3.3 - Conduru

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(Continuação de Viagem)

Carla

Entramos naquela casa e eu senti uma energia surreal. Cada cantinho dela era marcado por alguma lembrança de sua avó.
Fotos dela com os netos... do casamento... os artesanatos que ela fazia... tudo naquela casa tinha alguma história que envolvesse Dona Sebastiana... e eu podia conhecê-la em cada história que Seu Bairo contava sendo completadas por Arthur sempre quando o avô se esquecia de algo. Foi lindo poder participar daquele momento tão forte é necessário pra ele. Ele precisava estar ali para que a dor da partida se transformasse em uma linda saudade. E foi assim que passamos aqueles minutos ali ao lado do seu avô.

Nos despedimos dele com a promessa de buscá-lo mais tarde para a reunião com toda a família em homenagem a nossa visita. Em Arthur, o avô se despediu com um abraço apertado e um agradecimento sincero por aquela visita. Já eu recebi um carinhoso beijo na testa, que me fez derramar algumas lágrimas por mais uma vez me recordar do meu avô.

Entramos no carro e mal havia fechado a porta, Arthur se debruçou no volante do carro e desabou. Chorava alto e soluçava como se tirasse um peso enorme de dentro de si. Me sentei em seu colo entre seu corpo e o volante e o abracei muito forte.

- Chora lindo! Desabafa! Deixa sair tudo o que precisa sair daí de dentro. Só assim você consegue amenizar um pouco a dor da ausência dela e transformar naquelas lembranças que você acabou de ter com o seu avô. Tenho certeza que ele ficou muito feliz com a sua coragem.

Arthur não conseguia dizer uma palavra. Chorava sentido enquanto me agarrava cada vez mais forte junto ao seu corpo. Ficamos ali por alguns minutos até ele se acalmar.

- Tá mais calmo?

- Acho que sim!

- Podemos ir agora? Sua mãe já deve estar impaciente nos esperando. - Disse enquanto enxugava as suas lágrimas e distribuía beijos em seu rosto.

Voltei  para o banco do carona e terminamos de chegar ao destino: A casa dos Picoli.

Para evitar o assédio dos vizinhos curiosos, Arthur preferiu entrar com o carro na garagem para que a gente não descesse na rua. Entramos na garagem e eram uma das visões mais engraçadas que eu já presenciei. Toda a família estava em pé, quase que enfileiradinhos esperando que descêssemos juntos de dentro do carro. Arthur desceu primeiro e já foi tirando o Dummy do cercado já que ele estava impaciente para correr atrás dos outros cachorros. Ainda dentro do carro, soltei o cinto do Chaplin no banco de trás e ele veio direto para o meu colo morrendo de medo de todas aquelas pessoas que ele ainda não conhecia.

Respirei fundo antes de abrir a porta do carro e quando consegui, vi uma das cenas mais lindas da minha vida. Todos os sorrisos e os brilhos nos olhares vinham em minha direção. É isso... não tem mais como voltar atrás... eu já conhecia e amava a cada membro dessa família como se sempre tivessem sido meus.

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Arthur

Caramba! Entrar denovo na casa dos meus avós acabou comigo. Eu não conseguiria forças para fazer isso sozinho... se não fosse por ela seria mais uma vinda a Conduru sem conseguir entrar na casa da minha avó.

Doeu muito...mas foi necessário e que bom que ela estava do meu lado o tempo todo.
Tentei disfarçar a cara inchada quando chegamos mas minha mãe e Thaís perceberam. Tentaram me perguntar algo mas eu disse que falaria em outro momento. Direcionei todo o foco daquela recepção para a chegada de Carla. Era ela a visita e quem merecia ser paparicada por todos.

Primeiro cumprimentou meu pai, que lhe deu um abraço tímido mas cheio de carinho. Em seguida veio Dani, que não sabia se ria de nervoso ou se se escondia debaixo da cama de tanta vergonha.

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