RESPONSABILIDADES

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"Não amo a espada brilhante por sua agudeza,
Nem a flecha por sua rapidez,
Nem o guerreiro por sua glória,
Só amo aquilo que eles defendem."
- J.R.R. Tolkien

Ah, liberdade... Agora tenho alguns segundos a sós. Argh eu odeio o Aragon porquê ele tem que ser tão chato sempre? Eu vivo enfurnado naquela academia sem direito a nenhuma diversão. Todos os outros podem fazer o que querem, sair quando der vontade, viver como bem desejam mas eu não. - Que injusto! Quer saber enquanto não me encontram acho que deveria aproveitar e sair daqui. - O dia está muito bonito para não ser apreciado.

Subo até a velha árvore de cedro, minha aliada de todas as fugas. Seus galhos são resistentes e me levam até o outro lado do muro de ferro. Eu poderia facilmente pular a grande parede se ela não fosse tão grande e minhas habilidades só funcionam aqui fora pois qualquer forma de magia é reprimida naquele espaço.

O vento sopra sem pressa, as folhas quase não vibram e os pássaros cantam como se estivessem a participar de um coral, em perfeito acompanhamento. A chuva não cai a muito tempo, o que não é um bom presságio, mas sabemos que em breve Lyra estará no ciclo das reencarnações, e o mal vai tentar dominar essa terra.

E foi por isso que nasci, para ajudá-la a ganhar essa guerra. Só não imaginei que estaria lutando tanto tempo sozinho, essa responsabilidade... As vezes sinto que é muito para mim, não sei se sou capaz de proteger esse lugar não consegui proteger nem mesmo a minha irmã.

Fui o primeiro filho dos Hughard, meus pais descobriram pouco antes do meu nascimento que eles haviam sido os escolhidos para carregar a linhagem pura dos guerreiros de Lyra, o que era uma honra para qualquer Homem e mulher, mas que carregava uma responsabilidade enorme com esse título. Significava que os seus filhos seriam responsáveis pela vitória do bem ou se fracassarem deixar as trevas escravizarem nosso povo. Eles carregariam o nome de duas da estrelas da constelação de Lyra também conhecida como o triângulo do verão Altair e Vega, no décimo quarto dia do último calendário do mês um menino nascia nesta terra, seu nascimento foi aclamado e comemorado durante três luas, não era assim com todas as crianças apenas com aquele garoto que deveria ser o braço direito da guerreira que ainda iria nascer. Minha mãe ficou grávida novamente, Mas algo não correu como o esperado em uma fatídica noite ela sentiu dores, dores que não eram comuns como se a criança estivesse sofrendo no ventre dela, eu era apenas uma criança mas lembro dos olhos preocupados de minha mãe e do sangue no lençol. Ela amava aquela criança e não queria vê-la partir. Eu não sabia o que fazer saí batendo na porta das tias da nossa vila pedindo ajuda:

-Tia, Socorro. Minha mãe está sentindo dor!

Corria com toda velocidade, meu coração batia forte por medo de perder minha mãe ou minha irmã.

- Por favor ajude-me, minha mãe está sangrando.

Os olhos embaçados de lágrimas me impediam de ver claramente o caminho.

- Tia Yuna, ajude minha mãe. Ela está sofrendo muito .

Ela segurou no colo e me entregou ao tio, que estava ao seu lado, com pressa entrou na casa pegou lençóis brancos e uma taça muito bonita que apenas vi uma vez na vida, naquela noite, mas havia pedras de um vermelho vivo, que hoje eu sei que seria rubis, runas foram desenhadas deixando a peça ainda mais bonita e valiosa, ouvi ela recitar um canto em uma língua desconhecida para mim. Logo após ela partiu levando as outras tias para minha casa.

UM PASSO PARA OUTRO MUNDOOnde histórias criam vida. Descubra agora