9ª CENA: Sonhos de uma Noite de Verão

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"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos" (Sonhos de uma Noite de Verão, William Shakespeare).

Quarta-feira 12h30.

O relógio de saída tocaria em pouco tempo e Sasuke estava desanimado. Era quarta-feira, um dia que se transformou no seu favorito durante os últimos meses, e não haveria, pela primeira vez, o encontro habitual do grupo. Mentira murmurou o cérebro dele, o encontro acontecerá, ela quem não vai estar lá.

Há uma semana Hinata não aparecia na escola. Tanto Sai quanto Gaara estavam tão amuados e silenciosos quanto ele. As reuniões receberam uma pausa, pois a presidente não estava presente. Quando a Hyuuga descobriu, no entanto, foi categórica ao dizer que eles deveriam manter o clube do livro vivo e funcionando ou seria fechado. Então passou uma leitura para eles – sua peça favorita de teatro "Sonho de uma noite de Verão", do W. Shakespeare. O Uchiha leu com muito pesar, sem saber o que estava acontecendo, e ele se arrastou até a biblioteca quando o sinal de saída tocou naquele dia.

Sai já estava lá, mas nenhum sinal de Gaara.

— Cadê o Sabaku?

— Estava com Naruto lá fora.

Sabendo o que isso significava, Sasuke apenas puxou sua cadeira habitual e jogou a mochila sobre a mesa. Segundos depois, o ruivo apareceu com a mesma expressão de enterro dos outros. Ele andou com passos arrastados, sem contar qualquer coisa sobre o pequeno encontro com o loiro, e afundou o rosto nos braços assim que se sentou. Os três permaneceram em silêncio, mesmo tendo prometido para a jovem que iriam continuar com as atividades sem problemas.

E foi sabendo exatamente como todos se sentiam que Hinata pegou o telefone de onde estava e fez uma ligação. Sai tomou um susto quando seu celular começou a tocar e quase derrubou o aparelho no chão ao atender.

— Hinata? — Tanto Gaara quanto Sasuke olharam para ele com curiosidade.

Coloca no viva-voz, por favor.

Sai obedeceu e, no mesmo instante, todos podiam ouvir a voz feminina:

— Eles te ouvem, Hina.

Ei, gente! — A alegria dela contrastava demais com o clima que se instaurou na biblioteca e eles sabiam que agia desse jeito por causa dos três. — Não posso participar muito da discussão, mas quero ler uns trechos com vocês. Podemos? — O silêncio como resposta, ainda chocado, provocou um suspiro cansado da garota. — É bom que vocês tenham lido ou juro que apareço aí na escola só para atirar estojos na cabeça de vocês!

A ameaça surtiu o efeito desejado, por mais que ainda não soubessem – apenas suspeitassem – o que estava acontecendo. Eles começaram a discutir sobre a obra, a qual a Hyuuga não poupou elogios. Seus comentários sempre serviam para trazer o melhor das discussões e os meninos se sentiram muito melhores após a hora com eles. Ao acabarem, Sasuke segurou o celular de Sai, que entendeu a mensagem e se levantou para ir guardar os livros enquanto Gaara saia da sala, tudo para dar a privacidade que o Uchiha pedia silenciosamente.

— Hina? — chamou cuidadoso. — Está aí ainda?

Sim, Sasuke. Estou. Está tudo bem?

A maneira como ela falava as palavras todas certinhas, evitando gírias ou contrações, mexia com o coração dele. Sasuke era fraco quando se tratava dela, e ele aceitou isso com uma tranquilidade surpreendente.

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