Balas

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RYOMEN SUKUNA.

O aniversário de Eiji estava cada vez mais próximo, e o garotinho cada vez mais animado pela festinha que está sendo planejada. Falta somente alguns dias, os preparativos estavam praticamente arrumados e a unica coisa que faltava era por no lugar, e obviamente o bolo, torta, doces que seria feito um dia antes. O garotinho não parava de falar um segundo sobre a festa, claramente ansioso, contando os dias para que finalmente chegasse. O tema seria de Jack Frost*, e comentava o tempo todo que, eram parecidos demais, somente mudava o fato de ele ser mais velho, tirando isso, os dois eram lindos iguais. Também tem o fato de que o garoto do filme tem poder e ele não tem, mas não quero acabar com a fantasia da criança, não sou cruel com ele igual ele é comigo. As vezes acho que o pivete tem algum plano secreto para me matar, sério, tenho medo dele. No momento estávamos no supermercado, adicionando coisas no carrinho para os elementos que faltavam para festinha. Não seria grande, apenas chamaria alguns familiares e amiguinhos de Eiji. Megumi decidiu que seria melhor nos separar, para encontrar os itens rápidos, marcamos de nos encontrar no caixa mais próximo, após selecionar as coisas da lista que dividimos. Eiji veio com a gente, disse que queria ajudar nas comprar, afinal, a festa é dele. Mas tinha algo muito estranho, tipo, bastante estranho. O garotinho não estava com o pai, como de costume, ele simplesmente decidiu, por livre e espontânea vontade, que seria melhor ir comigo. Bem que eu queria levar isso para o lado positivo, mas quando se trata de Eiji Fushiguro, é impossível ser otimista. Toda vez que o olhava, ele já estava olhando em minha direção, sem piscar.

E isso é EXTREMAMENTE assustador, parece que vai me matar a qualquer momento, moleque estranho 'cê é louco. Estávamos no corredor de guloseimas, escolhendo os doces, peguei o pacote de bala de coco, e coloquei no carrinho.

      - Eu não gosto dessas. - o garotinho finalmente abriu a boca para falar - lê-se, reclamar -, indicando que não gostava das balas que eu havia acabado de adicionar no carrinho.

        - Mas está na lista... - confuso, olhei novamente para o papel com as palavras escritas, com as letras delicadas do meu chuchu para confirmar, se esta na lista, é para comprar.

          - Mas eu não gosto! - rebateu, cruzando os braços como sempre fazia quando fazia birra. 

- Mas...

- Sem "mas", velhote. Se eu não gosto não é 'pra comprar. - "velhote" meio que já virou um apelido dele para mim, começava a me acostumar.

       Meio que fazia sentido, a festa é dele, mas se ele não gosta, também não fazia sentido comprar ou talvez seja para as outras crianças.

- Talvez as outras crianças...

Tentei argumentar, mas ele logo me interrompeu. Garoto egoísta, credo.

- Eu disse que eu não gosto, quer que eu faça um escândalo?  - escândalo? Esse garoto, vê se pode. Agora entendo o porquê Megumi não permitir Satoru de deixar ele ver filmes de ação, mas como podemos ver, o infeliz deixa.

      Derrotado, coloquei o pacote de volta na prateleira, não duvido do que essa peste é capaz. 

         - Ótimo. - ele sorriu, mostrando seus dentinhos, com as mãos cruzadas para trás, e seguiu caminho. Garotinho filho da... Filho de um bom pai! Sim, sim. Se bem que o outro pai é um vagabundo, então ele é um filho de um puto. Nem mesmo perguntarei quem ensina ele essas coisas, não é o Megumi e obviamente não é eu, então resta quem? Vou deixar vocês adivinharem. 

      Depois de alguns minutos esperando próximo ao caixa, Megumi chegou com o carrinho cheio, ele havia ficado com a maior parte da lista. E depois de pagarmos colocamos tudo no carro, com cuidado para que nada amassasse, voltamos para casa - do jeito que eu falo parece até que moramos juntos, mas não, não estamos AINDA. Se dependesse de mim, nós estávamos morando juntos, casados e com nossos filhos correndo pelo quintal brincando enquanto a gente observa pela varanda sentados na cadeira de balanço- não é coisa de velho, sai -, e Eiji me chama de papai pedindo para eu ajudar ele com o dever de casa. Cadê o lenço, quero chorar. Eu nem fico imaginando esses cenários o tempo todo não, longe disso, puff. Não consigo me imaginar sem o Megumi. Ele é a razão do meu viver, o ar que eu respiro, a língua da minha boca, a carie do meu dente, o coração do meu peito, sem ele eu paro de viver, mais facil eu viver sem o coração do que sem meu Meguminho. Amo ele mais do que amo a mim mesmo, e olha que eu me amo demais, viu?

Estava absorto nos meus pensamentos quando chegamos, levei uma parte das sacolas até a cozinha, Megumi levou as outras e o albino pequeno levou algumas não pesadas para ajudar a carregar tudo de vez. Fushiguro odiava desorganização, por isso ele preferia guardar tudo sozinho, mesmo que eu implorasse para o ajudar. 

       Me sentei no sofá da sala e coloquei no canal que estava passando desenho. Tromba trem, não precisava ser criança 'pra amar esse desenho, era engraçado todas as vezes que a tamanduá cega dizia: "que legal" ou quando o elefante sem memoria se perdia. 

- Não gosto de desenhos, troca. - o branquelo surgiu do nada, se sentando o mais longe de mim como se eu tivesse alguma doença contagiosa. 

            - Você é uma criança, crianças gostam de desenhos. - todas as crianças gostam de desenhos, é impossivel uma criança não gostar. Na minha época eu comia terra e assistia Peppa pig, hoje em dia as crianças ameaça os adultos. Na verdade é só Eiji que faz isso, sofro. 

        - O que você disse? - me olhou com um olhar ameaçador, apontando o dedo para mim, contrariado por te-lo chamado de criança. Mas ele é uma criança, o que eu faço, pai amado?

           - Desculpa. - abaixei a cabeça, e troquei de canal. Não queria apanhar. 

Ainda é sete horas da noite e passava jornal, o outro não reclamou. Não gostava de ver esses programas, odiava ver os estados dos pais ou parentes quando alguém importante morre por causa de drogas ou outro motivos.

    - Sukuna! - ouvi Megumi me gritar da cozinha, e já me levantei. - Cadê as balas?! 

          Olhei para o garotinho e ele estava rindo, mas logo me deu língua e saiu correndo.

 

            Teria que voltar para o supermecado por causa daquele pestinha, alguém me segura.

Você não é meu pai! | SukufushiOnde histórias criam vida. Descubra agora