- Você só precisa dar tempo pra ela John.
Polly e seu sobrinho tomavam café juntos enquanto Haillie dormia em seu quarto, obrigada a repousar o máximo que podia por seu pai.
- Tia Polly, eu já esperei mais de dez anos, não é o suficiente? - ele diz, amargurado pela forma dura como foi embora ontem mesmo depois da súplica dela. - E o Solomons ainda teve a cara de pau de tentar sair com ela.
- Mas querido, se você não caga então desocupe a moita. - Polly dá uma mordida na torrada, vendo o olhar fuzilante de John recair sobre ela.
- Eu estou tentando cagar pra caralho nessa moita, a senhora não sabe o quanto eu estou tentado porra! Mas ela sempre me expulsa dela. - o tom de exaspero na voz dele até o faz desafinar, arrancando uma gargalhada de Polly Shelby. - Isso é muito sério tia.
- Uma mãe sempre vai pensar primeiro em seu filho, é natural que a Lihie aja dessa forma.
Os dois ficam em silêncio por algum tempo.
- É natural que a mamãe aja como?
Haileigh acordara e descera para tomar café também, e agora estava parada em frente à ambos.
- Eu falei pra você ficar no seu quarto Haillie! - John se levanta, imediatamente ajudando-a a se sentar forçadamente. - Não fique andando e se esforçando por aí sem necessidade, você precisa melhorar.
- Pai eu já disse que estou bem! - a jovem mulher fala, sufocada pelo cuidado excessivo. - O que você e a mamãe andam fazendo?
Polly os observa em silêncio, apenas bebericando seu chá de modo calmo e passivo.
- Nada meu bem, só falando sobre seu futuro.
John não mente totalmente, tendo em vista que era sobre o futuro dela que ambos tanto entravam em embate quando o assunto era o relacionamento de ambos.
- Sua mãe não quer ficar com seu pai porque acha que deve focar em passar tempo apenas com você primeiro. - dispara Polly, cansada daquele showzinho todo que durava muito tempo. - Eu tenho um compromisso, até amanhã.
- Tia Polly! - John grita, batendo com o punho na mesa enquanto sua tia caminhava apressada em direção a porta e vestia seus óculos escuros.
- Isso é verdade pai? - Haillie pergunta, sentindo-se pivô daquele relacionamento não funcionar.
- Eu e sua mãe só estamos tentando fazer o que é melhor pra você borboleta, não é nada disso que está pensando. - ele a vê se levantar furiosa e sair, deixando-o sozinho. - Filha!
O que ele não sabia era que ela havia ido até o telefone e implorado para a mãe vir visitá-la o quanto antes, como se estivesse desesperada.
Levou cerca de uma hora até que Lihie apareceu esbaforida com uma arma em mãos, apontando-a em direção ao interior vazio até então da casa e assustando John ao ser pego no flagra andando apenas de roupa íntima e sem camisa pela casa enquanto comia um enorme pote de sorvete sozinho.
- Lihie! - ele solta um gritinho, assustado. - Porra, o que você está fazendo aqui? Que susto.
- Haillie me ligou, eu não conseguia entender direito o que ela estava falando e fiquei preocupada. - diz ela, colocando uma mão no peito e guardando a arma. - Onde ela está?
- No quarto. - John responde, correndo escada acima com a antiga amante em seu encalço.
Os dois entram e não encontram a filha na cama, sendo assustados pela porta se fechando com um estrondo atrás de ambos.
- Abra a porta! - brada Lihie, tentando abrir ao girar a maçaneta.
- RESOLVAM-SE! - grita a voz da filha do outro lado. - EU QUERO A MINHA FAMÍLIA DE VOLTA.
- Lihie, olha, me desculpe. - John fala, cruzando os braços e se aproximando da porta. - Haileigh, abra a porta agora.
- John... - a mulher está amuada, o coração acelerado dentro do peito grita por um encerramento daquele ciclo de perpétua dor. - John!
Ele para de tentar abrir a porta ao sentir o tom de voz dela tocar-lhe os ouvidos como um sinal de alerta, chamando sua atenção para o rosto da mesma.
- Será que nós conseguimos fazer isso sem nos despedaçarmos outra vez? - agora é a voz dele que está abafada, os olhos claros virados para cima em direção ao teto enquanto tentava desesperadamente esconder a mágoa que insistia em borbulhar para fora. - E-eu não sei se me lembro de como isso era bom antes de ficar desse jeito.
- Me perdoe, por favor. - os dedos magros pressionam as têmporas e esmagam os cílios espessos de Lihie, demonstrando cansaço. - Eu sei que eu já pedi desculpas, e se não pedi eu peço então. E você está totalmente certo John, já faz tanto tempo que a gente não se vê e se manteve distante que talvez nem conheçamos mais um ao outro.
- A questão não é essa Lihie.
- A questão é que eu menti pra você, eu sei. - ela começa a andar de um lado para o outro, nervosa. - Mas, John, eu não posso nunca justificar os meus erros porque na época, por mais que tenha doído em você, também doeu em mim. Eu fui arrancada da minha bolha de hipocrisia e justiça, arremessada de cara contra a realidade e doeu também.
"John, a minha vida inteira nada durou. Eu vivi relacionamentos terríveis, eu vivi coisas terríveis, foi tudo uma sucessão de terror sem fim que me amargurou demais, mas você foi capaz de me devolver um sopro de alegria genuína pela primeira vez em anos. Você me deu a Haillie, e eu só queria que ela ficasse bem. Mesmo que isso significasse ficar longe de mim pra sempre. Eu nunca poderia perder vocês dois ao mesmo tempo. Eu não suportaria."
- Lihie, eu fui muito burro na época, mas saiba que nunca deixei de te procurar. - John acende um cigarro, apagando-o e atirando-o pela janela em seguida pois sabia que a filha odiava aquele cheiro e iria ficar louca se sentisse em seu quarto. - Merda, você é boa no que faz. - ele aponta pra ela, dando uma risadinha. - Escondeu tudo tão bem, você e o Tommy deveriam ser irmãos. Só ele mente tão bem assim, depois de você. Eu fiquei como um cego tateando o escuro numa tentativa idiota de achar algo que estava bem debaixo do meu nariz.
Sentindo-se amuada, ela recua dois passos.
- Acho que a gente não consegue mais, não é?
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Femme Fatale: se apaixonar nunca fez parte do plano ✔️
RomanceJovem e linda. Simplesmente irresistível. Quando o maior caso de sua vida simplesmente lhe cai aos pés, a agente infiltrada de codinome Darling não hesita em pegá-lo, afinal de contas quem melhor do que ela para resolvê-lo? A gangue notória que cres...