Um novo ângulo

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É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.

The little Prince


Eles pensavam que ele era um fantoche. Sempre pensaram assim. Primeiro o rei Unseelie o usou para seus próprios fins,depois seu pai Sebastian e agora Janus e sua mãe. Ash estava farto daquilo tudo,ele queria desaparecer.
Estava cansado de esperar pela promessa de Janus de ganhar o mundo, Ash havia chegado ao seu limite.

Certa vez ele lera em algum livro dentro de seu quarto na corte Unseelie, que pessoas podiam ter suas almas torturadas apenas até certo ponto; um dia qualquer elas acordavam decididas a não mais sofrer pelo que vinham sofrendo até então e mudavam o rumo das coisas. Ele se sentia assim,com uma imensa vontade de sair do casulo. Não mais deixaria que sua mãe o dominasse, não permitiria que Janus o usasse apenas para seu próprio benefício; se ele queria Clary, tudo bem,mas teria que ser como Ash quisesse. Já que Janus sozinho não tinha poder algum para ter Clary. Ash sorriu com o pensamento.

Ele estava agora sentado na Beira do penhasco, sob a neblina que começava a se dissipar devido a chegada do sol; Ash balançou os pés livres sobre o abismo,ali era seu ponto preferido para saltar e então subir em vôo. Sua mente vagou até a garota Blackthorn, Janus dissera que precisavam saber o paradeiro do descendente da Primeira Herdeira,que poderia vir a ser uma ameaça para Ash.
Ash não sabia quase nada sobre aquele mundo,mas com ajuda de alguém que pertencia a ele, poderia. Tocou no colar com pingente de quartzo azul ao redor do pescoço,ele começaria a jogar por si mesmo e começaria pela garota Blackthorn. Se ele se aproximasse dela e ganhasse sua confiança, conseguiria todas as informações de que precisava para então destruir aquele mundo de uma vez por todas.

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Sua mente ia e voltava, oscilando entre a realidade e a ilusão. Seu corpo estava pesado demais para que ele o movesse,ele teve a impressão de se levantar de onde quer que estivesse deitado; mas talvez fosse apenas sua alma teimando em recobrar os sentidos do corpo. Pesado demais,pesado demais para que ele o movesse. Ele teria que esperar,com muita paciência. Já passara por isso antes e sabia que se tratava de uma paralisia do sono, quando o cérebro entende que a pessoa ainda está dormindo e leva algum tempo para se desligar totalmente daquilo. Ele teria que esperar,mas era agoniante. Sentiu as pálpebras pesadas ao tentar abrí-las, mas não teve sucesso. Há muito tempo ele não sofria com isso,que droga!

Passado algum tempo (ele não soube dissernir se havia finalmente saído do torpor ou se estava sonhando), ele viu uma mulher vestida de branco se aproximar e tocá-lo no peito. Suas mãos eram tão leves,que ele quase não sentiu o toque.

-Desculpe,mas foi necessário.

Ela disse,a voz suave. Mas ele não compreendeu. Devia ser mais uma peça pregada pelas alucinações.

-Está na hora. -Ele a ouviu sussurrar.

Não conseguia ver seu rosto,havia muita luz ali.
Tentou se mover outra vez e então finalmente conseguiu abrir os olhos totalmente,deparando-se com escuridão; ele olhou para onde a mulher estava a pouco,mas estava sozinho agora. Havia armários do outro lado,gavetas trancadas e macas. Onde demônios ele estava?

Kit se sentou abruptamente e seus olhos fixaram-se no letreiro acima da porta principal daquele lugar:

Morgue.

Kit arregalou os olhos.

-Em outras palavras: Necrotério. Mas o que eu tô fazendo em um necrotério?

Kitty FanficsOnde histórias criam vida. Descubra agora