Minha Primavera

Capítulo V

-Pelo amor de Deus Hades vê se para quieto - já era a décima tentativa de Hera de tentar escolher uma roupa pro meu "encontro", aquilo estava me dando nos nervos - Zeus estava certo, nada colorido cabe em você, homens e seus costumes imutáveis - ri fraco e sai do quarto a olhando

-Eu sei me arrumar "mamãe" - falei a última palavra de forma divertida e fechei a porta antes que ela me chegasse algo. Quem me via imaginava alguém sério, que não brincava ou fazia brincadeiras, mas quando estava com meus irmãos era o contrário, Zeus e Poseidon me deixavam confortáveis para mostrar um lado diferente, brincalhão e extrovertido, e somente minha família presenciava algo desse tipo

Em meu quarto, fui direto para o banheiro após fechar a porta e me despi, entrando no chuveiro e tomando um banho morno. Não levei mais que dez minutos para terminar, e após me secar e me enrolar na toalha fui até o closet e escolhi um terno comum, com uma gravata escura, e sapatos sociais pretos básicos, como os que sempre usava. Após a confirmação de Perséfone trocamos algumas mensagens, descobri que ela gostava de comida italiana e conhecia o restaurante ideal para levá-la. Eu queria a conhecer mais, ver como ela era fora da floricultura e a deixar ver um pouco sobre mim, não um homem de negócios, mas alguém tão comum quando ela. Após me arrumar completamente, escolhi um relógio qualquer na coleção e desci para o hall de entrada, encontrando Perséfone e Zeus ao telefone.

-Venha direto para a casa do seu tio, estamos aqui e só vamos embora depois que chegar - Hera falava com Ares, Zeus estava inquieto - nós te amamos, nos ligue quando chegar ao aeroporto, beijos - após desligar o telefone me aproximei e vi o sorriso brotar nos lábios de Hera e Zeus

-Parece que alguém sabe se arrumar mesmo - brincou e balancei a cabeça - onde vai encontrá-la? Já sabe onde vai a levar? - aí, Hera e suas perguntas, se deixasse ela não pararia até contar tudo que eu poderia fazer

-Calma amor, Hades vai enlouquecer desse jeito - agradeci Zeus mentalmente e olhei a hora no relógio da parede

-Vou a buscar em sua casa, ela me deu o endereço, e levá-la no Dionis, ela gosta de comida italiana - respondi e vi o pequeno surto de Hera - Ares está bem? - perguntei e a vi responder um sim muito rápido

-Atenodora machucou o braço, ela acabou escorregando e agora ele quer vir embora preocupado - Zeus respondeu - eles vão vir pra cá e depois vamos para Londres, talvez Atenodora tenha que ficar um tempo com o braço no gesso

-Ao menos vou ver aquele pirralho briguento antes de vocês partirem - sorri e vi Hera estreitando os olhos - Eu não disse nada - ri levantando as mãos

-Vá pro seu encontro antes que eu te acerte com minha bolsa - passei pelos dois tocando o ombro de Zeus e segui até a garagem, mas não sem antes ouvir o insulto de Hera "pirralho briguento, disse o homem que bateu no cara que beijou a melhor amiga" e acabei rindo pelo fato dela se lembrar

-Talvez seja melhor algo mais simples - como se eu tivesse isso na garagem. Peguei a chave da Mercedes e desarmei o alarme, entrando e ligando o motor. O ronco do esportivo ecoou na garagem antes de sair pelas ruas em direção ao prédio de Perséfone, que ficava a alguns minutos do meu bairro, em um lugar ao norte do centro. O bairro era um lugar tranquilo, calmo, onde as pessoas com uma renda significativa residia, e onde algumas boates mais cara se encontravam. O prédio de Perséfone era próximo a uma dessas boates e que por coincidência pertencia a Afrodite, um galpão com paredes de vidro no segundo andar, onde funcionava a parte movimentada da boate. Parei o carro na frente do prédio e desci, apertando o interfone do seu apartamento.

-Oi, sou eu - falei no interfone assim que fui atendido

-"Já estou descendo, um minuto" - ouvi a voz suave através do interfone e logo em seguida do bip resultante após desligar. Me encostei no carro e observei a rua, haviam algumas pessoas caminhando pela casalda e poucos carros pelas ruas. Fui reconhecido algumas vezes e suspirei cada vez que escutava os murmúrios e sentia os olhares sobre mim - oi, boa noite - sai dos pensamentos quando ouvi a voz de Perséfone no portão e perdi o ar após vê-la. Ela estava deslumbrante, seus cabelos castanhos caiam sobre os ombros, um vestido vinho com um decote em V nas costas e apenas brincos prateados montavam seu look, seu batom vermelho e seus olhos verdes brilhates haviam me atingido como uma flecha no meio do alvo