Humana Esperta

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Jamais havia sentido uma mente como aquela.

No momento em que as mentes de Druig e Alvorada foram conectadas, uma porta se abriu na mente do eterno, e ela entrou.

O eterno observou a coloração dourada que dominava os olhos da mulher se tornarem completamente brancas e ele sabia que seus olhos se encontram da mesma forma. Sem acreditar no que estava acontecendo ele observou impotente a humana invadir sua mente sem que pudesse impedi-la.

A mente de Druig se tornou um um mar aberto para Alvorada, cada onda era uma memória que a empurrava mais para baixo, mais para dentro, estava sufocando e cada tentativa de voltar a superfície só a levava mais fundo, eram um turbilhão de lembranças que iriam esmagá-la a qualquer momento, e lutar contra isso parecia impossível.

Exausta, se rendeu à força daquela mente e apenas se deixou levar cada vez mais adentro da mente daquele, que ela sabia agora ser um Eterno.

E foi nesse momento que Alvorada desmaiou, em um rápido reflexo, Druig a pegou, impedindo que ela caísse no chão.

(...)

Druig observava a humana deitada na cama.

O eterno a olhava ainda incrédulo com o que acontecerá, jamais, em mais de sete mil anos naquele planeta ele passou por algo remotamente parecido antes.

Ele sabia que humanas poderiam possuir habilidades especiais, dons, ou coisas do gênero, mas mesmo quando seu caminho cruzou com alguns daqueles humanos, eles jamais se mostraram imunes ao seu poder, nem mesmo os de sua espécie eram imunes ao seu controle da mente.

Mas aquela mulher, aquela humana, aquela invasora, não somente era imune aos seus poderes, como conseguiu acessar sua mente com a mesma facilidade com o que ele fazia com os da espécie dela.

Era uma sensação estranha a de ter alguém dentro de sua mente, nunca esteve daquele lado da experiência, era uma sensação que jamais imaginou que poderia sentir, entretanto ali estava ele, olhando para aquela completa desconhecida, que agora o conhecia melhor do que qualquer outra pessoa que já cruzou seu caminho.

Se sentia exposto, em desvantagem, e isso era algo que Druig não estava habituado a sentir, em menos de cinco minutos com Druig, Alvorada já tinha feito o eterno sentir mais coisas do que em todo o tempo em que ele havia se separado de seus companheiros eternos.

O sono dela não parecia tranquilo, e ele gostaria muito de saber o que se passava naquela mente tão inquieta, será que sonhava com as memórias que tinha visto na mente dele? Era impossível saber, e isso o frustrava em um nível que não sabia ser possível.

Decidido a ter pelo menos algumas certezas quando ela acordasse, deixou o quarto.

- Me avise quando ela acordar. - pediu a Iva. - E por favor, não fale nada sobre ela para os outros.

A senhora que estava sentada na varanda da casa assentiu. Iva era a mulher mais velha do vilarejo, e também, junto a esposa, a única que sabia quem Druig, verdadeiramente era, as outras pessoas o viam apenas como um eremita que vivia distante e raramente interagia com os demais, mas todos de algum modo sabiam que ele deveria ser respeitado, pois estava lá desde que podiam se lembrar, e era sempre a quem recorriam quando algo estava errado, sua presença era calma e os dava segurança, ao mesmo tempo que medo e receio. Ninguém nunca o questionou ou ao menos sentiu necessidade de fazê-lo.

Antes que o eterno pudesse ir, a voz de Iva o alcançou e ele se voltou para ela.

- Ela tem algo de diferente. - não era uma pergunta.

I Feel You - DruigOnde histórias criam vida. Descubra agora