Margot estava brincando com sua caneta girando-a em seus dedos, seu semblante era de puro tédio, odiava trabalhar com adolescentes eles eram tão imaturos e ignorantes, por este motivo nunca quis ter filhos, faz muito tempo que sua esposa desistiu de convencê-la a adotar um bebê. Então por causa desse motivo aquele caso em específico estava lhe deixando entediada, três mortes, um local em comum, quatro principais suspeitos, ela suspirou, ambos os quatro eram alunos do Colégio San Haitrs, as vítimas foram encontradas todas em uma sala do segundo andar do colégio, segundo testemunhas no dia em questão os quatro estavam na escola e ficaram até mais tarde no local.
- A sra. Murton está aqui - o parceiro dela John disse adentrando a sala.
- Ótimo, mande-a entrar - a ruiva disse dando um longo suspiro.
Uma garota de cabelos castanhos entrou na sala logo em seguida, quando seus olhos encontraram os de Margot ela deu um sorriso de canto e se sentou na cadeira de frente para a ruiva que John apontou para ela.
- Sra. Murton ... - a ruiva logo foi interrompida pela garota
- Me chame de Frey.
- Ok - a ruiva disse entre dentes a mesma odiou o comportamento da menina - Frey, tenho certeza que já sabe o porque de estar aqui.
- Por causa do assassinato na minha escola? - ela perguntou se rencostando na cadeira.
- Exato, estou investigando as três mortes que ocorreram no seu colégio e acho que a senhorita poderia me ajudar com isso - ela disse, tirou seus óculos e esfregou as mãos - podemos começar?
- Não vejo porque não, vá em frente.
- Você conhecia Noah Joshuan?
- Posso lhe dizer que sim, ele era irmão do namorado da minha melhor amiga mas nos falávamos bem pouco - ela disse passando a mão no cabelo
- Então você é amiga de Annelise Summer? - a ruiva perguntou interessada.
- Sim.
- Você tinha algo contra a vítima?
- Nada de grave - ela respondeu calmamente.
- Como assim "nada de grave"?- a ruiva perguntou fazendo aspas com as mãos
- Ele não gostava muito de mim e o sentimento era recíproco mas nunca brigamos nem nada.
- Entendo, mudando de assunto me disseram que você conhecia Célia Huang a segunda vítima.
- Ah sim claro, é uma pena ela ter morrido, era uma ótima professora de matemática - a garota disse suspirando.
- Testemunhas disseram que vocês se davam super bem.
- Sim, como eu disse ela era uma ótima professora - ela disse olhando a ruiva nos olhos.
- Interessante, me diga qual ligação você tinha com a terceira vítima?
- Você é bem direta né - a garota disse soltando uma pequena risada.
- Apenas responda a pergunta - a ruiva disse séria.
- O diretor era pai da Annelise então eu já tive muito contato com ele.
- Segundo minhas informações vocês não se davam muito bem.
- Ele achava que eu era uma má influência para a filha dele.
- E você era? - a ruiva perguntou
- O quê?
- Uma má influência.
- Acho que depende, não sei te responder - ela disse dando um meio sorriso para Margot.
A ruiva suspirou, queria estrangular aquela garota cínica, afinal quem ela achava que era ficando tão calma diante de uma situação dessa, se ela estivesse com um detector de mentiras a garota passaria facinho por ele, mas sua intuição dizia que algo estava errado com aquela garota de olhos avermelhados.
- Vamos direto ao assunto Frey, o que você estava fazendo tarde da noite no colégio no dia do ocorrido?
- Bom...
" A escola estava um alvoroço naquela manhã, provavelmente por causa dos resultados das inscrições para o time de basquete daquele ano, eu nem tentei apesar de gostar muito sou péssima em esportes.
- E aí sapatona, achei que tivesse entrado para o time - o garoto de cabelo cacheado gritou assim que me viu indo para a sala.
- Vai se fuder Noah - gritei de volta.
- Vish a mulher-macho ficou irritada - ele gritou rindo.
Apenas mostrei o dedo do meio, entrei na sala pisando fundo e bufei alto chamando a atenção de todo mundo que estava lá dentro, inclusive Lise que veio ao meu encontro.
- Frey que foi?
- Seu querido cunhado , aquele homofobico de merda - eu disse caminhando até minha mesa sendo seguida pela loira.
- Tinha que ser, e a propósito assim você me ofende chamando ele de meu "querido cunhado" - ela disse fazendo aspas com as mãos e deu um pequeno sorriso - não quero ser lembrada que tenho ligação com aquele estrupicio.
Sorri de volta para ela, Lise odiava tanto Noah Joshuan quanto eu, só que ela disfarçava bem na frente dos outros.
- Então a gente vai ficar aqui na escola hoje mesmo? - ela perguntou olhando para mim com seus olhos azuis.
- Sim, para fazer aquele trabalho de recuperação.
- Você acha que vamos ficar até depois de anoitecer? - ela perguntou encostando seu dedo mindinho no meu.
- Provavelmente.
- Ainda bem que trouxe uns lanches pra gente - ela disse abrindo a mochila e me mostrando o que tinha dentro.
Eu sorri, era tão atenciosa, ela sabia que eu tive que tirar folga para fazer o trabalho então decidiu cuidar de tudo por mim, eu realmente sou uma garota de sorte.
- obrigada meu anjo.
Ela sorriu fazendo suas bochechas darem uma leve corada.
- Não é nada demais - ela disse olhando para seu colo.
Eu ia dizer algo para ela mas meu amigo ruivo veio até nós afobado e respirando com dificuldade.
- Mas... - eu comecei mas fui interrompida por ele
- Você trouxe o meu bagulho?
- Calma Pedro, respira - eu disse gesticulando e parei perto do ouvido dele - assim você tá chamando a atenção de todo mundo.
Ele entendeu o que eu quis dizer se sentou e tentou se acalmar um pouco.
- E sim eu consegui, mas é melhor a gente esperar a poeira baixar pra mim te entregar, ultimamente o diretor está bem atento a essas coisas - eu sussurrei e Lise arqueou a sombrancelha com meu comentário.
- Na verdade ele está atento com você, ele não liga para o que os outros alunos fazem - ela disse séria - meu pai te odeia e você sabe.
- Eu sei... mas tenho que sustentar meus irmãos e minha avó de alguma forma já que o dinheiro que ganho trabalhando não é suficiente - eu disse pegando a mão dela e fazendo carinho com o polegar - eu não faria isso se tivesse outra alternativa.
- Mas tem outra maneira - ela disse olhando nos meus olhos.
- Não começa Lise, por favor - eu disse passando a mão na testa e ela ficou quieta.
Pedro nos cutucou e balançou seu celular.
- Então se vou ter que esperar até depois? É melhor eu avisar o Philip então - ele disse de repente para disfarçar aquele clima tenso de antes.
- Que errado Pedro fazendo o namorado da Lise ir pro mau caminho.
- Tomara que ele se foda - ela resmungou apoiando o queixo na mão.
- Vish problemas no paraíso- o ruivo perguntou com sarcasmo no seu tom de voz.
Ela fechou a cara e mostrou o dedo do meio para o meu amigo que apenas riu do gesto fazendo ela ficar mais irritada ainda.
- Calma... foi só uma brincadeira - ele disse tentando amenizar a situação.
Aquela manhã se resumiu a farpas entre Lise e meu melhor amigo, não que eles se odiassem nem nada é que era a forma deles de interagirem, eles se conheciam antes de eu conhece-los, os pais deles são amigos então ambos são próximos desde pequenos então nunca houve uma briga séria entre eles apenas provocações de ambos os lados. O sinal tocou fazendo Célia a professora de matemática parar de escrever na lousa e se virar para nós.
- Por favor não esqueçam de copiar, esta matéria vai cair na avaliação deste mês - ela disse enquanto todo mundo ia saindo ou arrumando suas coisas.
- Toma! - eu disse entregando a mercadoria para meu amigo enquanto os outros alunos estavam distraídos.
- Valeu - ele disse colocando no bolso e me entregou o dinheiro rapidamente - até amanhã.
- Vamos? - Lise me perguntou assim que Pedro saiu de perto da gente.
- Só espera eu fazer um negócio daí a gente vai - eu disse colocando a mochila nas costas.
Ela assentiu e saiu da sala, eu fui até a mesa da professora, a essa altura todos os alunos já tinham saído.
- Você conseguiu? - ela perguntou sorrindo assim que notou a minha presença.
- E alguma vez eu já te decepcionei? - eu perguntei entregando a maconha para ela.
Célia era minha cliente desde que comecei nesse ramo, nunca ninguém desconfiou dela afinal ela era a professora de 25 anos boazinha que todo mundo adorava, o que será que diriam se soubessem a verdade.
- Você tomou cuidado né? - ela perguntou preocupada enquanto me entregava o dinheiro.
- Acredite em mim, sou invisível- eu disse e pisquei para ela fazendo-a soltar um riso contido - certo já vou, aproveite aí.
- Pode deixar - ela disse em voz baixa enquanto eu saia da sala.
Lise me esperava do lado de fora encostada na parede, seu semblante levemente entediado, até que ela me viu e sorriu com os olhos indo para o meu lado. Não falamos nenhuma palavra no caminho para a sala de estudos, apenas caminhamos lado a lado, quando chegamos a sala estava totalmente vazia.
- Parece que somos só eu e você - eu disse quando me sentei em uma das cadeiras em volta da mesa redonda.
- Exatamente do jeito que eu queria - a loira disse me lançando um sorriso malicioso.
- Como é? - eu disse quase engasgando com minhas próprias palavras.
Ela veio até onde eu estava e se sentou no meu colo de frente para mim e começou a fazer carinhos no meu cabelo.
- Não se preocupe com as câmeras - ela levou a boca perto do meu ouvido e sussurou me fazendo arrepiar - papai me disse que esses dias ele teve que desativa-las porque em breve vai trocar o sistema de segurança, então ninguém vai nos ver meu amor.
- Mas e o nosso trabalho? - eu perguntei com minha voz já falhando.
- A gente faz depois - ela disse roçando os lábios na minha orelha - ou você não quer aproveitar essa oportunidade comigo?
Essa filha da puta sabe bem como me deixar fraca. Coloquei a mão em seu rosto e a puxei para mim colando nossos lábios, ela suspirou colando mais nossos corpos, eu queria mais, aprofundei nosso beijo enquanto ela adentrava meus cabelos com as mãos. Ela começou a rebolar no meu colo enquanto me beijava, aquela garota me enlouquecia de uma forma inexplicável, desci meus beijos pelo seu pescoço e minha mão adentrou a camiseta branca do uniforme dela e depois alcancei seus seios por baixo do sutiã, "mais por favor" ela suplicou no meu ouvido.
***
Já estava tarde, estávamos deitadas em um sofá pequeno, Lise estava serena encostada no meu peito descansando , sua respiração descompassada de antes agora estava suave.
- Eu não acredito que a gente transou na escola - eu resmunguei indignada.
- Foi gostoso admite - ela disse erguendo a cabeça para me olhar com aqueles olhos azuis que eu tanto amo, minha raiva se esvaiu.
- Sim foi gostoso, mas foi arriscado, e eu queria fazer isso em uma cama de preferência.
- Isso me faz lembrar de quando perdi a virgindade - ela disse e começou a rir - a gente tinha ido no cinema com o Pedro e o Philip, daí eles disseram que queriam ir em uma lanchonete nova que tinha aberto fazia pouco tempo, mas a gente não estava com fome.
Eu comecei a rir me lembrando do dia que aquilo aconteceu.
- Daí a gente foi para o seu carro dar uma volta pra matar o tempo, só que uma hora enquanto dirigia você começou a fazer carinho e alisar a minha coxa, aí você estacionou em uma rua deserta e começou a me beijar até que pulamos para o banco de trás e rolou - eu completei a história enquanto passava a mão acariciando as costas dela.
- A gente tinha uns quinze anos na época e se me lembro bem naquele dia você rasgou aquela minha camiseta branca de botão - ela disse disse sorrindo mas logo suspirou - sinto falta daquela época.
- É as coisas eram bem mais simples naquele tempo, meus pais ainda estavam vivos eu não tinha que me preocupar com dinheiro e essas coisas.
- A gente tinha acabado de começar a namorar, estava tudo as mil maravilhas, mas meses depois tudo desmoronou em cima da gente- ela disse com a voz um pouco triste.
- Sim foi tudo por água abaixo, mas nós conseguimos dar um jeito, e a gente vai conseguir sempre porque nosso amor é mais forte que qualquer situação - eu disse e beijei sua testa - agora vamos levantar porque a gente nem começou o trabalho ainda.
- Ahh não vamos ficar assim mais um pouquinho - ela resmungou se aconchegando mais em cima de mim.
- Não, assim a gente não vai conseguir terminar o trabalho - eu disse me levantando - vamos meu anjo.
Ela se levantou a contragosto e ficou de cara emburrada enquanto íamos até a mesa começar a trabalhar"
- Eu fiquei até tarde fazendo um trabalho com minha melhor amiga Annelise, se quiser pode confirmar isso com ela - a garota disse calmamente.
- Você teve contato com alguma das vítimas nesse tempo em que ficou na escola fazendo o trabalho com sua amiga? - a ruiva perguntou batendo a caneta na mesa repetidamente.
- Não.
- Acho então que por agora está bom, mas provavelmente irei te chamar outra vez - a ruiva disse semicerrando os olhos - por algum motivo Frey não consigo confiar em você.
- Acredite em mim quando digo que não fiz nada de ruim - a garota disse olhando nos olhos da investigadora.
- Isso nós vamos ver - a ruiva disse séria - pode ir.
- Até depois então - a garota disse e abriu um largo sorriso para a ruiva.
Assim que a garota saiu pela porta Margot reprimiu um grito.
- Menina insuportável.
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Eu confesso
Misteri / Thriller3 mortes Um local 4 suspeitos 1 investigadora que odeia lidar com adolescentes. Quem será o culpado?