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☆ . . . LOUIS PARTRIDGE, point view ;

— Você fez o quê? Mas que droga, Louis! — Ryan grita.

Eu precisei contar para alguém. Estava entalado na minha garganta e eu sinto que não consigo seguir em frente sem discutir sobre isso. Ryan foi a única pessoa que eu pensei que pudesse contar. Ele é meu melhor amigo e, provavelmente, pode me ajudar uma solução.

— Ryan, eu não lembro de nada do que aconteceu. Eu provavelmente estava bêbado. — Eu me justifiquei, enquanto ele andava de um lado para o outro. — Eu sei lá, cara!

— Porra! Você não pensou em ninguém, não é mesmo? — Ele continuou praguejando. — Olha, eu estava bêbado também mas eu tenho certeza de que você não bebeu muito. Se você fez merda, foi porque quis!

— Que merda você ta falando, Ryan? — Franzi o cenho e me levantei com raiva. — Está insinuando que eu traí a S/n porque eu quis? Se toca, Ryan! Eu amo a S/n!

— Mas não amou quando estava fodendo com a Audrey. — Ryan foi duro em suas palavras. Eu não rebati. Ele estava certo, de qualquer forma. — Não pode ser. Você não bebeu tanto, Louis.

— Eu juro por Deus que eu não me lembro de nada. — Juntei as mãos como se estivesse jurando mesmo.

— Não pode ter sido o álcool. Você usou alguma droga? — Ele perguntou, agora um pouco mais calmo.

— Não. Eu te disse que estou limpo desde que saí dos Estados Unidos. — Dei de ombros.

— Acho que alguém te drogou e nós dois sabemos quem pode ter sido. — Eu me mantive calado, porque fazia sentido. E fazia muito sentido. Eu também não me lembrava de ter bebido tanto e de repente, uma hora depois que eu cheguei, eu já estava embolando as pernas. — Acho que você deveria falar com a
S/n.

— Jamais. Você quer que eu diga o quê? — Perguntei, mas logo respondi a minha própria pergunta em um tom irônico. — Oi amor, então sabe aquela noite em que eu saí com os meninos? Acabou que eu transei com a minha ex e não me lembro de nada. Sem chance!

— Me parece o certo, Louis. Você sabe que eu não sei muita coisa sobre relacionamentos, nunca sequer estive em um. Mas, eu acho que gostaria que fosse sincero comigo. — Ele deu de ombros. — O Chris é o conselheiro. Pede ajuda pra ele, mas o meu conselho você já tem. Diz a verdade.

— Acho que você vai ser um ótimo namorado, Ry... Você devia tentar com alguma garota. — Dou de ombros mudando de assunto.

Ryan permanece em silêncio por alguns instantes, ele me parece processar o conselho que eu acabei de lhe dar. Eu e Ryan sempre fomos os mais encrenqueiros do grupo. O Chaz demorou pra amadurecer, talvez até hoje ele ainda seja uma criança, e o Chris prefere focar no que vai dar realmente certo pra ele. Os estudos. Eu nunca quis saber de nada e muito menos o Ryan. Por isso que nós sempre nos demos bem. Mas agora, os assuntos parecem não bater mais. Acho que seria bom pra ele, se ele arrumasse alguma garota legal. Acho que ele gostaria dessa experiência nova pra ele.

— Eu conheci uma garota, na verdade. — Ele diz um pouco sem graça. — Ela é legal. Bonita e tal, mas eu não quero nada. Ela me parece o tipo de garota que beija e já planeja o casamento.

— Qual é o nome dela? — Pergunto e dou uma leve risada pela careta que ele faz.

— Eu não lembro direito, eu estava muito bêbado. Acho que era Sadie... Ela tinha um sotaque meio australiano e você sabe que eu amo as australianas. — Ele diz. — Enfim, você vai ter que me ajudar nessa parte. Não faço ideia de como é ter uma garota, sabe?

— Que tal começar tentando lembrar o nome dela? — Eu brinco com ele e ele ri. — Eu não sei, cara. Você vai saber o que fazer, quando chegar a hora. Eu faria qualquer coisa pela S/n. Qualquer coisa que ela me pedisse. Ah, você vai precisar lembrar das datas também! É importante pra elas. Começo de namoro, aniversário e blá blá blá...

— Eu mal me lembro do meu aniversário, quem dirá o de um relacionamento... — Nós dois rimos.

— Pois então, comece a lembrar! — Ryan bebeu mais um pouco da sua cerveja e se jogou ao meu lado no sofá. — Eu preciso voltar. A S/n está sozinha.

— Claro. Diz que eu mandei um oi pra ela. — Ryan pareceu se lembrar de algo e antes que eu me levantasse, ele se levantou e procurou por alguma coisa entre a bagunça do quarto dele. — Eu contei pra minha mãe sobre a S/n e ela enviou um presente. Aqui!

Era um lindo caderno de anotações e uma caneta decorada por rosas amarelas. Eu sorri e falei pro Ryan agradecer a mãe pelo presente. Caminhei de volta para o carro e dirigi sem pressa para casa. Mas, algo estava errado. Eu podia sentir.

Espantei esses pensamentos ao entrar em casa. Os olhos de S/n percorreram a sala praticamente vazia de pessoas e então ela correu para me abraçar. Ela chorou e para mim sem motivo algum. Por mais que eu não esteja entendendo nada, aquilo me machucou. Eu não gosto de vê-la chorando e não saber o porquê ela está assim, me deixa mais furioso e frustrado ainda. Quando ela finalmente cessou o choro, eu a olhei com o cenho franzido.

— Não foi nada! — Ela apertou minha mão e sorriu. Eu entendi e respeitei seu momento. — Me conte sobre o seu passado... Por favor!

— Você não vai gostar de saber! É muito drama em uma única vida! — Tentei fazer uma graça apenas para que ela pudesse rir.

— Céus, se há uma vida mais dramática que a minha, esta poderia se tornar facilmente tema de novela. — Nós rimos.

— Ok. — Suspiramos quase que juntos. — Quando eu tinha por volta dos meus quinze anos, eu conheci uma menina. Mais especificamente a menina. Nós éramos como melhores amigos, estávamos sempre juntos. Até que ela arranjou um namorado. Eu não ligava muito para o fato dela estar namorando, o que me incomodava era o modo como ele a tratava. Por gostar dela, eu só a queria bem e ela estando com ele, era totalmente o contrário de estar bem. Ele era um garoto idiota, frio e misógino. Eles namoraram por quase seis meses e, acredite, foram os piores meses da minha vida. Por mais que eles não demonstrassem, eu sabia que ela tinha um relacionamento abusivo com ele. E aquele inferno de vida só acabou quando ela descobriu que ele estava traindo ela. — Respirei. — Ela entrou em depressão. Eu tentei salva-lá, tentei estar ao lado dela e preencher o espaço em branco, mas ele ainda estava lá. E então eu a perdi. Ela não soube lidar com a dor. Ela se matou. E eu não pude fazer nada. Eu presenciei o momento! Eu estava lá.

Abaixei a cabeça nervoso. Eu estava chorando, chorando na frente dela novamente. Eu já não aguentava mais. Mal havia lágrimas em meu corpo.

— Eu sinto muito, Louis! — Neguei.

— Não, não sente! — Balancei as mãos. — Não é para sentir pena. Agora você me entende? Eu não queria que soubessem, justamente por isso! Todos sentiriam dó e eu tenho medo! Medo das pessoas começarem a me dar coisas achando que eu não tenho capacidade suficiente para conseguir ganhá-las.

— Eu não sei o que te dizer. — Ela abaixou a cabeça.

— Eu preciso... Preciso pensar. — Quase caí quando comecei a subir as escadas. Eu praticamente corri para o meu quarto e optei por tomar uma ducha.

Meus pensamentos vagavam. O incômodo que eu sentia a pouco tempo atrás ainda estava presente, e meus problemas passaram a ser resolver os problemas dela. Por que ela estaria chorando? Ninguém chora sem motivo, certo? Ou o por que eu transei com a Audrey, sem nem me lembrar de beber tanto?

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𝗿𝗲𝗮𝗱 𝗺𝘆 𝗹𝗶𝗽𝘀, 𝗹𝗼𝘂𝗶𝘀 𝗽𝗮𝗿𝘁𝗿𝗶𝗱𝗴𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora