Annelise estava sentada de frente para a investigadora, seus olhos provavelmente vermelhos por causa do fato de ter acabado de enterrar seu querido pai August Summer naquela manhã, Margot suspirou pensando no que a garota estava passanso, era uma tragédia.
- Sinto muito - a ruiva disse olhando nos olhos marejados da garota.
- Não finja que sente muito - a loira respondeu calmamente - você nem o conhecia.
A ruiva franziu o cenho, apesar dos olhos vermelhos a voz da garota estava totalmente normal, mas ela apenas deixou para lá afinal quem era ela para julgar a forma que os outros lidam com a dor.
- Ok... sei que você não queria estar aqui, mas é necessário para acharmos o assassino do seu pai e das outras duas vítimas - a ruiva disse categoricamente - então lhe peço que colabore com a investigação.
- Tudo bem.
- Primeiramente você sabia se seu pai tinha algum inimigo por assim dizer? - ela perguntou olhando para a prancheta em suas mãos.
- Não sei - a loira disse simplesmente.
- Não se lembra de ninguém que não gostasse do seu pai de alguma forma, e teria coragem de fazer algum mau a ele.
- Que não gostasse dele até tinha, afinal ele era um diretor um pouco rígido, mas não acho que teriam coragem - a menina disse pensativa.
- Acredite pode não parecer, mas adolescentes podem ser perigosos e cruéis as vezes- Margot disse entrelaçando os dedos das mãos na frente do rosto.
- Sim, é acho que você tem razão.
- Então voltando ao assunto, ouvi dizer que sua amiga não se dava bem com seu pai.
- É verdade - ela confirmou e olhou nos olhos da ruiva - mas não a culpo.
- Porque você não a culpa? - ela perguntou interessada.
- Meu pai dificultava a vida dela de um jeito absurdo, quase até retirou a bolsa dela no colégio.
- Mas você poderia me dizer por qual motivo ele não gostava dela? - a ruiva perguntou, afinal ninguém teria ódio de alguém de graça assim, deveria haver um motivo.
- Ele achava que Frey era uma má influência para mim - ela disse um pouco desconfortável.
- E porque ele achava isso?
- Homofobia - ela respondeu desviando o olhar para o lado.
- Homofobia? - Margot perguntou sem acreditar.
- Exatamente.
- Annelise você poderia me dizer qual o seu real envolvimento com Frey Murton?
- Porque isso importa? - a loira perguntou levantando a sobrancelha.
- Não questione, apenas responda.
- Ela é minha namorada - respondeu sem demonstrar reação alguma.
- Mas que eu saiba você tem um namorado, Philip Joshuan - perguntou intrigada.
- Aquilo foi apenas um acordo para esconder meu verdadeiro relacionamento.
- Entendo... mas tendo tudo isso em vista me diga sua namorada talvez pudesse querer tirar seu pai do caminho- a ruiva explicou calmamente - talvez você não a conheça tão bem quanto pensa.
- Está insinuando que minha namorada matou meu pai? - a loira perguntou levemente irritada com o comentário.
- Sabe ela tem motivos para isso, ela estava no local, pode ser coincidência ou também pode não ser.
- Minha namorada não matou meu pai - a loira disse elevando a voz com raiva.
- Como pode ter tanta certeza disso?
- Eu estava com ela - ela disse permanecendo alterada - e outra ela só machucaria alguém caso uma pessoa que ela ame estivesse em perigo.
- Por favor senhorita, se acalme - a ruiva pediu - mas preciso saber exatamente o que aconteceu naquele dia.
-...
" - Como uma pessoa consegue ter a capacidade de colar a própria mão na maquete sem querer? - perguntei olhando para ela com os braços cruzados.
- Eu não sei... eu só apoiei a mão aqui, não tinha visto que você tinha passado a supercola- Frey tentou se justificar.
- Eu entendi que foi sem querer, mas como você não viu quando eu passei a cola, eu tava na sua frente - falei irritada.
- Acho que eu não estava prestando atenção.
- Óbvio né amor, senão isso não teria acontecido - bufei e coloquei a mão na frente do rosto - como a gente vai tirar sua mão daí sem estragar a maquete? Todo esse trabalho pra nada, que ÓDIO.
- A melhor opção é cortar essa parte fora - ela disse enquanto olhava para mim com os olhos tristes - meu anjo me desculpa, de verdade.
Sei que foi sem querer, não deveria estar tão irritada com ela, mas é que hoje acabei tendo uma conversa nada agradável com meu pai, na verdade estava apenas descontando tudo nas coisas a minha volta.
- Tudo bem meu amor, sei que não foi culpa sua - disse suspirando e fiz carinho no rosto dela - eu só estou um pouco estressada hoje.
- Foi o seu pai de novo?
- Sim, tivemos uma discussão hoje cedo, ele está desconfiando Frey, e o pior é que eu não sei o que fazer - eu disse colocando as mãos na frente do rosto - se ele descobrir fudeu, fudeu de verdade.
- Calma amor - ela pediu
- Como eu posso ficar calma.
- A gente dá um jeito se isso acontecer - ela disse extremamente calma.
- Como vamos fazer isso?
Ela olhou nos meus olhos, seu rosto sem expressão alguma.
- Casa comigo?
- Como? - perguntei com os olhos arregalados.
- Se der tudo errado, se seu pai descobrir, tô te pedindo para vir morar comigo e ser minha esposa - ela disse com os olhos brilhando - sei que você está pensando em mil maneiras disso dar errado, não te julgo porque eu também pensaria assim se fosse o contrário, mas a gente pode dar um jeito juntas.
- Deixa eu ver se eu entendi - disse respirando com dificuldade - você está me pedindo em casamento?
- Sim.
- Você tem cereza disso? - perguntei sentindo meus olhos lacrimejarem.
- Tenho, e eu iria me ajoelhar se não tivesse com a mão colada neste exato momento, mas vou fazer o pedido adequadamente- ela respirou fundo - Annelise Summer você me tornaria a garota mais feliz do mundo me dando a honra de te chamar de esposa?
- Sim - respondi sentindo minhas bochechas ficarem molhadas, abracei minha noiva e sussurei no seu ouvido - eu te amo.
- Eu também meu anjo - ela sussurrou de volta.
Ficamos alguns segundos naquela posição, até eu me separar do abraço e enxugar as lágrimas com as costas da mão.
- Eu vou lá em cima ver se a Célia tem um estileite para tirar sua mão daí - eu disse sorrindo- já volto.
- Vai lá - ela disse sorrindo de volta.
A professora de matemática sempre ficava até mais tarde então é certeza que ela estava na escola, eu nem acreditava que ia casar talvez até desejasse que meu pai descobrisse para poder agilizar as coisas, mas sabe quando você está radiante daí seu mundo cai e tudo desmorona ao seu redor? Então foi isso que aconteceu quando eu cheguei perto da sala e ouvi gritos abafados. Eu silenciosamente fui até a porta e espiei, meu queixo caiu e eu quase gritei mas me contive, lá dentro vi Noah agarrar Célia nua em cima da mesa.
Com uma mão ele a segurava e com a outra ele sufocava a mulher fazendo a mesma soltar gritos engasgados.
- Vamos sua vagabunda, para de resistir, sei que você quer - ele disse baixo.
Eu queria vomitar, então ele era mesmo capaz de fazer aquilo, eu já tinha ouvido algo assim uma vez do irmão dele, Philip desconfiava que Noah fazia aquilo com a empregada deles, pelo visto é real.
Célia olhou para mim notando a minha presença, seus olhos pediam socorro, sua expressão transmitia dor.
- Para - gritei sem me importar com as consequências, eu não aguentava mais ver aquilo.
Mas foi assim que tudo piorou, ele se assustou empurrou a professora enquanto pulava de cima da mesa, ouvi o som do baque quando a mulher caiu.
- Olha o que você fez - ele disse olhando para o local onde Célia havia caído.
Eu corri na direção dela, enquanto ele permanecia paralizado, havia sangue escorrendo pelo seu rosto, ela provavelmente bateu a cabeça quando caiu, coloquei a mão nela, não estava respirando, não tinha batimentos, ela estava morta.
- Você matou ela - eu disse com a voz embargada.
- Não, você matou ela - ele disse se recompondo.
- Você não faria isso...
- Seu pai irá acreditar em mim - ele disse com confiança dessa vez.
- Não.
Ele se abaixou aonde eu estava e agarrou meu rosto com a mão e sorriu.
- Acredite em mim, ele não te ouvirá, ele tem repulsa de você, ou acha mesmo que um pai que ama a filha apontaria uma arma para a cabeça dela, ele só quer se livrar você - ele disse rindo - se eu quisesse poderia até mesmo me aproveitar da situação sabe sempre achei você tão linda, ele nem vai ligar se eu te tocasse.
- Você não vai me estuprar - eu disse com a voz trêmula.
- Estuprar é uma palavra muito forte, estou apenas te mostrando o que é bom de verdade sua sapatona, no final você vai até me agradecer - ele falou e agarrou meu pulso - e sabe o melhor de tudo, ninguém te ouvirá gritar, então é melhor não tentar nenhuma gracinha."
- Nós fizemos o trabalho e depois fomos embora - a loira respondeu friamente.
- Você teve contato com alguma das vítimas durante esse período?
- Não.
A ruiva ia perguntar mais alguma coisa, mas seu parceiro entrou na sala com uma mulher de jaleco, ambos estavam eufóricos.
- O que houve? - ela perguntou olhando para eles.
- Você não vai acreditar - seu parceiro começou a falar - os exames acabaram de sair, Noah Joshuan violentou e matou Célia Huang.
- O que? - a ruiva arregalou os olhos.
- Encontramos sêmen e indícios de que ele a enforcou, o DNA dele está nela, há marcas do abuso pelo corpo da vítima - a mulher disse.
- Ela morreu de traumatismo craniano, ele deve ter empurrado ela em algum momento e ela bateu a cabeça o que resultou na morte - a ruiva concluiu.
- Exatamente - a mulher confirmou.
- Mas então quem matou o estuprador? - o parceiro da ruiva perguntou interessado.
- Isso é o que iremos descobrir- Margot disse convicta e olhou para a loira em seguida - acho que já acabamos por aqui.
- Ok, mas se tiverem alguma notícia de quem matou meu pai por favor me informem - ela disse antes de sair.
- Claro lhe informaremos.
Annelise respirou fundo quando saiu da delegacia, foi andando até chegar em um parque, se sentou em um banco afastado das crianças que estavam brincando e digitou o número da Frey.
- E aí meu anjo, como foi? - ela perguntou
- Eles desconfiam de você ter matado meu pai, pois segundo eles você teria motivos - a loira respondeu
- Entendi...mas em uma coisa eles estão certos, eu tinha motivos e você também - a garota respondeu calmamente
- E outra coisa eles acabaram de descobrir que a Célia foi estuprada e morta pelo Noah - a loira informou a noiva.
- Isso é bom, vou avisar o Pedro, afinal ele provavelmente é o próximo que vão interrogar.
- Isso, e fala para ele fazer e falar só aquilo que combinamos - a loira disse séria.
- Vou falar, mas meu anjo fica calma, vai dar tudo certo - a morena disse.
- Sim, é melhor pensar positivo, mas vou desligar, te amo - a outra respondeu pensativa.
- Também te amo.
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Eu confesso
Mystery / Thriller3 mortes Um local 4 suspeitos 1 investigadora que odeia lidar com adolescentes. Quem será o culpado?