Capítulo 5

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Olá pessoal. Essa semana foi uma correria só, não deu para postar capítulo, mas hoje vou deixar 2 em compensação. Bom final de semana. 


Eu estava tomando café da manhã na área externa da casa, em frente à piscina. Juliana tinha acabado de ir embora. Tinha tomado café comigo e foi embora pra trabalhar. Coloquei a xícara ao lado do notebook, tirei uma foto, depois postei no meu perfil de autora no Instagram. Eu ainda não tinha mostrado o rosto, já tinha falado quais eram os motivos aos leitores, haveria muito julgamento das pessoas ao meu redor e eu queria evitar isso. O número de seguidores estava crescendo muito e isso me deixava bem empolgada. Olhei ao redor e pensei no quanto estava me sentindo sozinha ultimamente. Uma casa tão grande, mas estava sem vida, talvez faltasse vida em mim. Eu estava morrendo de saudades da minha irmã e dos meninos, o que me desanimava muito. Peguei o celular para ligar para os dois no mesmo momento que ele começou a tocar com uma chamada da minha mãe.

Fechei os olhos em busca de força e paciência. Ainda não tinha falado com ela sobre o que aconteceu.

— Mamãe. Tudo bem?

Renata, me diz que o que acabei de saber pela Kauane, mãe do Juarez, é mentira?

Senti uma pontada de dor no coração por suas palavras acusadoras. Ela nem sequer perguntou como eu estava.

— Também estou bem, mamãe, apesar de tudo que passei, estou bem — ironizei.

Como você pode mandar o seu marido para a cadeia como fez? Nem ao menos foi visitar o pobre ainda? Eu não acredito que depois de tanto tempo de casada você foi capaz de agir dessa forma com ele, Renata, um homem que sempre fez tudo por você.

— Não sei por que não me surpreendo com suas palavras, a senhora sabe o que aconteceu?

Foi apenas um deslize e você poderia ter...

Meus olhos se encheram de lágrimas com tamanha falta de consideração da minha mãe com tudo que passei. Eu nem consegui prestar atenção ao que ela falava. Como ela ainda tinha a capacidade de defender o genro daquela forma? Não sabia como eu ainda era capaz de me surpreender com as atitudes dela. Depois da forma como ela agiu com a Raquel quando ficou grávida. Nunca quis saber como estavam os bebês. Por que comigo seria diferente?

Eu também havia me tornado uma vergonha para ela.

— Ele me bateu, e não foi apenas uma vez, mas várias...

Mas o que você fez para levar o Juarez a fazer isso? Ele sempre foi um bom marido, acolheu a sua irmã mesmo contra a própria vontade. Foi só ele perder o emprego e...

— Meu Deus, mamãe, está me acusando de ser interesseira? É isso?

É o que está parecendo. Ele é seu marido, tem que perdoar, na verdade é você que deve pedir perdão por ter mandado ele para a cadeia.

— Quando a senhora decidir conversar sem me acusar pode me ligar. Adeus.

Pela primeira vez na vida eu desliguei o telefone na cara da minha mãe. Pela primeira vez eu decidi não me importar com o que ela pensaria ou se deixaria de me amar. Mas eu não podia suportar que ela falasse daquela forma comigo. Que me acusasse como se eu fosse a culpada por tudo que meu marido fez. Eu não era, sabia muito bem disso. Entretanto, era muito difícil conseguir não entronizar suas palavras dentro da minha mente. Não deixaria jamais que a culpa me tomasse. Cada um é responsável por seus atos. Isso era fato.

Peguei o notebook e comecei a escrever tudo que eu estava sentindo. Para alguma coisa toda aquela raiva serviria.

Minha mãe sempre foi uma mulher religiosa. O maior problema dela não era a religião que ela seguia, mas a forma exagerada como ela via tudo. Não existia meio termo para ela. Levava tudo a ferro e fogo. Vivia na época da lei. Tudo era pecado, tudo levaria a alma das pessoas para o inferno. Apenas ela era perfeita, pois vivia longe do pecado, era imaculada. Mas era pura hipocrisia, pois tratar as filhas com desamor deveria ser uma forma de pecado também. Julgar os outros então, um imenso pecado. Não perdoar os outros, esse eu tinha certeza que era um dos seus principais erros. Não era problema da igreja que ela frequentava, pois eu conhecia pessoas muito esclarecidas que frequentavam a mesma denominação que agiam completamente diferentes dela. Depois de tudo eu podia ver que Raquel tinha razão, o problema era a minha mãe.

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