Sentimentos São fáceis de Mudar... Basta um Olhar, que o outro não espera....

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Um mês depois, já estavamos em casa. deixei ele na minha sala de música, agora uma mini U.T.I, já tinha até equipe médica, entrando e saindo toda hora de casa.

Ele estava debilitado, já não tinha mais cabelo, não caiu todo de uma vez, mas com medo de se deprimir mais ainda, Andrei pediu que raspasse todo o cabelo, se era para perder, que fosse de uma só vez. Estava pálido, por causa do tratamento, tinha perdido peso rápido. As vezes ficava falando coisas sem sentido, ou vomitava do nada, por causa do tratamento intenso.

Mas toda manhã pedia que eu tocasse pra ele, como eu tinha deixado meu piano antigo no, agora quarto dele, Andrei podia ouvir música sem ter que se levantar da cama.

Um dia, ele sentou na cama com muita dificuldade, e foi falando bem de vagar;

- Toca Coração que Sente pra mim.

Virei as costas, já com o choro na garganta, e comecei a tocar. Cada nota pesava em minha alma, um sentimento único, que tenho certeza que jamais vou sentir em minha vida. Uma melodia profunda. Toquei a música toda de olhos fechados até o fim. Por fim quando toquei a última nota, e esperei o som morrer, me levantei, e pra minha surpresa, ele estava sorrindo pra mim.

Depois de meses, cansativo de trabalho, casa, hospital, tratamentos fortes, noites sem dormir, e muito mais. Decidi me afastar também.

Acho que tudo começou aí.

Como eu pedi afastamento, nem me importava em sair de casa, tinha medo de sair e não voltar a tempo de socorrer o Andrei. Então, eu mesma arrumava a casa, cozinhava, e conseguia cuidar do Andrei. Ficava horas lendo, ou cantando, ou tocando pra ele. Comecei a acordar cedo, tipo umas seis horas da manhã, descia de meia pra não fazer barulho, ou ficava perambulando pela porta do quarto, ou sentava na poltrona, e ficava lendo uns livros.

Levava ele pra tomar sol no jardim de casa, ou até dar uma voltinha na rua, de manhã cedinho. Quando ele estava no jardim comigo, ficavamos sempre de mão dadas. Andrei era muito diferente de Louis. Era expontâneo, gostava das mesmas coisas que eu, tinha mente aberta, amava a música, e recitava poesias, muitas das vezes de olhos fechados, enquanto acariciava minha mão, ou cantarolava músicas lindas. Até que fui notando uma pequena melhora nele.

Até que um dia, voltando do hospital, ao abrir a porta, com ele encostado em mim, Andrei sentiu fraqueza nas pernas, e meio que caiu pro lado, de frente pra mim, de modo que, seu rosto ficou colado no meu. Eu não tive reação, ele muito menos. Ficamos parados olhando nos olhos um do outro. Meu coração deu um pulo tão forte que até doeu. E comecei a respirar rápido, sentia meu coração aos pulos. O rosto pálido do Andrei ganhou uma cor meio avermelhada. Eu podia ver a veia em seu pescoço, pulando bem rápido, seu peito subia num ritmo acelerado.

Desviei os olhos, e atrapalhadamente consegui abrir a porta, e entrar. Ficamos calados depois daquilo tudo. Eu realmente descobri algo crescendo dentro de mim. Acho que um sentimento muito forte desabrochou em mim...

Depois de meses felizes, Louis me ligou;

-Preciso te ver, sei que está triste, mas eu também sinto saudade de você... - Não sei, vou pensar ok? Depois a gente se fala;

Assim que desliguei, o telefone tocou de novo;

- Alô!? - Ai meu Deus, filha como vocês estam? Não pude ir aí, mas meu corção chora por vocês. E Louis? Toma cuidado com ele viu, você lembra de como as coisas acabaram. - Mãe? - Sim? - Estou com tanto medo. - Gi, meu amor, talvez agora fosse a hora certa pra você, repensar a sua vida. Talvez a felicidade, está ao seu lado, e você só está deixando ela passar. E tenho certeza que vão passar por isso juntos

A Música Da Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora