4| Your Fuffering Will Be My Entertainment.

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1842
Início do século XIX

Elizabeth...

Ao sair daquela sala, me encostei na porta de metal gelado e esperei alguns segundos para que meu coração voltasse ao seu ritmo normal.
Minhas mãos tremiam e eu ainda sentia sua respiração próxima ao meu rosto.
Uma respiração gelada.
Sua voz rouca sussurrando para mim, seu olhar frio de encontro com o meu...
O que ele faria comigo se não estivesse atrás daquelas barras de ferro?

"Ele te mataria, Elizabeth..."

Sim... ele me mataria...
Eu sentiria suas mãos ao redor do meu pescoço e ao perceber que o ar não chegaria aos meus aos meus pulmões, eu ficaria tão apavorada que não conseguiria me mexer.

E é claro que eu veria um sorriso em seus lábios.
De prazer, talvez... ou satisfação.

Me sinto decepcionada ao imaginar que não poderei ajuda-lo, que talvez meu esforço esteja sendo em vão e que em algum momento eu chegarei naquela cela e o verei sangrando naquele chão.
Ele cortará os pulsos de tanto tédio.
Por que em um homem como Heathan, você não vê dor em seus olhos, você vê o quão entediante é para ele observar você sem poder lhe fazer nada.
Então, sofrimento seria a última coisa que o faria desistir de viver por estar aqui...

Eu gostaria de poder sentir um pingo de sentimento vindo daquele homem.
Mas quando eu estou ao seu lado, tudo que sinto são calafrios.

- enfermeira... ainda está aí fora?

Sai do meu transe, ouvia sua voz ecoar por todo o corredor.

- você está triste comigo, enfermeira? Eu te magoei?

Me afastei da porta em passos lentos, olhando aquele brilho refletido pela luz amarelada presa ao teto.

- Enfermeira... não me ignore, fale comigo, eu gosto de ouvir sua voz...

Engoli em seco sentindo um arrepio subir da ponta dos meus pés até o meu último fio de cabelo.

- Eu te machuquei, não foi? Ah, eu sinto muito, enfermeira. Eu não queria machuca-la... eu não queria ter a assustado, por favor, volte...

Levei a mão a maçaneta abrindo-a, eu não posso simplesmente fingir que não estou o ouvindo, por mais que eu não sinta uma única parcela de sinceridade em suas palavras, eu sou sua médica, e tenho a obrigação de ir até ele sempre que ele me chamar.

- Heathan, você não me machucou eu.......

Observei sua cela...

Vazia...

Senti sua respiração em meu pescoço e sua voz ressoar ao lado da minha orelha.

- Não devia deixar as chaves no avental, enfermeira...

Seu sorriso está nítido em seus lábios, e eu não precisava me virar de frente para ele para saber disso.
Eu simplesmente sei disso, pois Heathan é assim.

- fiquei me perguntando quando você sentiria falta...

As pontas de seus dedos tocaram uma mecha de meus cabelos.
Senti os fios escorregarem por sua palma até cairem de sua mão.

- você não vai dizer nada?...

Ele riu baixo e aproximou seu rosto do meu pescoço, inalando profundamente o perfume em minhas roupas...

- Eu quero toca-la... você me deixa toca-la, enfermeira?

Fiquei em silêncio e fechei os olhos os apertando com força.

- me responda...

- n-não... eu... não deixo...

Ele riu, baixo, mas em claro e bom som.

- Mas eu quero tanto... sua pele parece ser tão macia... é tão pálida que posso ver as veias azuladas em seu pescoço... - senti seus láios tocarem o exato lugar que ele descreveu - eu causariaum um estrago tão grande em você se as cortasse... com apenas um movimento leve de uma lâmina afiada... Eu poderia ver seu sangue jorrar e manchar essa linda e preciosa pele pálida e macia...

Senti o dedilhar de seus dedos no meu pescoço, percorrendo cada centímetro da veia que ele observava com tamanho desejo.
Seus olhos, em um rápido movimento, se chocaram contra os meus e pude me sentir ser lançada contra a parede.
Uma de suas pernas de posicionou entre as minhas e suas mãos ásperas apertaram com força os meus pulsos contra a gélida parede de concreto atrás de mim.

- Ah, enfermeira... você é tão linda...

Sua respiração tão próxima a minha boca me causou um calafrio aterrorizante.

- por favor... você precisa me soltar... - disse de forma falha e trêmula, por um segundo, pensei que minha voz se quer fosse sair.

- Ah, não... não... não... nao me peça para solta-la e deixa-la livre da minha presença... eu não quero ver você cuidar dos outros... eu quero sua atenção só para mim...

- Heathan... p-por favor...

Sua risada baixa soou próxima ao meu ouvido e sua boca tocou minha orelha em uma mordida suave.

- Você pode implorar, minha querida enfermeira... eu quero que grite para mim hoje... o seu sofrimento será o meu entretenimento.

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