Capítulo 3

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[ARQUIVO ORIGINAL! LIVRO COMPLETO E REVISADO NA AMAZON]

Adriel Rurik

Privilegiado por carregar uma beleza única, sortudo pelo dom recebido, mais castigado por ser mudo. Esse era eu, ou pelo menos como algumas pessoas me via. Me julgar pela aparecia, como se minhas roupas fosse definir meu caráter. Me sentir preposto como se eu fosse uma mercadoria, pelo legado que carrego. Conhecer a falsidade, o desamor, o desmerecer, onde me esconder me tornou corriqueiro.

E talvez eu fosse sim privilegiado, mais não pelo legado, e sim pela família que eu tenho, onde usar roupas com peças femininas, nunca foi problema. O problema em si, era a super proteção.

E meu pai e meu irmão tinha muito disso, eu os entendia é claro. Me achavam meigo demais, intenso demais, onde o confundir dos sentimentos sempre foi meu maior machucado.

Mais eu não sou de todo ingênuo.

Ainda que alguns acreditam, que podem passar por cima de mim sem se ferir. Não era bem assim. Eu poderia não falar, mais sabia muito bem dosar cada passo voltado para mim, sabia onde existia um desejar verdadeiro, ou onde um interesse era permanente.

E por esse motivo, eu namorei somente uma vez.

Onde o arfar de meus sons lhe foi assombroso.

Passei a lidar com o sexo silencioso, onde o gostar do deslizar para dentro de meu corpo, jamais foi exposto.

Tenho vinte e três anos, onde o gostar de homens mais velhos, sempre me foi delicioso. Gostava da experiência que eles carregavam, gostava de suas solidão, e principalmente da confusão ao me olhar.

Me sentia deleitoso ao os olhar desconcertado com meu sorrir, me sentia adorável com a curiosidade evidente sobre mim. Mais nenhum deles até agora, tinha me feito esquentar, como Enzo Dale tinha me feito.

Sua voz era adorável, carregado de doçura e elegância. Sorriso sincero, onde o esquecer de quem é, lhe parece as vezes corriqueiro. Um homem maduro que mesmo sem dizer, carregava magoa em seu expressar.

Que grande fervor o olhar admirar meu autorretrato exposto. Ele parecia saber cada traço que minha obra carregava, e talvez seja por isso, que eu as deixava em exposição em diferentes cidades.

Gostava de sentir a curiosidade das pessoas, ao tentar descobrir quem era o retratista. E por esse motivo eu não as vendia, deixava lá, onde muitas vezes eu dava uma passada, para ver a curiosidade de perto. E foi em um desses dias que eu conheci Enzo Dale de perto.

Já tinha o visto em outros momentos, por longos anos desde que expus o retrato em Londres. Ele sempre fazia a mesma coisa, parava com o olhar fixo, colocava as mãos no bolso de sua calça, e permanecia a olhando por longas horas.

Até então nada daquilo tinha me chamado atenção, até eu ver de perto suas cores. Eu não precisava falar, para demostrar como eu tinha achado lindo as machas que ele carregava. Compreendia que o vitiligo pode tirar a autoestima de algumas pessoas, não posso afirmar que esse seja seu caso, mais por esse motivo eu olhava suas manchas com cuidado, não o queria deixar desconfortável, ainda que eu tenha o feito. Mais ele sim, carregava uma beleza única pôr as ter.

- Adriel. – Chamou meu irmão Tayran parando na porta do meu quarto e me tirando dos devaneios. – Enzo Dale chegou. – Disse me olhando. Devolvi seu olhar com seriedade. E eu odiava a forma em como ele queria cuidar de cada passo meu.

- Já estou descendo. – Agitei meus dedos para ele entender o que eu dizia.

- Se comporte. – Mandou me fazendo revirar os olhos.

- Saia. – Mandei mantendo nosso contado visual.

Meu irmão ainda me olhou por bons segundos, mais foi embora sem mais me questionar. E ainda que ele e meu pai, me colocassem em uma bolha, jamais iam contra o que eu dizia ou pedia.

Ajeitei minha saia xadrez ao me levantar da penteadeira, e eu me achava realmente bonito, ainda que minha beleza não fosse meu único atrativo. E diferente do que acham, eu não quero ser mulher, ainda que eu passe despercebido por carregar traços femininos, eu gosto de ser homem, assim como sinto prazer ao olhar meu pau se endurecer.

E estava tudo bem com isso, roupas não me define, e por isso eu passeava entre o feminino e masculino. Mais confesso que gosto bem mais das peças femininas.

Sai do meu quarto seguindo meu caminho até a escada, desci degrau por degrau com cuidado, deslizando minha mão pelo corrimão, e eu amava admirar minha unha recém feita, gostava de seu longo natural.

Segui meu caminho até a sala de jantar, e lá estava ele, sorrindo distraindo para algo que meu pai dizia. Tayran me olhava questionador, e meu irmão mal imaginava o fervor que eu sentia somente por o olhar. Enzo carregava muitos mistérios, e eu queria descobrir em qual mais parte de seu corpo, as machas se escondia.

- Adriel. – Anunciou meu pai exasperado minha chegada. E meu pai era sempre sorridente e exasperado. E até para matar ele sorria. – Venha, sente-se aqui. – Mandou me colocando de frente para Enzo.

- Adriel. – Cumprimentou ele. Seu tom me soou tão mais quente, e meu nome nunca tinha soado tão bem na voz de outro alguém.

- Como vai? –Perguntei tendo meu pai como interprete.

- Oh. – Arfou me olhando. – Vou bem. – Disse me sorrindo. Seus lábios rosados me encantou.

- Eu sei bem o que está fazendo. –Acusou Tayran agitando sua mão para que somente eu e meu pai entendesse.

- Você não faz ideia de nada. – Afirmei me irritando.

- Deixe seu irmão. – Mandou meu pai o olhando seriamente.

Enzo nos olhava questionador, o coitado não sabia nada de libras, e isso era adorável, ainda que minha comunicação com ele seja difícil, eu daria um jeito.

O jantar se transcorreu perfeitamente bem, ainda que Tayran mal desviava seus olhos de mim. Troquei olhares com Enzo, mal me importando. E ele me olhava desejável, curioso, e principalmente questionador ao notar meu olhar traiçoeiro.

E Enzo, mal sabe o inferno que eu vou causar nele. 

[ DEGUSTAÇÃO] Suas cores & Eu Onde histórias criam vida. Descubra agora