13.

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Pontual como um bom inglês seria.

Eram seis horas quando batidas ecoam em minha porta. Ao abri-la, Michael Gray está parado ali, com ares mau-humorados. O terno era bem alinhado, uma rosa vermelha lindíssima no bolso do peito e corrente de relógio a mostra.

- Cadê o John?

Ele bufa, acendendo um cigarro.

- Algo com flores idiotas, me pediu pra levar você até a mansão.

Rodopio em meu vestido verde escuro, as franjas pretas esvoaçando ao meu redor, enquanto me viro para pegar a pequena bolsa e a chave para trancar a porta.

No carro, Finn e Arthur estavam no banco de trás.

- Boa noite rapazes. - digo, vendo-o fechar a porta do carona por mim.

Eles devolvem o cumprimento, voltando a tagarelar sobre coisas diversas.

Michael interage aqui e ali, mas eu percebo que me mira de vez ou outra com o canto de seus olhos. O caminho lá fora voava com a velocidade do carro, passando rapidamente de cinza, lamacento e industrial para uma agradável área verde, com casas nobres espalhadas esporadicamente aqui e ali.

Chegando na dita cuja mansão, eu tive certeza de que ali seria o meu maior achado.

Não era possível que somente com as atividades legais Thomas Shelby construiu tudo aquilo. Era a maior porra de construção daquela região, com um enorme jardim na frente, estábulos ao fundo e muitos empregados.

Gente importante estaria ali, é óbvio.

Todos desciam do carro e na minha vez Michael me deteve, fazendo-me segurar com força sua mão para um ângulo nenhum pouco confortável para ele.

- Eu só quero pedir desculpas! - diz ele, gemendo de dor e fechando os olhos. - Droga, como sabe fazer isso?

Eu soltei seu braço, fitando-o com cara de poucos amigos.

- Uma mulher precisa saber se defender.

Ele suspira, concordando.

- Sinto muito pelo que eu disse e fiz outro dia, eu não estava muito bem. - Michael acende outro cigarro, coçando a sobrancelha. - Você está completamente certa por fazer tudo que fez, eu agi como um cretino mimado.

Travo a mandíbula, pensando se aceitaria suas desculpas ou não.

- Cá entre nós, se é que eu posso te dizer isso... - ele continua, parecendo perdido. - Depois daquele encontro com o padre Hughes eu não ando nenhum pouco bem.

- O que aconteceu entre vocês?

Se tem uma coisa que eu sei agora, é que eles dois tem um passado, eu só preciso descobrir de que tipo ele é.

- Foi quando eu era criança, já não importa mais.

Engoli em seco.

- Sei exatamente pelo que você passou. - pego o cigarro de sua mão, tragando-o também.

"Ele fez a mesma coisa comigo, acredite ou não."

Nós dois ficamos nos encarando depois dessas confissões, ambos com os olhos cheios demais.

- Como você fez pra esquecer?

Ri com escárnio, abrindo a porta do carro.

- Eu nunca esqueci. - saio do veículo, sendo acompanhada por ele. - Vamos achar seus parentes, pelo jeito o negócio aqui vai ser bom.

Michael para ao meu lado, oferecendo o braço para que eu engatasse.

- Espero que possamos ser amigos a partir daqui.

Femme Fatale: se apaixonar nunca fez parte do plano ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora