Capítulo 13.

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Olívia On.

Entramos no ônibus e sentamos no mesmo lugar que viemos. Eu estava ansiosíssima e nervosa também, porque falaríamos com nossos pais hoje, e Manuela não era diferente de mim. Mas, ela falou que estava mais preocupada com a reação de meu pai do que da sua mãe, porque sua mãe já sabia que ela gostava de mim e que ela e bissexual. Já meu pai não sabe que eu gosto de meninas e que muito menos estou namorando sua enteada. Não sei qual vai ser a reação dele, quando eu lhe disser que sou lésbica, porque cheguei a conclusão de que e isso que sou. E não me lembro de nenhuma experiência de meu pai falando e interagindo com alguma pessoa LGBT, também não sei se teria reparado, então não tenho nenhum parâmetro para saber o que esperar dele. Ele sempre bateu muito na tecla que eu deveria respeitar a todo mundo, mas não sei, né? Eu estou com medo e não consigo pensar racionalmente  e só sentir medo. 

_ Se acalme, bebê. Vai dar tudo certo. E de qualquer forma, vamos estar juntas. 
_ Eu sei, mas ainda sinto medo. Eu já perdi minha mãe, não quero perder meu pai. 
_ Eu não posso dizer que isso não vai acontecer, mas posso dizer que nunca vai estar sozinha _ ela falou segurando minha mão e entrelaçando nossos dedos. _ Você nunca me falou muito de sua mãe _ ela falou e eu demorei para falar qualquer coisa. _ Mas não precisa falar se não quiser. 
_ Nós éramos uma família muito unida, sabe? Era tudo maravilhoso, minha mãe era o centro de meu mundo e de meu pai. Ela era a alegria em pessoa, muito parecida com você. Eu nunca soube exatamente quando ela ficou doente. Ela nunca deixou se abater ou ficou triste, ao menos não na minha frente. Ela teve câncer. E sabe o pior? Nós tínhamos certeza que tudo ficaria bem, que ela se recuperaria. Ela era tão forte, e parecia tão bem. Mas aí, uma semana, ela passou a ficar muito mal, teve que ir para a UTI e nem podíamos ver ela. Então uma noite, meu pai me acordou e falou que iríamos ver a mamãe. E deixaram a gente entrar na UTI, eu nunca vi ela tão frágil e sem vida. E eu sabia que tinha algo errado, antes não podíamos entrar lá e aí do nada, tinham deixado a gente entrar. Ficamos um bom tempo lá com ela, segurando sua mão. Ela ficava entre dormir e acordar. Ela sempre tentava sorrir quando nos olhava. Dizia que nos amava. E eu acabei dormindo com a cabeça encostada em sua barriga, enquanto ela fazia carinho em meu rosto. E em algum momento ela se foi. Quando eu acordei no dia seguinte, bem cedo. Ela estava morta. Acho que meu pai pediu para não me acordarem. E vi meu pai chorando sentado do meu lado, e então sabia que ela não estava mais ali. Foi o pior dia da minha vida. 
     " Foi horrível voltar para casa, ela era o centro de tudo, e sem ela era tão estranho. Ela estava em tudo daquela casa, e ao mesmo tempo não estava. Meu pai ficou tão mal, e ainda tentava parecer bem para me ajudar. Então surgiu a chance dele vir trabalhar aqui, e então ele conversou comigo, e eu nem pensei muito em aceitar. Não aguentava mais ficar naquela casa, e acho que nem ele, mesmo que já tivesse passado 2 anos. Eu nunca tive amigos lá, na verdade eu sofria muito bullying na escola. E viemos. E eu queria que fosse diferente, queria recomeçar. E fiz tudo errado, escolhi as pessoas erradas para serem amigas, meu pai passou a ser chamado na escola várias vezes e participei de coisas que não me orgulho. Acho que nunca te pedi desculpas por ter participado de tudo que as meninas aprontavam com você e com a Sofia. Então desculpa. " 
_ Eu já te perdoei amor, e você mudou. E eu sempre soube que você era diferente. E eu estava certo. Uma pergunta, você ficou mal sabendo do namoro de nossos pais? 
_ Não. No início, eu só fiquei com medo de a namorada dele ser só uma interesseira e que ela desse um jeito dele se livrar de mim. Mas, fico feliz que ele esteja feliz. Com certeza era o que minha mãe iria querer. E ele soube escolher uma pessoa incrível. 
_ E, pelo visto, o bom gosto de vocês e de família. 
_ Você é muito convencida, amor! 
_ Eu? Jamais! Só sou sincera.
_ E, eu nem posso negar. Temos um ótimo bom gosto _ falei beijando ela. 
_ Eu gosto muito de você. 
_ Eu também gosto muito de você. 

Ficamos conversando, enquanto ela tentava me distrair e esquecer meu nervosismo. Já estava combinado que meu pai e Helena iriam juntos nos buscar em frente a escola. E isso só me deixava mais nervosa, porque o veria assim que chegasse lá. Quando o ônibus parou em frente a escola, Manoela disse para eu ficar calma, que daria tudo certo, me beijou e então descemos do ônibus para pegar nossas coisas. Nós despedimos de Sofia e Lucas, pois nossos pais já estavam ali. Seguimos até o carro, e entramos no banco de trás. Beijei meu pai e Manu fez o mesmo com sua mãe. O caminho todo até a casa de Helena, eles foram fazendo perguntas querendo saber de como havia sido o passeio. Contamos das gincanas, do Luau e de como fomos explorados se quando um grupo perdia alguma gincana.

Descobrindo o Amor. (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora