"- Estou aqui - avisei ao me sentar ao lado da investigadora.
- Ótimo, então vamos - ela disse pegando sua bolsa ao se levantar.
- Vamos para onde?
- Para um lugar tranquilo, você não achou que iríamos conversar sobre esse assunto em um bar, né? - ela disse rindo consigo mesma - esse tipo de assunto deve ser tratado com cuidado menino.
Me irritei facilmente com o comentário dela, e eu lá ia saber disso, achei que ela ia conversar comigo aqui mesmo.
- Eu sei... vamos então - disse me levantando.
Ela apenas deu um risinho contido e me acompanhou para fora do estabelecimento.
***
Estávamos caminhando pela rua escura, ela não disse nenhuma palavra desde que saímos do bar.
- A gente não tinha assuntos para discutir? - perguntei arqueando a sobrancelha.
- Claro, claro, estava tão pensativa que me esqueci da sua existência por um momento - ela disse sorrindo abertamente.
Estranhei, ela não é uma pessoa de sorrir muito pelo que eu pude ver.
- Porque está tão sorridente?
- Ué não posso mais ficar de bom humor? - ela perguntou sorrindo.
- Dada as circunstâncias não e aliás você não parecia ser uma pessoa que costuma estar de bom humor com frequência pelo que percebi quando me interrogou na delegacia - suspirei - diga logo o quê diabos está acontecendo.
- Comigo ou o que está acontecendo para te chamar para conversar no meio da noite? - ela perguntou ajeitando a bolsa no ombro.
- Os dois...
Ela suspirou e indicou para que fôssemos nos sentar em um banco próximo.
- Minha esposa me convenceu a ter um bebê, confesso não fiquei tão contente no começo mas agora estou super feliz - ela contou radiante.
- Parabéns então - eu disse desanimado - não que eu realmente me importe com sua vida pessoal, mas felicidades para vocês.
- Nossa que rude.
- Foda-se, estou aqui para conversar sobre o Philip não sobre sua vida - eu a cortei seco.
- Garoto sem educação - é parece que voltamos ao humor habitual - enfim eu queria te dizer que confesse logo quem assassinou o irmão do seu namorado e o diretor da sua escola.
- Eu não sei quem matou eles - respondi levemente irritado com o rumo que aquela conversa estava tendo.
- Eu sei que você sabe, não adianta mentir para mim, assim só vai acabar piorando a situação para o Philip.
- Do que você está falando? - perguntei um pouco assustado.
- Digamos que eu saiba que ele fez uma coisa ruim quando ele tinha 14 anos e acabou impune disso.
- Você... - eu nem consegui terminar.
- Sim eu sei de tudo, sabe eu deveria prender ele, mas assim não conseguiria resolver o caso - ela então me olhou nos olhos -então na verdade eu vim aqui fazer um acordo com você.
- Pode falar - eu disse calmo por fora mas extremamente nervoso por dentro.
- Se você me contar o que aconteceu, esquecerei essa coisa que seu namorado fez - ela respondeu me dando um sorriso sugestivo - é pegar ou largar.
Eu pensei por alguns segundos na sua proposta e me dei por vencido.
- Sim mas quero mais uma condição.
- Claro pode falar.
- Eu farei com que essa pessoa confesse e se ela fizer isso quero que reduza a pena além de esquecer o caso do meu namorado - eu impus minhas condições e cruzei os braços.
- Humm, se o culpado confessar como você disse, eu reduzirei a pena então - ela disse pensativa - temos um acordo?
- Sim, nós temos.
- Ótimo então como você irá convencê-lo? - ela perguntou um pouco ansiosa - o culpado eu digo.
- Na verdade nem preciso.
- Como? - ela perguntou confusa.
- Eu confesso.
- Como?
- Eu matei o Noah e o diretor."- Papai porque você fez isso? - a garota de cabelos castanhos perguntou.
- Eu não tinha outra opção, era isso ou dizer a verdade - o ruivo disse dando de ombros.
- Você fez isso para proteger o papai Philip e a tia Frey? - a garotinha perguntou.
- Sim isso mesmo Megan, e valeu muito a pena - o ruivo disse dando um sorriso caloroso para a filha.
- Uau tio Pe é um herói - o garoto loiro ao lado de Megan falou admirado.
- Obrigado Stanley, mas sua mãe e o Philip também foram heróis - o ruivo disse e se levantou da poltrona - enfim chega de história por hoje, vamos comer.
Os dois fizeram um pequeno protesto mas logo foram para a cozinha lanchar.
- Você não contou as partes pesadas né? - Annelise perguntou preocupada quando entrou na sala.
- Você diz a parte que meu marido atirou no escroto do seu pai ou que a Frey matou o Noah por quase te estuprar? - o ruivo perguntou levantando a sobrancelha - é lógico que eu ocultei essas partes, eles só tem 9 e 10 anos.
- Certo, mas eu ainda acho que eles são muito novos para escutarem essa história - ela suspirou - essa história me faz pensar que foi por pouco que eu não fui estuprada aquela noite, aquilo foi realmente assustador.
- E se também não fosse pelo Harry a sua esposa estaria morta - o ruivo se sentou de novo na poltrona -Bom e falando nele, ele diz que está tomando os remédios certo, mas as vezes eu me sinto culpado por ficar com medo dele.
- Ei não fica assim, qualquer um no seu lugar ficaria com um pouco de medo principalmente agora que vocês tem uma filha - ela disse colocando a mão no ombro do amigo.
- Outro dia eu vi o Harry novamente ele estava brincando com a Megan, parece que ele mudou desde aquela época, mas ainda assim naquele dia eu vi ele matar alguém sem nem ao menos expressar alguma reação - ele apoiou a cabeça na mão - eu disse ao Philip que nunca ficaria com medo, mas acho que eu estava errado.
- Apenas não se esqueça que você não tem culpa de se sentir assim.
- Sabe podemos mudar de assunto? - o ruivo perguntou com um sorriso triste no rosto.
- Claro, sabe eu tenho percebido que a Megan está ficando cada dia mais parecida com o Philip, o cabelo castanho ondulado e o rosto também - ela disse sorrindo.
- É parece que eu só contribui com os olhos mesmo - ele respondeu chateado.
- Ei os olhos dela são lindos, parecem até duas pepitas de ouro, e outra ela puxou a sua personalidade detestável - ela disse dando tapinhas nas costas do amigo enquanto ele resmungava algum xingamento- e pensar que a tecnologia avançou tanto a ponto de pessoas como nós podermos ter filhos biológicos.
- Sim, e falando nisso o Stanley também só puxou o cabelo de você porque o resto... ele é praticamente um clone em miniatura da Frey, mas pelo lado bom ainda tem as gêmeas que puxaram você bastante- o ruivo disse finalmente sorrindo - é ela que está cuidando delas hoje né?
- Sim, ela disse para mim ter o final de semana de folga, ela que ia cuidar das bebês, sabe as vezes eu sinto que ela sempre foi a minha pessoa destinada, eu me sinto tão feliz ao lado dela - a loira deu um suspiro apaixonado.
- Vocês realmente são um casal fofo, eu confesso também me sinto muito feliz ao lado do Philip - o ruivo disse sorridente.
- Falando nisso vocês pensam em ter outro filho?
- Não tá maluca, só de ver vocês duas com aquelas meninas birrentas já me faz ficar com medo, tivemos muita sorte com a Megan ela foi uma bebê tão calma.
- Se você chamar a Fer e a Anny de birrentas de novo você pode se considerar um homem morto - a loira disse ficando irritada - elas nem são tão barulhentas assim.
- Que seja, não precisa ficar irritada.
- Não estou irritada - ela disse fazendo careta.
A porta da casa se abriu dando passagem para a mulher de olhos avermelhados com o carrinho de bebê duplo e logo atrás dela vinha a ex investigadora Margot com um rapaz ruivo ao seu lado.
- Voltei - Frey disse ao avistar os dois.
- Oi amor - Lise disse indo na sua direção e lhe dando um selinho - ah oi Marg.
- Oi, como vocês estão? - a ruiva respondeu sorrindo.
- Bem - a loira respondeu para a ruiva e se voltou para a esposa- elas deram muito trabalho?
- Até que não, estavam mais quietinhas hoje.
- Ei Pedro não me viu aqui não- a ruiva disse elevando a voz para ser escutada.
- Ah desculpa, como vai?- ele disse se juntando a elas.
- Bem, sabe tenho ótimas notícias, Marcos quer dar as honras - a ruiva perguntou para o rapaz ao seu lado que usava o celular.
- Ah claro, eu passei na faculdade de medicina - ele contou e voltou sua atenção para o celular.
- Uau que incrível - Lise comentou.
- Tinha que ser seu filho mesmo, mas me diz Margot como você conseguiu fazer ele largar o celular e estudar? - perguntou Pedro sugestivo.
- Ei Pedro pode não parecer mas eu gosto de estudar - o rapaz advertiu o ruivo que apenas riu em resposta.
- Claro, claro - ele disse em resposta.
- Me lembro Marcos quando você era apenas um bebê - Lise disse suspirando.
- Eu também lembro, você era um bebê bem feio e chato - Frey comentou e levou um tapa no braço da esposa.
- Frey! - a loira a repreendeu.
- Que foi é verdade, Ai- ela respondeu e levou outro tapa.
- Para com isso! - sua esposa a advertiu entre dentes.
- Relaxa Annelise, eu sei como a Frey é - o rapaz disse rindo.
- E como está a sua mãe Paula?- Lise perguntou mudando de assunto.
- Deve estar chorando até agora por causa da notícia da faculdade - ele respondeu suspirando.
- Ela deve ter ficado muito feliz - Pedro comentou.
- Não preciso nem responder né- o rapaz disse sorrindo - mas também ela faltou me prender ao sofá quando eu disse que ia sair de casa.
- Não sei porque do alvoroço todo, finalmente essa praga vai sair de casa e parar de dar trabalho, ela devia ficar feliz - Margot disse cruzando os braços.
- Nossa mãe, também te amo tá - o rapaz disse dando um meio abraço na ruiva.
- Aham sei - ela disse dispensando o filho com a mão - ei Pedro cadê o Philip?
- Trabalhando, teve uma reunião de emergência.
- Ah que pena queria ver ele.
- E pensar que você ficaria amiga da gente depois de todo aquela história - Frey comentou.
- Quando eu ouvi que na verdade as vítimas eram os verdadeiros "vilões" por assim dizer eu defendi o Pedro até o fim, fiz apenas aquilo que era justo - a ruiva disse - mas enfim onde estão as crianças.
- Devem estar aprontando alguma coisa na cozinha, porque nem vieram para cá quando vocês chegaram - Lise respondeu.
- Então vamos até lá.Fim.
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Eu confesso
Mistério / Suspense3 mortes Um local 4 suspeitos 1 investigadora que odeia lidar com adolescentes. Quem será o culpado?