Segunda, 29/11/2021
~ Pov Arthur ~
Ontem foi aniversário dela, 31 anos da mulher da minha vida, que mais parecia uma garota de 15 anos. Mas, assim como nos últimos 4 meses, não nos falamos. Ficamos um tempo juntos depois do programa, havia muitos sentimentos, mas por conta das desconfiança, pressões, ameaças e tudo mais resolvemos por um fim a tudo. Nos limitamos a uns raros contatos no grupo com os ex colegas de confinamento. Foi melhor assim.Estou em Conduru há 5 dias, organizei uma social com meus antigos amigos e a família; assisti a derrota do Flamengo com meu pai e passei o domingo inteiro pensando no que ela estaria fazendo pra curtir o aniversário. São 6 a.m quando desperto com o meu celular tocando, o nome no visor me diz que é um sonho e volto a dormir, a insistente música de Revelação me faz acordar, não consigo acreditar que é ela me ligando. Atender ou não atender? Eis a questão...
A: Alô
C: Ei garoto, te acordei?
A: Se isso não for um sonho, sim
C: Bobão pra idade
A: Fala dona Carla
C: Como você está?
A: Tô bem e você? Ah, há propósito, parabéns, muitas felicidades, vc merece.
C: Esqueceu do meu dia?
A: Pelo contrário, lembrei até demais
C: E porque não me ligou?
A: Não quis incomodar
C: Você nunca incomoda
(Ficamos na linha ouvindo as respirações aceleradas, sem saber mais o que dizer, até que tomo a iniciativa)
A: Você não me ligou pra cobrar o parabéns não né?
C: Nossa, que grosso. Não gostou de falar comigo?
A: Não é isso, só queria saber o motivo da ligação (digo baixando a guarda)
C: Meu pai
A: Como assim, ele tá bem?
C: Tá sim, veio do Uruguai passar meu aniversário comigo, vai levar uns dias aqui e quer te ver
A: (gelei) Me ver? Como assim, o que eu fiz?
C: (dando aquela risada gostosa dela) Nada ué, só disse que queria te conhecer, falei pra ele que não seria uma boa ideia, já que não nos vemos a tanto tempo, mas ele insistiu. Eai o que acha?
A: Nossa. Não esperava, mas pra mim tá de boa. Só tem um porém. Eu tô em Conduru, sem previsão de voltar pro RJ e menos ainda de ir em SP. Ele vai levar quantos dias aí?
C: Tá indo embora no próximo dia 7. Mas se não tiver problema pra vc, podemos ir aí, afinal ele que quer te ver, ele que tem que ir, justo.
A: Aqui em Conduru? (Falei espantado, sempre quis trazer ela aqui, mas nunca tive oportunidade, ver ela cogitando a possibilidade de vim, me deu um frio na barriga)
C: Sim, uai. Você não está aí? Se não tiver problema é só avisar a dona Bea pra colocar água no feijão que daqui pro final da tarde estamos chegando.
A: (ela não pode tá falando sério nessa tranquilidade toda) É sério isso?
C: Sim garoto, preciso de sua resposta pra arrumar as malas.
A: Não, tudo bem, pode vim. Vou falar com minha mãe...
~ Pov Carla Meu ano tá sendo incrível, dei uma volta de 360° na vida, o BBB me rendeu bons frutos. Estou trabalhando como nunca, mas desde sábado estou off. Curtindo meu papito que veio comemorar comigo o meu aniversário. Ontem foi maravilhoso, enfim família reunida. Só não foi melhor porque não tava ele, o menino que virou minha vida de cabeça para baixo. Mesmo já tendo passado 4 meses que não nos falamos, não consigo parar de pensar nele todos os dias. Esperei uma mensagem de parabéns no dia de ontem mas não veio. Hoje acordei bem cedo para fazer uma caminhada com meu pai do nada ele veio com a ideia dizendo que queria conhecer o menino de Conduru. Sabendo que isso não seria uma boa ideia logo tratei de dizer não a meu pai e inventei várias desculpas e mesmo assim ele insistiu, falei que ele não estava no rio nem São Paulo, mas no espírito santo na casa dos pais. Meu pai como um bom aventureiro e querendo passar mais tempo comigo sugeriu que fôssemos até lá. Na hora gelei com a sugestão dele; já tinha sido convidada para conhecer esse cantinho do paraíso por muitas vezes, mas infelizmente o destino não permitiu que eu fosse. Conversa vai, conversa vem, chegamos em casa e meu pai falou com minha mãe a ideia que ele teve e ela a-do-rou. Ai ai dona Mara pensei que você estaria do meu lado. Não tinha para onde correr liguei para ele, falei sobre os nossos planos; ele por mais assustado que estivesse ficou de passar o roteiro da viagem e nos esperava lá. Malas prontas lá vamos nós. Próxima parada: Conduru
~ Pov Arthur ~
Já faz uns 10 minutos que ela desligou o telefone dizendo que chegava aqui em casa em breve e eu realmente não sei o que fazer. Preciso falar com minha mãe ou ela vai ficar uma fera quando vê-la chegando em casa. Vai dizer que a casa tá bagunçada, para não reparar a bagunça que não fez comida, mas eu não sei nem como tocar nesse assunto. Todos aqui em casa sabe como eu ainda sou louco nessa mulher, mas sabe também o quanto eu sofri, por isso evitam o máximo tocar no assunto. Crio coragem e vou falar com minha mãe, ela está na sala assistindo TV com meu pai, vou na cozinha tomar uns 15 copos de água e ao perceber meu nervosismo ela diz:
B: Filho, o que tá acontecendo você tá quase secando o tanque de água de casa?
A: Mãe, preciso dizer uma coisa, mas não adianta me perguntar que eu não sei explicar como isso aconteceu.
B: Ai meu Deus fala logo, Arthur (Olho para ela e para o meu pai, a tensão é palpável, então respiro fundo e com coragem digo)
A: a Carla tá vindo para cá
B: A Carla, Carla? Carla Diaz? Como assim?
A: (explico pra ela toda história) enfim é isso
B: Enfim é isso? Como assim Arthur porque você está tão tranquilo?
A: Mãe, eu não estou tranquilo, eu estou anestesiado.
B: Zé, vai no mercado, compra as coisas dessa lista. Arthur, liga pra Thaís vim me ajudar e manda Danny vim fazer um bolo.
Saio da cozinha e deixo dona Beatriz lá a mil querendo fazer tudo ao mesmo tempo. Peço a Danny pra fazer um bolo de chocolate, sabor preferido da Carla. E já vou ligando pra Thaís..
T: Dia de segunda é minha folga, esqueceu?
A: Tô te ligando como irmão
T: Que merda vc fez agora, hein?
A: Eu nada, mas se vc não tiver sentada com a notícia que vou te dar agora, é caixão e vela.
T: Meu Deus Arthur, para de drama e fala logo
A: Ah é drama? Pois então lá vai: Carla tá vindo aqui pra conduru com os pais, deve chegar antes das 17h e a mãe pediu pra vc vim ajudar ela - falei num fôlego só.
T: Minha nossa senhora, como assim gente? Onde foi que dormir que já vai ter até almoço em família?
A: Família nada. O pai dela que quer me conhecer e você sabe muito bem que ela não quer nada comigo.
T: Tá, tá. Muita informação pra processar pelo telefone, vou arrumar o Pedro e estamos indo aí.
~ Pov Carla ~
Já dormi e acordei não sei quantas vezes e ainda estamos na estrada, que lugar longe. Mas agora que vai chegando perto perdi o sono, suo frio, minha barriga da voltas, minhas mãos tremem, minha mandíbula está tão tensa que sinto até dor. Minha mãe logo percebe..
M: Carla? O que tá acontecendo?
C: Não sei mãe, acho que é hipoglicemia
M: Hipoglicemia ou nervosismo pra conhecer a sogra?
C: Manhê
Ela e meu pai riem muito até que avistamos a placa informando que Conduru estava há 5km. Resolvi mandar mensagem pra ele. Agora não tem mais volta. Seja o que Deus quiser.
Leitora há 20 anos e pela primeira vez: escritora/autora. Tenham paciência com a iniciante aqui rs. Se vocês gostarem em breve trago a parte dois dessa história. deixem estrelinhas, comentários e sugestões. Até a próxima, L.
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Pequenos gatilhos Carthur
Short StoryEnquanto Carthur nos gatilhar do outro lado, do lado de cá fanficaremos.