Capítulo 6

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23 de Dezembro


Hermione sonhou com Draco naquela noite. Eles estavam patinando no Lago Negro completamente congelado e numa de suas manobras, o bruxo enlaçou sua cintura com as duas mãos e uniu seus lábios sem aviso, num movimento gentil e carinhoso. As mãos de Hermione foram para seu cabelo e a outra traçava a linha do maxilar, enquanto provavam o gosto um do outro...

A bruxa censurou a si mesma por acordar sorrindo. Até a parte de sua mão que Malfoy tinha tocado naquele abraço bizarro de ontem, estava formigando.

Ela sabia agora qual era a regra que faltava à sua lista: Não se apaixonar.

Por Godric, não! Ela não estava... isso é simplesmente ridículo! Se recusava até em pensar no assunto por mais um segundo que fosse. Resolveu terminar o trabalho que tinha começado e ficou ocupada com ele a manhã toda, depois desceu para o almoço, que teria sido muito mais fácil se suas entranhas não ficassem se retraindo.

Hoje Draco não tinha sentado tão longe, e lhe lançava olhares furtivos de tempos em tempos. Hermione ficou feliz quando saiu e se viu livre da vigilância, mesmo que fosse reencontrá-lo alguns segundos mais tarde. Considerou inventar uma desculpa para se livrar dos encontros com Malfoy, mas lá estava ela, evocando a Sala Precisa mais uma vez.

Draco entrou primeiro, parecia muito interessado no que ela ia inventar para a tarde de hoje, e Hermione segui-o tentando se contagiar com a animação do sonserino.

— Que lugar é esse? – Draco indagou, olhando em volta.

Estavam em uma sala de estar simples, com 3 paredes brancas. A quarta, no entanto, era de tijolos, onde ficava a lareira, que tinha à sua frente um tapete branco grosso e felpudo. Um grande sofá bege comportava inúmeras almofadas de vários tamanhos, e um pinheiro recém cortado, porém vazio, estava ao lado da lareira, compondo um ambiente familiar e acolhedor.

— É a casa da minha avó – Hermione respondeu nostálgica, quase tocando as memórias no ar. – Ou pelo menos uma imitação.

— O que viemos fazer aqui? – Draco perguntou curioso.

— Bem, na verdade, isso será o seu Intensivo de Natal.

— "Intensivo de Natal" – Draco repetiu rindo.

— Sim, vamos decorar a casa, montar a árvore, fazer biscoitos e quem sabe até... uma pequena ceia... se você concordar. Sei que combinamos de jantar com todo mundo no Grande Salão, mas furar apenas uma noite, não me pareceu tão ruim.

Por Merlim, ela estava mesmo sugerindo que passassem mais tempo juntos depois de considerar nem vir ao encontro? Ela estava mesmo enlouquecendo.

— Você sabe que eu topo qualquer coisa que implique em quebrar as regras – ele respondeu pegando um porta-retrato da estante que mostrava Hermione quando criança, no colo de sua avó.

— Ótimo, eu também tenho uma regra nova pra hoje: é proibido usar magia. Vamos fazer tudo manualmente – ela levantou as mãos ao ver um protesto se formar na boca de Draco. – Hoje quem manda sou eu, esqueceu? Vamos!

Ela ficou na frente dele, com a mão estendida até receber a varinha de Draco e guardá-la junto com a sua no pequeno aparador ao lado de onde a porta aparecia.



Os bruxos desceram do sótão quatro caixas grandes, que foram espalhadas pela sala. Hermione correu depois para o porão onde pegou uma pequena escada enquanto Draco desembaraçava os pisca-piscas.

A Trégua: Um conto DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora