Prólogo - NAMJOON | IMAGINE

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Existe um ditado que diz que grandes histórias nunca começam com um copo de leite, uma frase que muitos fãs de clássicos como Star Wars e Laranja Mecânica tentam contestar, com seus enredos atemporais e complexos que podem ser traçados de volta à um. Mas essa em particular não se encaixa em nenhuma das alternativas por dois bons motivos: Primeiro, quando Namjoon, Seokjin e Hoseok entraram juntos em um bar em Itaewon na véspera de natal, não era exatamente o começo de suas histórias. E segundo, eles definitivamente não tinham a intenção de beber leite.

Os três formavam um contraste peculiar: Namjoon parecia um político, com seu terno grafite modelado ao corpo, o cabelo castanho alinhado perfeitamente, e austeros olhos de dragão que davam um frio na espinha do atendente toda vez que pedia outro copo de whisky. Ele era o epítome de classe e graciosidade, o tipo de pessoa que pode entrar em qualquer lugar e todo mundo simplesmente sabe que ele pode pagar.

Ao seu lado esquerdo, Seokjin usava um moletom bege que cobria até os joelhos de seus jeans rasgados. Escondia a franja tingida de preto embaixo do capuz enquanto bebia em silêncio um drink de baunilha em uma tulipa cheia de enfeites e um canudo colorido, que era na verdade uns 75% rum.

E por último, mas não menos miserável, Hoseok que veio direto do trabalho e tinha manchas de tinta colorida em quase toda a camisa branca e o casaco azul-marinho amarrado na cintura. Havia pedido uma pequena porção de frango frito e um copo alto para beber seu somaek, pois definitivamente não era o tipo de pessoa que perdia o apetite quando as coisas não iam bem.

Mesmo que mal parecessem se conhecer, eles formavam um laço inquebrável de amizade, do tipo que ninguém precisa exatamente dizer nada, que é mais que suficiente apenas aparecer, cada um em seu próprio mundo, encarando a inevitável ruína de suas vidas românticas.

Naquela mesa, sentavam as metades de três histórias que começaram muito antes do natal.

A de Namjoon, por exemplo, começou dois anos antes, em julho.

Desde que se formou na faculdade, estava acostumado a ir para o trabalho e subir até o quinto andar. O refeitório ficava no terceiro, as impressoras no quarto, então quase nunca precisava ir além do andar de seu escritório, no quinto. Naquele dia, aguardava sozinho no elevador que subia até o décimo nono.

Por mais estranho que pareça, conhecia cada curva e corredor de outros tempos, quando corria com seu irmão, jogando aviões de papel. O piso podia até ser diferente e as paredes estarem pintadas de outras cores, mas não se deve subestimar o poder da nostalgia.

Os olhares de todos os funcionários o seguiam, perfurando sua nuca como agulhas de inveja e expectativa enquanto procurava sua nova sala.

Deu bom dia à secretária e trancou a porta atrás de suas costas, o cheiro de umidade lhe enchendo os pulmões. Ninguém entrava ali há meses.

As plantas em cima das estantes - que há muito haviam morrido - faziam companhia à antigos troféus empoeirados e davam ao lugar uma energia fúnebre, como se fossem parte de um altar para um herói abatido.

E eram.

Abandonou a pasta e o casaco em uma das persianas, enchendo o cômodo de luz.

A vista da janela, que para qualquer outra pessoa seria de tirar o fôlego, não o impressionava. Os velhos arranha-céus se empilhavam nas avenidas abarrotadas. No prédio ao lado, um advogado apertava a mão de um novo cliente. Os carros seguiam seus cursos no engarrafamento dezenove andares abaixo e as calçadas borbulhavam com os atrasados correndo na mesma direção enquanto pessoas com mais tempo livre esperavam calmamente em uma fila para comprar café em um food truck.

True Colors | knj + pjm (REPOSTANDO) Onde histórias criam vida. Descubra agora