Brincar de fingir

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Chegaram no local da tal integração, Christopher estacionou o carro depois de muito praguejar buscando por uma vaga. Assim que saem do carro escutam o barulho de pessoas conversando por todo lado e puderam sentir o cheiro de comidas vendidas em barracas diversas.

O chefe era muito pão duro para alugar um clube, um espaço aberto ou algo assim, então todos os anos iam a convite de uma escola primária que ficava não muito longe de onde trabalhavam e assim tinham que se espremer em cadeiras pequenas e jogar seu tão amado futebol em um campo relativamente menor enquanto o restante das pessoas se espremiam em arquibancadas ridicularmete minúsculas. Em troca do espaço a escola proibia levar quaisquer tipo de alimentos disponibilizando barracas com todo tipo de comida (não muito saudável) a fim de arrecadar fundos para reformas escolares e coisas do tipo. E essa era a desculpa que o chefe usava todos os anos, uma pão duragem disfarçada de boa ação. Mas ninguém contestava, afinal era "tudo pelas crianças".

Christopher segurou firme na mão de Céu arrastando a garota até um senhor com uma montanha enorme de algodão-doce sob os ombros.

-vem Céu eu quero um azul, vou pegar um amarelo pra você sei que é a sua cor favorita! Christopher disse todo eufórico com se o mundo fosse acabar em algodão-doce.

Sua euforia por motivo algum era uma das coisas que Celeste mais amava em seu amigo. Ela fingia que não se importava mas seu coração acelerava um pouco toda vez que Chris segurava sua mão ou lhe dava algum abraço ou o fato dele se lembrar de sua cor favorita também a deixava toda boba. Sentia que de alguma forma, mesmo que do jeito dele, ele se importava com ela e com as coisas que a faziam feliz. Mas céu disfarçava isso tudo. Fingia que não se importava em estar com ele, como quando de manhã simplesmente se despiu sem nem um aviso prévio na frente do rapaz como quem diz: eu não me importo se vai me ver nua ou não porque não te vejo como "homem" (se é que me entendem).

Passaram um bom tempo passeando entre as barracas de comidas e provando doces e salgados que pareciam atraentes a eles até dar a hora do tão amado futebol do Christopher "Bangnaldo" como ele gostava de brincar.

Celeste reparou bem no seu amigo com aquele shorts molinho marcando exatamente tudo que havia ali. Outra coisa que ela fingia. Fingia não estar completamente atraída por Chris brincando de jogador caro. Ou pelo menos achava que fingia, nosso Christopher Bangnaldo não era assim tão simplista e inocente, sentia os olhares da amiga percorrendo todo seu corpo e fazia questão de escolher os shorts mais justos que fossem para deixar seu corpo mais marcado pra provocar a garota.

Enquanto rolava a partida Céu se sentia entediada na arquibancada minúscula que parecia estar diminuindo a cada segundo. Sentiu alguém se sentar ao seu lado meio que bruscamente se assustando por breves segundos.

-te assustei? Disse uma moça alguns centímetros mais alta, cabelos longos e cacheados e uma sobrancelha cheia e muito marcada.

-ha não, está tudo bem. Disse céu com um sorriso mínimo nos lábios.

-pelas crianças uma ova! Eu quero um lugar que caiba a minha bunda. Disse a garota protestando a respeito do local pra puxar assunto.

-não é?!? Vamos apenas fingir que ele se importa. Disse celeste de maneira descontraída.

-prazer Izye. A outra diz estendendo a mão.-Celeste não é?

-como você.....

-escutei o bonitão te chamando assim. Disse Izye como se fosse óbvio.

-bonitão? Céu pergunta fingindo estar confusa, mas na verdade sabia exatamente do que a outra estava dizendo, ou melhor, sabia de QUEM a outra estava dizendo. E ESTAVA SE CORROENDO.

-o seu amigo ali. Disse apontando pra Christopher que estava parado no campo secando a testa com a barra da camisa deixando seu abdômen trabalhado completamente exposto. Céu se perdeu por alguns segundos admirando a cena, Izye riu ao notar e disse: Ou vocês não são apenas amigos? Céu corou, mas antes que pudesse abrir a boca são interrompidas por um rapaz que chega com um pacote de salgadinhos na mão dizendo de boca cheia:

-isso aqui ta bonzão!

-meu Deus Jung-kook assim vai acabar contraindo um câncer! Disse Izye incrédula no que estava vendo. E você não cumprimenta os outros? Onde estão seus modos?

-ha-a, oi. Muito prazer. Disse o rapaz estendendo a mão e céu o cumprimentou. Izye, eu vim me despedir, já estou de saída. Minha avó chega em quarenta minutos e tenho que busca la no aeroporto.

-ha sim, quase me esqueci. Diga a ela que mandei um abraço e irei vê la assim que possível. Izye respondeu o abraçando para se despedir, e assim o rapaz seguiu seu caminho.

-você diz sobre meu amigo mas o seu é um gato. afirmou Céu. Um apito simbolizando o fim do jogo soou e as duas puderam ver Christopher em sua direção. Talvez eu deva te apresentar a ele. Celeste disse olhando em direção ao Chris e torcendo pra ela recusar a proposta se odiando arduamente por dizer algo tão estúpido.

-É, talvez você deva. Izye respondeu em um tom completamente sem graça. Parecia tão bobo ela dizer algo assim. Era claro que Céu se interessava por ele.

-Você viu como eu realmente sou o melhor não viu Céuzinha??! Disse Christopher abraçando a garota por trás.

-Meu Deus! Como está suado. Ela respondeu sorrindo, amava tanto os abraços do amigo, em qualquer circunstância, que nem se preocupou em fingir que estava com nojo ou algo assim. Apenas segurou os braços do amigo em sua cintura e quando se deu conta do quão próximos estavam apenas se afastou dizendo: ha, tem alguém que quero te apresentar. Essa é a Izye. Disse olhando para a garota. E ela disse que te achou um gato!

Christopher estava confuso e sem graça. poucos minutos atrás a amiga estava quase o comendo com os olhos, e sabia que ela amava seus abraços e agora estava o apresentando a alguém?? Apenas queria uma resposta concreta em relação a Celeste. Ele sabia tudo que sentia por ela mas essas atitudes o faziam ter medo de se confessar e apenas não sobrar nada dos dois e ele precisava da garota consigo.

-olá, tudo bem? Christopher, prazer. Disse forçando um sorriso. Ante que a outra pudesse responder Celeste anunciou:

-vou deixar vocês se conhecendo e vou procurar por um banheiro. Ela estava se odiando como nunca por dentro, nem conseguiu disfarçar a cara de ódio, apenas levantou e saiu friamente sem olhar pra trás. Com certeza queria um banheiro, mas para chorar. Obviamente TODOS perceberam e apenas ficaram sem graça.

-Qual o problema com vocês em? É claro que vocês se querem! A Izye lançou no ar como se fosse a coisa mais simples do planeta.

-E-eu não sei dizer. Eu realmente a amo, mas não sei se é assim que ela gosta de mim.

-não seja tão ingênuo Christopher, é óbvio e nítido que ela gosta de você também.

-Você acha? Ele diz sorrindo amando com tudo que havia nele aquela conversa.

Celeste voltava do banheiro com o nariz vermelho e rosto molhado. De longe viu o amigo se divertindo com Izye, com toda certeza do mundo não suportaria aquilo de perto então apenas tomou rumo a saída e pegou um ônibus para casa. 

Era só mais um clichêOnde histórias criam vida. Descubra agora