Capítulo 6

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Ele abriu um sorriso tão lindo que seria capaz de iluminar qualquer coração, mesmo se estivesse na mais tenebrosa escuridão. Como alguém pode ser tão lindo assim? Ele era o tipo de pessoa que os olhos sorriam junto com os lábios, isso era uma coisa que eu só via descrever nos livros e era personificado em Giovani Caetano. Junto com o movimento dos músculos da face vinha um brilho tão intenso nas duas esferas escuras que poderia deixar qualquer um hipnotizado. Era por isso que há anos eu vinha tentando evitar encarar aqueles olhos. Eu sempre me via envolvida demais por eles, por seu sorriso. Sempre acabava feito uma idiota sonhadora, a mesma que fui anos atrás.

Não dessa vez, meu caro.

Ele se aproximou, colocou a máscara no rosto e sentou ao meu lado entregando uma para o menino que agora sabia que era seu filho, Enrico. Lamentei pela máscara que cobriu o seu sorriso encantador, ao mesmo tempo que fiquei aliviada por não mais ter que olhar o seu sorriso que sempre causou coisas avassaladoras dentro de mim.

— Desculpe por isso, essas crianças às vezes são impossíveis. — Seus dedos se perderam na pelagem castanha do cachorro que apoiou o queixo nas patas satisfeito com o afago.

Cachorro sortudo.

— Sem problemas, pensei que ele tivesse se machucado — falei colocando a máscara. — Essa foi a minha preocupação.

Mesmo com o nariz coberto pelo tecido eu podia sentir o cheiro dele chegando até as minhas narinas. Era uma fragrância refrescante, ao mesmo tempo elegante e sensual.

— Oi, eu sou o Enrico, você é amiga do meu pai? — o menino inquiriu estendendo a mão em minha direção e encarando-me de forma curiosa.

Fazia muito tempo que eu não o via. Talvez se tivesse encontrado sem a presença do pai dele não o teria reconhecido tamanha mudança desde que o vi pela última vez.

— Eu sou Renata, é um prazer conhecer você.

Apertei a sua mão pequena.

— Você é amiga do meu pai? — perguntou novamente.

Ergui os olhos na direção do Giovani e ele ergueu as sobrancelhas para mim com um movimento da cabeça em um questionamento mudo.

Eu sou?

— Bem, sim, nós nos conhecemos há muito tempo.

— Renata, eu lembro... foi você que meu pai foi salvar com a tia Ju outro dia, não foi? Você foi assaltada?

A pergunta do menino me deixou desconcertada. Arrumei a postura e respirei fundo sem saber o que responder.

— Enrico, por que não vai brincar um pouco com o Thor?

— Estou conversando com a sua amiga, papai. — Encarou o pai de forma desafiadora.

Tive que segurar o riso.

— Sim, digamos que eu fui assaltada e seu pai foi até lá prender o bandido. Ele me salvou e agora estamos aqui — expliquei.

— Meu pai é um herói. Ele salva pessoas e prende os bandidos. É, ele é o máximo.

Falou com tanto orgulho que ninguém poderia discordar, tampouco eu, que realmente fui salva por ele.

— Sim, ele é um herói. Dever ser legal ter um pai super-herói, não é?

— Muito legal, eu não tenho medo de nada, pois sei que ele sempre vai me proteger. Você tem namorado?

Engasguei com o riso e encarei o homem que ficou todo sem graça com a colocação do menino. Entendi na hora o que Enrico estava tentando fazer. Ele deveria ser daquele tipo de criança que quer a todo custo arrumar uma namorada para o pai.

Surpresas da Vida - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora