A Música Da Minha Vida

O Passado

Senti alguém me agarrando pelo braço, o medo me tomando, senti a garganta seca pelo medo. Será que era ele?

Andrei, vem quase correndo me encontrar, passa esbarrando nos outros e me dá um puxão;

- Espera, espera. Nossa você está pálida, o que aconteceu? Parece que viu um fantasma. Todo mundo ficou olhando, achei que você tivesse passando mal.

Estava louca pra sair de lá, se eu pudesse iria correndo até em casa. Quase gritei de desespero.

- Realmente estou passando mal, vou pra casa, não precisa me levar eu pego um táxi. O pessoal vai ficar esperando a gente. Vai com eles, depois a gente se fala. - Claro que não. Eu te levo. Se você está tão mal assim, eu não vou deixar você por ai. Pega suas coisas e vamos...

No caminho pra casa não falei quase nada, queria fingir dor de cabeça, mas ele já me conhece a muito tempo, e além do mais não minto com tanta frequência, não pro Andrei, ele é sempre tão cincero comigo.

Andrei estava sério. Ele sempre ficava sério quando estava dirigindo, mas agora estava mais que de costume. Então ele respirou fundo e começou a falar;

- Eu sei que ele estava lá... -Como? - Ele trabalha lá agora. Depois que você saiu eu dei de cara com ele, e ele me disse que estava organizando tudo, que foi chamado pra trabalhar com a gente durante um ano. Ele não sabia que era você, porque enquanto conferia os nomes, ele viu o seu. Me perguntou seu nome todo, seu perfil, quantos anos, tudo. Assim que ficou claro que era você,ele saiu meio desorientado. E saiu quase correndo pro lugar dele. Tenho certeza que ele não tinha acreditado até te ver lá tocando.

Acenei com a cabeça confirmando. Não queria falar sobre isso, sobre ele. Fiquei olhando pela janela os outros carros passando ao nosso lado. Tinha que desabafar com meu amigo. Nem com minha mãe eu falava muito nesse assunto. Talvez fosse pelo fato do olhar profundo do Andrei, que as vezes me deixava sem graça, e ele só falava depois que eu terminava. Coisa que minha mãe não fazia, já ficava nervosa, e saía gritando, ou pior ainda, queria tomar satisfação com a pessoa.

Estava tão longe em meus pensamentos, que nem percebi que já estava na porta de casa;

- Entra um pouco, vamos tomar alguma coisa, já que não fomos a lugar nenhum. - Gi, já está tarde, amanhã eu volto. Você teve um dia ruim, e eu não estou me sentindo bem ultimamente. - Lembra quando te conheci,- olhei nos olhos profundos dele,- Foi na época que aconteceu tudo aquilo também, você nunca me pergunto nada, mas também nunca deixou de estar comigo. Me limitei contar o básico, mostrar cartas, fotos, e toda vez que você perguntava, eu dizia que passado fica no passado, e que não importava mais. Hoje quero desabafar com você.

Vou te contar tudo...