Pólvora e adaga

05

Morgan

Uma mulher responsável pela direção da escola acabou de nos dar uma notícia... boa? Ou ruim? Depende do ponto de vista de cada um. Poderemos treinar, lutar, enfim, quem quiser participar, terá mais informações. Não me importo muito, não vou participar, não me interesso pelo assunto. Disse isso a Jude há alguns minutos, e desde então ela insiste em me convencer a participar.

-Por que você não vai? - me pergunta.

-Não quero, não preciso, não sou obrigada!

-Mas... - a corto.

-Mas... nada! Se você gosta tanto, por que você não vai?

-Morgan, entenda, eu não pratico a violência, apenas a estimulo...

Rio de sua resposta; não vou participar, estou decidida, tenho outros planos para o meu tempo livre, planos que não envolvem sangue, olhos roxos e ossos quebrados.

A aula logo termina, e vamos todos para casa. No caminho, encontro Astrid.

-Oi! - a cumprimento. Me sinto estranha o fazendo, afinal, ela é a nossa princesa.

-Oi, Morgan! Como vai?

-Bem... bem normal.

-Ah, que bom, eu acho. Mas enfim, o que vai fazer hoje a tarde?

-Nada, estudar um pouco, depois, nada.

-Bom, estava pensando, quer jantar lá em casa? - cômico, é cômico como ela diz "lá em casa", como se fosse realmente só uma casa, e não o Palácio. Penso sobre o convite, não faria mal algum.

-Claro, que horas?

-Seria legal se você passasse o dia lá, e ficasse para o jantar, poderíamos ir agora mesmo - ela sorri.

-Aceito seu convite, mas tenho que perguntar ao meu pai se posso ir, se ele deixar, eu vou!

-Perfeito! E não se preocupe com meu irmão, ele é inofensivo - inofensivo? Okay, não acredito que ele possa realmente me ferir, pelo menos não fisicamente.

Nos despedimos e pego meu telefone para ligar para meu pai, quando vejo Caleb passando. O conheço desde sempre, além de nosso tenente, é meu padrinho; talvez ele saiba onde meu pai está.

-Ei, Caleb! - o chamo. Seu cabelo está longo e sedoso, na altura do pescoço, realmente muito bonito. As tatuagens tribais em sua pele escura, cobertas pelo uniforme da Guarda.

-Fala, pirralha! - ele diz, quando se aproxima.

-Sabe onde está meu pai?

-Seu pai? Ah, o nosso querido capitão, deve estar delegando ordens a torto e a direita por aí! - ele diz, com certo escárnio, o que é estranho, considerando que ele sempre o respeitou, e que eles são melhores amigos.

-Tenente, está tudo bem?

-Claro! - ele responde, como se saísse de um devaneio - Por que não estaria?

-Parece... irritado. Irritado com meu pai, por sinal.

-Não se preocupe Morgan, adultos brigam as vezes, assim como vocês, crianças. Mas logo estamos bem, relaxa.

-Se você diz. Mas então, onde meu pai está?

-A última vez que vi ele, estava na torre de segurança, na torre leste. Se for urgente, pode usar o meu walkie-talkie, ele está sempre atento à ele.

-Não precisa, eu vou até ele. Ia mandar uma mensagem, mas ele demora para responder.

-Isso é verdade, eu nem sei porque ele tem telefone - rimos um pouco - mas enfim, tenho que ir, cuidado por aí Morgan.