3| The Weight Of Truth.

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1842
Início do século XIX

Elizabeth...

Já se passaram três dia.
Três longos dias da estadia sem previsão de saída do Sr. Heathan.
Devo dizer que está sendo mais fácil do que imaginei que seria e ao mesmo tempo difícil o suficiente para que eu me preocupe de mais.

Heathan, após a primeira noite, se mostrou uma pessoa agressiva.
Mostrou ser o que eu sabia que ele era.
O que ele escondeu naquela noite, a que conversamos na solitária, ele mostrou nos três últimos dias.

Eu não posso me aproximar das barras de sua cela que, de imediato, ele me insulta ou me ameaça. Dizendo-me todas as formas simples em que ele poderia quebrar meus ossos ou me esquartejar.

Sua personalidade agressiva só me mostra que Heathan precisará de muitos cuidados.

Eu detesto a presença de sedativos nos meus tratamentos, mas no caso de Heathan, serei obrigada a abrir uma exceção, ou, durante todo o tempo em que eu estiver presente em sua cela, temerei que ele se liberte e me mate.

Como todas as manhãs, assim que chego no hospital minha primeira tarefa é levar o café da manhã para Heathan.
As enfermeiras cultivam um medo extraordinariamente grande do paciente. Se recusam a entrar lá e encarar, mesmo que por poucos minutos, o rosto de um assassino cruel.
Então, a tarefa de servir seu café, é minha, assim como supervisionar se ele está se alimentando bem.

[...]

Com minhas chaves, abri a porta da solitária onde, nesse instante, Heathan se encontrava jogado em sua cama, observando o teto em completo silêncio.
O único som do recinto, foi o da porta de aço se chocando contra o batente logo atrás de mim.

Com passos lentos como os de costume, caminhei até a cela, onde me abaixei em frente a porta passando a bandeja de plástico vermelho com o seu café pela brecha entre o ferro das barras e o chão.

- Bom dia, Heathan! - disse de forma calma enquanto me afastava da cela.

Seus olhos percorreram meu corpo dos pés a cabeça e seu suspiro profundo demonstrou o seu total desânimo em me ver outra vez.

- Enfermeira... tenho que admitir... nunca achei que me sentiria tão desanimado em ver uma mulher tão bonita.

Me sentei em uma cadeira próxima a cela, não tanto, claro.

- Eu sou o motivo do seu desânimo, ou é o fato de que não te tirarei de trás dessas barras?

Ele sorriu, passando a mão entre os cabelos encarando o chão em sua frente.

- Os dois. - seu olhar se desviou do concreto encontrando o meu.

- Terá que se acostumar, Heathan. Estarei aqui todos os dias em três horários diferentes.

Ele se levantou caminhando até o canto da cela, se sentando no chão e encostando-se nas barras.
Ficou praticamente do meu lado.

- Desde que você começou a vir eu reparei algo em você, enfermeira. - mexia nos cadarços de seu sapato desamarrado, aparentemente distraído.

- No que reparou, Heathan?

Ele ajeitou sua postura, encostando-se na parece e permanecendo com os braços jogados sobre os joelhos. E então olhou em direção as minhas mãos antes de dizer:

- na pena que sente de mim cada vez que olha um gesto meu ou quando abro a boca para falar uma maldita frase... Eu odeio o olhar que você põe sobre mim.

+16 | CASO N° 44 | Bill Skarsgård - Dark RomanceOnde histórias criam vida. Descubra agora