CONFISSÕES

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Ethan abre uma porta que tem uma escada descendo como se fosse um soton, no entanto é uma biblioteca gigantesca com livros até o teto.
Vejo uma mesa próximo a uma janela com uma grande cortina branca logo atrás da poltrona que me parece extremamente confortável. De frete para a mesa tem um sofá super branco com detalhes em dourado no estilo colonial.

Ele estende a mão para o sofá para que eu me sente enquanto ele se encosta na mesa bem na minha frente com as pernas esticadas. Percebo que ele aperta a mesa com as mãos como se estivesse buscando forças para contar algo. Sua expressão é séria e ao mesmo tempo fria. Olho para ele firmemente, sem parecer intimidada até que finalmente, ele começa a falar.

- Conheço a Margot desde o jardim de infância, crescemos juntos e nossas famílias tem grandes negócios e são amigas desde sempre. Sempre a vi como amiga e achei que Margot me via da mesma maneira. Fizemos faculdade de química juntos, até que me mudei para a Inglaterra para cursar música e literatura.

- E como resolveram casar, já que você a tinha somente como amiga? Questiono.

Ele passa a mão na cabeça, percebo que seu corpo está ainda mais tenso e ele volta a falar.

- Após concluir a faculdade de literatura, meu pai pediu para que eu retornasse para Seattle para ajudar a comandar os negócios da família. Mesmo contra a minha vontade decido obedecer, nunca neguei os desejos dos meus pais.
Minha mãe sempre soube que eu não queria isso para mim e sua única preocupação era que encontrasse alguém para amar já que eu nunca tive namorada e sempre me senti incapaz de amar alguém.
A relação dos meus pais sempre foi admirável, mesmo o meu pai sendo mais rígido, a Sra Bethe sempre soube conduzir tudo de forma com que o meu pai sempre faça os desejos dela e se derreta aos seus caprichos.
No entanto, uma única coisa a minha mãe não conseguiu tirar da cabeça do Sr. Bloss: o fato de que eu deveria me casar no final daquele ano com Margot para o bem dos negócios das duas famílias.

Olho para ele atônita, sem acreditar que em pleno século XXI alguém ainda tenha que se unir a outra por meio de casamento arranjado.
Saio dos meus pensamentos com ele dando continuidade aos fatos.

- Então, com 25 anos eu estava no altar, esperando Margot toda de branco, tendo certeza de que eu não amara e tendo um fio de esperança de que um dia eu pudesse a amar como ela me ama.
Moramos sete anos em Seattle , e embora tivéssemos uma vida de casal por eu ter me acostumado com a presença dela, eu sei que não a amo, e ela também sabe disso. Minha mãe sabe tanto quanto eu e até hoje ela reza para que eu conheça o amor.

- Porque Vinix ? Interrogo bastante intrigada e aflita

- Sempre quis morar em uma cidade mais tranquila e aconchegante, o meu casamento com Margot sempre esteve por um fio. A rotina é cansativa somos dois estranhos sob o mesmo teto, então quando disse para Margot que queria o divórcio, ela revelou que estava grávida de três meses.
Durante a gravidez um clima de paz se instalou em casa e nossas famílias estavam cada vez mais unidas. Por um instante achei que finalmente estava aprendendo a amar.
Então Emilly nasceu e mais que nunca, nos distanciamos ainda mais; propus o divórcio mais uma vez. No entanto, Margot sempre soube que eu queira morar em uma cidade calma então, com esperança de restaurar o casamento viemos para Vínix, mesmo ela preferindo a agitação das grandes cidades.

Olho para ele que nesse momento está de cabeça baixa e ainda assim ele continua.

- Eu admiro a Margot como pessoa e mãe. Não há tenho como esposa desde que descobri sobre a gravidez da Emilly. Somos dois desconhecidos na mesma casa e embora eu perceba o seu esforço em se aproximar, eu não posso fazer algo que eu não queira e sem paixão. Cada dia que passa eu sinto que estou vivendo em vão nesse casamento, sinto minhas forças se esvair cada vez mais e não sei mais o que fazer para a Margot entender que acabou.

Neste momento, levanto do sofá e corro para os braços de Ethan que me abraça como se precisasse mais daquilo que do ar para sobreviver. Ouço ele soluçar e lágrimas caem sobre as minhas costas onde Ethan repousa o seu rosto.

Permaneço sem falar uma única palavra, apenas fico parada com uma dor cortando o meu peito e a sensação de ter levado um soco no estômago. Não sabia que era possível sentir de maneira tão real a dor do outro, como sinto a de Ethan nesse momento.

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Essa é a primeira vez que Anne se apaixona e faz isso justamente com uma pessoa comprometida 😈

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