O Reencontro

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Bom, vou começar me apresentado.

Me chamo Giovanna, tenho 28 anos, sou como posso dizer, de presença. Com meus cabelos negros lisos até a cintura, pele morena, e olhos grandes. Estou me arrumando de frente para o meu espelho, visto um vestido preto longo, meus cabelos soltos. Me vendo assim, eu paro pra pensar o quando mudei, ainda me lembro de ir pra escola com cabelo preso pra trás, em um rabo de cavalo, lembro-me do meu uniforme, das espinhas, e outras coisas de adolescente. Hoje vejo em mim uma pessoa diferente, embora dizem que eu ainda tenho os mesmos olhos sorridentes.

Essa noite, vou a uma apresentação tocar piano, embora nunca tenha tocado ao ar livre, muito menos no dia dos namorados. Estou tão nervosa que minhas mãos soam.

Enquanto pensava na apresentação, um carro buzina lá fora, me tirando do meu devaneio. Sete em ponto, nunca antes, ou depois, sempre pontual.

Ao descer as escadas, Andrei meu melhor amigo, está me esperando na sala, muito bonito,- Alto, branco, cabelos lisos, de um castanho profundo, penteado de lado, um terno justo no seu corpo bem definido, e um proeminente rosto fino,- já impaciente.

-Sabia que já estamos atrasados? Pega o casaco está muito friu lá fora.

Já dentro do Sedan preto dele, fomos rindo e conversando até o local.

Era um parque. Lindo e todo iluminado, com uma decoração típica da data. Meu piano preto, estava no centro do palco, todo iluminado. Agora me dou conta de como estou nervosa. Não é facil tocar pra casais apaixonados, que querem dançar, e sussurar o quanto se amam. Enquanto nós os músicos, fazemos o clima.

-Viu, vamos ficar pertinho essa noite. Dessa vez, vê se não erra muito, ou chamo sua atenção na frente de todo mundo. -Andrei, você não perde uma né!?

Rimos alto os dois. O Maestro vem chegando a passos largos. Um homem firme já de meia idade. Embora sério, também era muito atencioso, educado.

- Já vai começar, vão para os seus lugares. E boa sorte...

Respiro fundo, empurro o medo que ainda sinto pro fundo da mente. E entro no palco meio sorrindo. Todos esses anos tocando pra várias pessoas, e ainda tenho medo de passar vergonha. Lá em cima era outra coisa, ás pessoas te olhando, tirando foto, cochichado seu nome, apontando para o piano assim que você passa pelos outros músicos. Vou até a frente, respiro fundo e falo;

- Boa noite, hoje em comemoração ao dia dos namorados, nós vamos tocar um repertório de músicas romanticas, que será apresentado no decorrer da programação.

APLAUSOS......

Engraçado, como a vida muda de uma hora pra outra, e tudo sai do seu devido lugar, é como se fosse um espetáculo, você tem tudo, sabe como vai ser, aì do nada, alguém resolve refazer uma peça antiga, que não teve sucesso, e que você tenta apagar da sua memória todo dia. Foi assim que eu me senti, num estante estava tocando meu piano, sentindo cada movimento, cada nota, cada acorde penetrando minha alma, quando levantei os olhos. Ele estava lá, foi como um imã, olhamos ao mesmo tempo. Foi como falar com ele do passado, de tudo que dissemos, e deixamos de dizer. Como? Como deixamos acontecer? Meu passado foi passando pela minha memória, como um filme. Tudo. Carinho, amor, raiva, dúvidas. Tudo de uma só vez, bastou um instante pra virar meu mundo de ponta cabeça...

A música acabou, nossos olhos se desviaram, me levantei olhei para a todos, sorri e sai correndo...

A Música Da Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora