não importa mais mesmo

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— Y-Yeonjun? — Quase engasguei com minhas próprias palavras. Ele estava ali, com uma calça moletom preta e um casaco azul, muito diferente do que ele costuma a vestir. Seu cabelo continua rosa e ele continua lindo...

— Beom, o que aconteceu? — Perguntou, e eu desejei que tivesse um buraco dentro do chão pra enfiar a cara. Eu com certeza vou esganar Kai assim que ver ele.

— Entra, você quer uma água? — Dei espaço, querendo fugir.

— Eu quero saber por que você não me responde direito há duas semanas. — Entrou, sem se preocupar em tirar os sapatos primeiro. Fechei a porta lentamente, tentando pensar em alguma coisa coerente. — Você disse que tava ocupado com as provas, mas Kai falou que elas acabaram hoje e você nem avisou!

— Eu ia avisar... — Olhei para o chão.

— Não ia. Tanta coisa aconteceu nessas semanas, e eu nem tive a chance de te contar. Eu fiz algo de errado?

Eu não sabia que algo poderia doer mais que um coração partido, mas ver Yeonjun assim definitivamente foi um murro bem forte no meu estômago. Me sinto estúpido pra caralho.

— Fala, Beom! Me diz se eu fiz alguma coisa de errado! — Insistiu de novo, e eu senti o choro chegando de novo.

— Não, você não fez nada de errado. Longe disso. — Falei, tentando continuar firme. — Eu que sou um idiota.

— Então explica, Beom. Eu só queria entender. — Sua voz está triste, e eu não consegui segurar uma lágrima que desceu.

Eu abaixei o rosto, esperando que meu cabelo cobrisse minha cara e comecei a andar até o sofá, sinalizando pra ele vir junto. Eu queria pedir ajuda pra alguém ou sair correndo, porque lidar com esse sufoco é horrível. Kai disse que é isso que acontece quando guardamos tanta coisa dentro da gente, mas não sei nem por onde começar.

— Você tá chorando? — Yeonjun perguntou quando percebeu que eu estava muito quieto e olhando para minhas mãos. Eu assenti com a cabeça, e ele chegou mais perto para abraçar. — Eu cheguei em um momento ruim? Desculpa se foi invasivo, eu deveria ter perguntado antes. Só vim porque Kai disse que você estaria livre.

— Não é isso. É que eu... — Abri a boca e fechei várias vezes, tentando clarear minha mente e pensar em algo coerente. Pelo menos Yeonjun não consegue ver como eu sou tão patético.

— Leva seu tempo. Se você não estiver bem, não precisa falar. Se quiser que eu vá embora, eu vou também.

— Não! Fica, por favor. — Disse automaticamente, me apertando ainda mais no seu corpo. Odeio ficar sentimental. — Eu não tô bem faz um tempo, não faz diferença.

— O que aconteceu? — Ele perguntou, e eu tomei coragem para sentar direito e virar para ele.

Independente do que eu vá falar, é melhor que seja olhando em seus olhos.

— Se lembra quando você perguntou qual a coisa que eu mais gostava no mundo? — Comecei incerto, mas ele assentiu. — Eu respondi liberdade, porque eu amo me sentir livre. Amo não sentir medo, amo não sentir pressão. Liberdade é tipo poder respirar bem depois de muito tempo sufocado. — Respirei fundo, para raciocinar melhor. Eu não entendi muito bem porque comecei a falar isso, porém senti que era o certo nesse momento. — E desde o início, eu vi liberdade em você. O jeito que você não se preocupa com o que os outros pensam, e nem se importa de ficar sozinho porque você sabe que não depende de ninguém. Desde o dia da festa, eu sabia que você era diferente porque o meu coração acelerou no momento que eu te vi com aquela fantasia adorável de Stitch. E quando você me disse para não me apaixonar antes de me beijar na roda-gigante, eu me apaixonei mais ainda porque você é perfeito demais pra ser verdade.

overflowing questions • yeongyuOnde histórias criam vida. Descubra agora