ser um verdadeiro desastre. Mas a outra parte... a outra parte sabe que ele precisava de mim e que eu falhei com ele.

Eu o abandonei.

Eu trabalho aqui a um tempo, já vi todo tipo de caso. Já vi pessoas completamente foras de si. Eu nunca me assustei por que sei o que a mente humana é capaz de criar quando se está "louco". A pessoa louca é aquela que perde a razão, que tem pensamentos e ações sem sentido, tem comportamentos distorcidos que fogem à regra, ou do mais comumente dito, padrão. Geralmente as pessoas não querem isso, elas têm medo de perder a razão, o controle sobre si mesmas, sobre os seus pensamentos e os seus atos. Ninguém quer vir para um lugar como este, ninguém quer ser obrigado a passar por terapias dolorosas ou se medicar com dosagens tão altas de calmantes para que não consigam se quer falar.

Mas Heathan não é assim.
Ele gosta.
Ele gosta de ser como ele é. Ele sente prazer em ser "louco". Em ser taxado dessa forma. Ele não acredita que tenha problemas psiquiátricos, ele acha que aquela é simplesmente a personalidade dele, e isso pra ele é mais do que o bastante para não ligar para mais nada além de si mesmo e de seus próprios interesses, mesmo que no processo, ele tenha que se livrar ou fazer mal a alguém.


E isso explica o seu olhar.
Ele me queria consigo, e em sua mente, ele vai fazer o que estiver ao seu alcance para alcançar seu objetivo.

Respirei fundo.

Mas agora acabou. Ele se foi. E não vai mais voltar.

A essa altura já tinham passado horas do meu horário de ir para casa, já é tarde da noite e eu me recuso a ir para casa e me deitar apenas para que essa história fique rondando minha cabeça por mais e mais horas. Ao menos aqui, eu faço algo de útil.

[...]

Estava arrumando uma cama para um paciente poder se deitar, mas vi luzes se refletirem contra as janelas do quarto e fiquei tentada a ver quem estaria chegando de carro (NOTA NO FIM DO CAPÍTULO) aqui tão tarde da noite.
Aproximei-me das janelas e puxei levemente as cortinas para conseguir ver os portões do hospital e, por um breve momento, não pude evitar sorrir e revirar os olhos.
Coloquei o paciente a cama e sai do quarto de forma tranquila. Desci as escadas, tentando não correr para não fazer barulho e acordar alguém. Sai do hospital e caminhei até o portão devagar, se ele me ver correndo, vai se gabar depois por eu estar empolgada em o ver.

- O que veio fazer aqui? - perguntei aproximando-me das grades dos enormes portões de entrada.

- Eu só estava passando.

- Certo! Agora me diga a verdade, por favor.

Ele olhou ao redor como quem não quer nada e se aproximou das grades, ficando em minha frente.

- Se eu não vier te buscar, você não vai embora.

- E trouxe seu carro chique para se mostrar pra mim? - cruzei os braços e sorri.

+16 | CASO N° 44 | Bill Skarsgård - Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora