Capítulo 2

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As duas cabeças se voltaram para os livros, mas nenhum dos dois continuou com a leitura, aquilo era esquisito e desconfortável demais.

— Você não voltou para casa pro Natal – Hermione apontou incapaz de controlar sua curiosidade e aquilo soou como uma acusação.

— Nem você – ele respondeu no mesmo tom.

— Meus pais estão viajando – Hermione se viu justificando.

Céus, ela tinha mesmo ficado maluca.

— E seus amigos?

— Não quis ir com eles.

— Sério? – Draco perguntou com um resquício de interesse. – Problemas no paraíso?

— Não vou discutir minha relação com meus amigos com você – ela falou na defensiva, mas Draco não insistiu, apesar de sustentar um sorriso desdenhoso no rosto. – E você? Por que não foi pra casa? – Hermione fez a pergunta mais para mudar de assunto do que esperando uma resposta.

Ela achou que Malfoy falaria algo engraçadinho e desconversasse como ela fez, por isso quase caiu da cadeira quando recebeu uma resposta honesta.

— Eu vou pra casa... só que, vou o mais tarde que puder. Só no dia 24.

— Problemas no paraíso? – ela devolveu a pergunta.

— Não quero ir pra lá... não quero... – ele começou, mas não terminou.

— Fazer parte disso? – Hermione sugeriu. - Seja lá o que "isso" for.

— É... quer dizer, eu já sou parte... mas eles não me deram... eu não escolhi... não quero... – ele começou a balbuciar de novo.

— Tem certeza que não quer falar com Dumbledore, ou um dos profe...

— Não! Ele tem espiões... saberia se eu falasse alguma coisa... e então meus pais...

— Quem tem espiões? – Hermione quis saber. – O que é que tem seus pais?

Draco se virou pra ela num estalo, como se suas perguntas o despertassem de seu transe.

— Por Salazar, Granger! Por que têm que ser tão intrometida?

— Intrometida?! – ela escutou direito?! - Como se eu tivesse correndo atrás de você, tentando arrancar informações. Foi você que veio até mim, balbuciando frases incompletas, foi você que citou o seus pais.

— De novo, eu só estava pensando em voz...

— Acha que sou idiota? – Hermione gritou, fazendo a cadeira chiar ao se virar para Malfoy. - Acha que não sei juntar 2+2? Estão te chantageando, não é isso?

— Céus, Granger! Não consegue se conter, não é? Tem sempre que bancar a heroína. Isso faz parte de alguma cota diária que a Grifinória obriga vocês a cumprir?

— Eu estava te oferecendo ajuda. Vá para o inferno, Malfoy!

— Já estou nele, Granger – ele riu sem humor. - Não vê que sou a porra do Holden Caulfield, andando sozinho e sem rumo? Ah, foda-se – Malfoy decretou, levantando de sua cadeira e indo embora, sem olhar para trás.



Na hora do jantar Draco tinha escolhido o lugar mais distante de Hermione possível, o que a bruxa tomou com grande alívio. Se ela estava procurando uma distração para não pensar em Rony, tinha que admitir que Draco era melhor que a encomenda.

A Trégua: Um conto DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora