Six

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Encontrar o síndico do prédio não foi uma tarefa difícil, na verdade, foi bem mais fácil do que Emma pensou. O encontrou na portaria, tomando uma caneca de café e comendo rosquinhas.

Parou a frente do homem, que quando notou sua presença, largou as rosquinhas, o café e arrumou a postura.

- Boa tarde, senhorita.

- Boa tarde. Preciso falar com o senhor, por favor.

- Claro, sou todo ouvidos. - Ele apoiou os cotovelos na mesa e focou sua total atenção a ela. - Pode dizer.

- Eu arrumei um emprego e já podemos pagar o aluguel...

- Isso é ótimo, fico muito feliz por isso. - Emma sabia que a tal felicidade do velho não se devia ao fato de ter conseguido um emprego e sim por finalmente ter o seu dinheiro na mão.

- Sim, isso é ótimo mesmo. Mas eu peço que o senhor seja paciente, não sei quando será o meu primeiro salário e se o senhor esperar um pouco mais, eu prometo que pago um pouco mais do que o valor exigido. - Ele ficou pensativo, parecia pensar na proposta da loira. - Olha, o senhor sabe como as coisas são difíceis para Merida e eu, mas agora tudo vai ficar bem, eu só preciso que o senhor nos dê um pouco mais de tempo. Nós sempre pagamos, mesmo que às vezes atrase e dessa vez não vai ser diferente, mas por favor, dê um pouco mais de tempo para nós.

Ele suspirou, se levantou, deu a volta na mesa e se aproximou um pouco da loira. Pegou em uma de suas mãos e mostrou um sorriso amável a ela.

- Eu lhes darei o tempo que precisarem, mas por favor, não atrasem mais que isso. Meu superior pode não gostar de saber que estou estendendo o prazo de vocês e eu posso acabar sendo demitido.

- Oh... - Murmurou surpresa. - Eu não sabia que o senhor tinha um superior, pensei que fosse a autoridade maior.

- Aqui dentro sim, mas o dono do imóvel me contratou, então eu trabalho para ele. - Deu de ombros. - Enfim, eu te desejo muita boa sorte no seu primeiro emprego.

- Muito obrigada, o senhor não vai se arrepender. - Sorriu e se virou para voltar para casa.

Já estava a uma boa distância do homem, quando ele chamou por seu nome, a fazendo parar seus passos e se virar para ele. O viu se aproximar um pouco e analisá-la dos pés à cabeça.

- Sabe, você me lembra muito a minha neta, acho que por conta da doçura e o olhar terno que sempre teve com as pessoas. Te agradeço por trazer lembranças dela a mim.

- Uh, se não faz mal, o que aconteceu com ela? Mas se o senhor não quiser me dizer, eu vou entender.

- Oh, ela faleceu ainda bem menina, sofreu um acidente de carro com a minha esposa e nenhuma delas resistiu.

- Eu sinto muito... - Tocou o ombro do idoso, tentando de alguma forma lhe passar conforto.

- Acho que se ela tivesse sobrevivido, seria tão bonita como você, com todo o respeito, senhorita. - Emma sabia que o homem nunca lhe trataria com falta de respeito, até porque um homem de setenta e quatro anos tinha mais do que a obrigação de ser respeitoso com as mulheres.

- Muito obrigada, tenho certeza que onde ela estiver, está muito orgulhosa do senhor neste momento, assim como sua esposa também. - Sorriu e viu os olhos dele brilharem em emoção. O viu acenar e finalmente voltou para casa.

- Como foi? Precisamos tirar nossas coisas até que dia?

- Foi bem, não vamos ser despejadas, ele nos deu mais tempo para pagar o aluguel e ainda por cima fiquei sabendo que lembro a neta dele. - Riu e se jogou no sofá. - Ele não é um pé no saco como achei que iria ser.

- Seu Antônio é gente boa, só é muito rígido em algumas questões. - Se sentou ao lado da loira. - Mas me diz, o que você fez para que ele nos dar mais tempo?

- Fiz uma proposta, pagarei um pouco mais e assim, ele nos deu quanto tempo precisarmos, só pediu que não seja muito, o superior dele pode descobrir e aí lascou para todos nós.

- Nossa, você é boa nisso. Dona Ingrid mandou mais algumas peças de roupas para você, tem o suficiente para que você possa comprar novas quando receber.

- Ela é um doce, tenho que achar uma maneira de retribuir toda a ajuda que ela nos dá e sempre deu. Acha que posso fazer um bolo para ela em forma de agradecimento?

- Acho que sim, mas não agora, não temos os ingredientes para isso ou para qualquer outra coisa. - Emma viu a expressão da amiga murchar um pouco mais.

- Mas isso vai mudar logo, Meri. Vamos sair para comer um lanche? Ainda tenho umas economias e podemos usá-las.

- Mas, Emma... Você está juntando isso à anos para encontrar seus pais, eu não vou deixar que mexa nas suas economias de anos, não mesmo. - Negou, tanto com as palavras, como com a cabeça.

- Já não quero mais encontrá-los, se me deixaram em um orfanato é porque não me queriam, não faz sentido procurar por quem não me quer. - Pegou o potinho onde guardava todo o dinheiro que tinha, tirou de lá R$500,00 e pegou na mão de Merida. - Vem, vamos logo!

[...]

Depois de comerem, tomaram um sorvete e por fim foram ao mercado. Não deu para comprarem muita coisa, mas lá descobriram que estavam precisando de caixas.

Merida não pensou duas vezes em se candidatar a vaga, pelo menos eles pagariam bem melhor do que seu antigo emprego.

Voltaram para casa já anoitecendo, Merida fez o jantar com a ajuda da loira e depois de se alimentarem, foram para a cama jogar dama.

Outra coisa que foi doada pela senhora que mais parecia o anjo da guarda das duas. Jogaram até se cansarem, depois foram tomar banho para dormir.

- Emma, ainda está acordada? - A voz sussurrada de Merida foi ouvida por Emma.

- Sim, porque?

- Nada, eu só queria te dizer que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida e eu amo você, minha pequena. - Merida sentiu Emma se virar e logo um dos braços da loira passou por sua cintura.

- Você foi a melhor pessoa que apareceu na minha vida desde que eu me entendo por gente. Obrigada por tudo, eu amo você também.

A amizade das duas era a coisa mais importante para as duas, não saberiam o que fazer uma sem a outra. Merida se virou, ficando de frente para a menor, a abraçou, beijou sua testa e logo as duas caíram no sono.

This Or That? | SwanQueen VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora