Capítulo 2

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Beijos doce, docinhos!

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CATARINA

Cerrado Azul

Dias atuais...

Engulo em seco, a amargura presa em minha garganta aperta conforme o verde começa a dominar minhas vistas, o fundo do poço não é um lugar bonito, e eu já estive tantas vezes lá que eu prometi a mim mesma que essa seria última vez, eu não pretendo voltar, cansei de ir para lá e me reerguer cheia de dores e novas feridas que talvez jamais cicatrizarão novamente.

Tudo se tornou com um joelho ferido, e existe sempre uma merda nova para arrancar a casca quando ele está prestes a cicatrizar, e aí uma ferida nova se abre e depois outra e mais outras, que droga eu fiz da minha vida? O que eu me tornei além de ser uma trintona dona de uma Brasília amarela e de um gato gordo com o espírito de herói?

A chuva bate no para-brisa, tornando quase impossível de ver a estrada de barro, Costela que está deitado no painel se espreguiça, ele sempre sai comigo e anda ao meu lado, viajar no painel, é sua forma favorita de curtir a viagem. Minha mão aperta o volante ainda mais forte, meus dedos ficam brancos. Eu sinto minhas costelas doerem e a dor fantasma em minha perna fisgar, tento enviar sinais ao meu cérebro que está tudo bem e que não tem dor alguma.

Por puro reflexo eu olho para trás, a chuva bate com força na lona da Brasília, me sinto esgotada, desconfiada, magoada e triste. Respirando fundo eu engulo a vontade de chorar. O medo me invade, minha vida mudou de direção diversas vezes com o passar dos anos, fui e voltei ao começo diversas vezes, já recomecei tantas vezes que agora me questiono se recomeços realmente valem a pena, eu sempre continuei de onde parei, mas nunca parti assim sem nada.

Eu já tive tudo e hoje o que me resta é senhor Madimbum minha velha Brasília amarela, Costela e caixas cheias de histórias e malas. Agora nada mais tem valor, os carros, meu antigo apartamento, minha clínica, agora só passam de coisas que passaram por minha vida. Talvez eu nunca tenha nada que realmente permaneceu em minha vida.

Meu pai nasceu em São Paulo e em uma viagem a negócios com meu tio conheceu minha mãe, na pequena cidade de Cerrado Azul. Sua amizade com meu padrinho veio bem antes. Quando ele resolveu patrocinar meu padrinho em um rodeio em Barretos. Já que mesmo meu padrinho tendo dinheiro não era suficiente, ele precisava de um nome. Meu pai e meu tio já estavam no mercado de laticínios desde quando meu avô era menino. Afinal, o nome Ferreira era naquela época conhecido só em Cerrado Azul, diferente de hoje que é conhecido em grande parte da América Latina e alguns países, são conhecidos pelos prêmios em rodeios e pelo grande negócio de exportar gado nelore e leiteiro para vários lugares como México e Argentina. E por seu maior feito a venda de sêmen de diversos equinos e bovinos de raça. O que os deixou ainda mais ricos.

Quando eu vim para São Paulo morar com meu tio e minha tia há dez anos. Demorei dois anos pra aceitar minha nova condição. Mas nada foi fácil, conciliar a faculdade com as fisioterapias, com as consultas e cirurgias. A partir daquele momento percebi que nada seria igual, eu teria limitações. Dificuldades.

Quando deixei Cerrado Azul há dez anos eu nunca me imaginei como uma pessoa de cidade grande. Com o passar do tempo aquele sotaque puxado desapareceu. Mostrando-se apenas em momentos de muita raiva. O que é raro.

Erros Do Passado | AMOSTRA - DISPONÍVEL NA AMAZON KINDLEOnde histórias criam vida. Descubra agora