demais para uma semana

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— Como assim vocês só deram um selinho? — Kai quase berrou, e eu dei um tapa em seu ombro para que calasse a boca. Ainda bem que a lanchonete da faculdade não estava cheia.

— Fala baixo, caralho. Ele não parecia no clima de beijar, eu nem sei por que ele fez isso. — Respondi, bebendo mais do suco de laranja.

— Tá, eu já entendi. É que isso parece uma cena de um filme clichê de adolescente, e pelo que eu sei o bonito lá já tem vinte e dois anos. Pensei que no mínimo você tivesse mamado ele no banhe-

É claro que eu não iria deixar Kai continuar falando, então peguei seus biscoitos e enfiei logo três em sua boca.

— Pelo amor de deus... — Respirei fundo. — Ele só pediu meu número, mas nem mandou mensagem.

— Sério? — Exclamou ainda de boca cheia. — Então ele gostou mesmo de você.

— Como você é exagerado. — Neguei com a cabeça. — De qualquer forma, não tô com vontade de me envolver com ninguém. Aquele trauma ainda tá preso na minha cabeça, e eu não quero nem pensar em me envolver com outra pessoa.

— Até parece que você escolhe de quem vai gostar, né? — Recebi um puxão leve de orelha, e olhei feio. — Já faz um ano e você faz terapia. Eu sei que um relacionamento abusivo deixa marcas pra sempre, mas você tem a cabeça tão forte, amigo. Não é justo com você mesmo se prender desse jeito.

— Mesmo assim, é difícil. — Desviei o olhar, tentando não pensar sobre como meu coração estava acelerado no dia da festa. Já faz dois dias, mas as sensações continuam vivas dentro de mim.

— Ai, gyu, você que é difícil, mas tudo bem eu te perdoo porque você é meu amigo querido. — Ele apertou minhas bochechas para que eu ficasse com bico, e eu comecei a bater em sua mão.

— Eu vou colocar você pra vender.

— Vai nada, você me ama também.

E antes que eu conseguisse xingar ele, senti meu celular vibrar dentro da calça. Peguei, vendo uma notificação de mensagem do Kakao. Merda, é Yeonjun.

— Kai, volto já. — Disse, me preparando para pegar minha mochila e levantar, mas meu querido amigo puxou o celular da minha mão mais rápido.

— Você não vai a lugar nenhum, docinho. É capaz de você deixar ele no vácuo.

— Inferno, mas me dá isso aí.

— Toma, mas responde ele direito. Tô de olho, se liga hein.

Eu revirei os olhos, e abri a conversa. Era só um "Oi, Beomgyu, aqui é Yeonjun. Você lembra de mim, né?"

— Que fofo! — Kai voltou a falar, olhando a tela.

— Ele é fofo. Parece até de mentira. — Suspirei, e respondi a mensagem falando que lembrava, e ainda perguntei se estava tudo bem.

Kai não respondeu, só sorriu e pegou o próprio celular, e eu agradeci por não me sentir mais observado.

Yeonjun Stitch

eu tô bem sim

e você?

seu pé ainda funciona direitinho?


sim

eu acho...

mas tô andando normal então tá suave


overflowing questions • yeongyuOnde histórias criam vida. Descubra agora